Volume de 171 milímetros em 24 horas provocou estragos, atingiu cerca de 1,5 mil famílias e 13 destas precisaram sair de casa com ajuda da Defesa Civil entre sexta (26) e sábado (27)
As fortes chuvas que atingiram Rio Branco entre a última quinta-feira (25) e sexta-feira (26) provocaram estragos em diferentes regiões da capital e atingiram cerca de 1,5 mil famílias. De acordo com a Defesa Civil municipal, 15 bairros foram afetados e cerca de 300 residências ficaram alagadas.
Segundo o coordenador do órgão, tenente-coronel Cláudio Falcão, 13 famílias precisaram ser retiradas de suas casas com a ajuda da Defesa Civil e outras 20 famílias saíram por conta própria, sem auxílio do órgão.
Das 13 que o órgão auxiliou, 10 ficaram desabrigadas e foram encaminhadas para a Escola Álvaro Vieira Rocha, que funciona como abrigo, entre a noite de sexta-feira (26) e a madrugada de sábado (27). As outras três ficaram desalojadas e foram levadas para casas de parentes.
Ainda segundo o órgão, o prejuízo para essas pessoas foi em decorrência da enxurrada, uma vez que o manancial que corta a cidade transbordou no início deste sábado (27).
“O que nós contabilizamos, primeiramente, é a quantidade de bairros afetados, que foram 15. Precisamos remover algumas pessoas ainda na noite anterior. Além disso, já estamos montando um abrigo no Parque de Exposições para atender novas ocorrências”, explicou Falcão.
As chuvas, que somaram 171 milímetros em 24 horas, provocaram o transbordamento de igarapés, alagamentos em bairros da parte alta e baixa da cidade e outros danos à infraestrutura urbana. Os danos também incluem rompimento de vias públicas, isolamento de ruas e deslizamentos de terra
Do dia 1º a 26 de dezembro, choveu 586,3 milímetros, número 118,4% superior ao esperado para todo o mês, que era de 268,4 mm.
Entre as famílias acolhidas na Escola Álvaro Vieira Rocha está Sebastiana Grangeira dos Santos, que precisou deixar a casa durante a noite da última sexta (26) após a água invadir o seu imóvel.
A moradora conseguiu levar apenas o essencial. Ela deixou a residência com a roupa do corpo e alguns poucos pertences, como a cama, a cadeira de rodas, o bujão de gás e a centrífuga.
“Foi um desespero só, porque eu estava sozinha em casa. Liguei para a Defesa Civil e foram me buscar 11h30 da noite”, contou.
Mesmo já tendo enfrentado outras cheias, ela afirma que a cada ano a situação se torna mais difícil e angustiante. ‘’Cada ano vem mais forte um pouco. Enquanto não secar, eu vou ficar por aqui. Não adianta voltar agora, tem que deixar a água baixar’’, lamentou.
Consequências
Os estragos das chuvas foram registrados em diferentes regiões de Rio Branco. No Portal da Amazônia, na Rua Rio Negro, um buraco se abriu no asfalto após um bueiro não suportar o grande volume de água, o que provocou a interdição do trecho. O local fica sobre um córrego, extensão do Igarapé Batista, e moradores improvisaram a sinalização para evitar acidentes.
No Bairro Conquista, as chuvas causaram um desbarrancamento que resultou na queda de um poste, agravada pela cheia do Igarapé São Francisco. Já nos bairros da Paz, Parque das Palmeiras e Belo Jardim II, o transbordamento do Igarapé Batista provocou alagamentos em quintais de moradores.
Também houve registros de alagamento na entrada do Bairro Ouricuri, pela Estrada Jarbas Passarinho, com forte correnteza e presença de balseiros, além de danos no Bairro Aeroporto Velho, onde o muro de uma residência caiu.
No Bairro Preventório, o Corpo de Bombeiros constatou uma movimentação de massa após acionamento para um possível desabamento.

Rio Acre
Além disso, o Rio Acre subiu 3,84 metros em menos de 24 horas em Rio Branco e ultrapassou a cota de transbordo na manhã deste sábado (27). De acordo com a plataforma De Olho no Rio, da prefeitura da capital, o manancial está em 14,40 metros na medição das 12h. Às 10h do dia anterior, o nível marcou 10,19 metros.
🚨 A cota alerta máximo é fixada em 14 metros. Isto significa que a partir desta marca, o manancial pode começar a inundar os bairros próximos às margens. Este é o segundo registro de transbordo em menos de um ano, uma vez que o rio também ultrapassou a marca em março.
De acordo com o Instituto de Meteorologia (Inmet), a previsão é de pancadas de chuva à tarde e temporal à noite.
Segundo a Defesa Civil estadual, a elevação do nível do rio está relacionada ao volume de chuva registrado na capital entre quinta (25) e sexta (26), bem como à situação do Riozinho do Rola, afluente do manancial, que está com nível elevado.
