..::data e hora::.. 00:00:00

Política

‘Quem não deve, não teme’, diz governador do AC após ser alvo de operação da Polícia Federal

Gladson Cameli não cancelou a agenda e segue com os compromissos institucionais nesta quinta-feira (16)

O governador do Acre, Gladson Cameli, segue agenda normal nesta quinta-feira (16) mesmo em meio a Operação Ptolomeu, que investiga supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Em Tarauacá, durante evento, ele falou sobre as investigações e diz que tem contribuído para que tudo seja apurado.

“Não vou arredar um milímetro das minhas obrigações institucionais e muito menos impedir que os órgãos não executem o que tem que ser executado que é fiscalizar e deixar as coisas às claras”, diz.

Cameli falou que não sabe, até agora, qual o motivo do cumprimento dos mandados nesta manhã. Porém, alegou estar com a consciência tranquila e destacou ainda que é trabalho da polícia apurar qualquer denúncia.

“Quem não deve, não teme. Não devo, não temo e quero que fique até o final, se tiver coisa errada vai para a rua [o servidor] e tem que prestar contas à sociedade, porque é dinheiro público. Eu não preciso fazer coisa errada porque Deus já me deu tudo nessa vida e a maior vitória minha não é cutucar aquilo que é dos outros, mas é enfrentar olho no olho os problemas que precisam ser enfrentados e não me curvar.”

O governador disse que esse tipo de situação dá ainda mais força para ele e lembrou que está em véspera de eleição, dando a entender que as denúncias podem estar ligadas a conflitos políticos. Em tom de brincadeira, Cameli falou que podem continuar batendo nele.

“Disse pra minha mulher: ‘não abaixe sua cabeça, você casou com um homem que não precisa baixar a cabeça porque meu pai me ensinou que um mais um é dois’. Na casa dos meus pais tem contrato porque o bicho tem dinheiro mesmo, mas foi à custa do suor derramado. Meu tio passou 20 anos para mostrar história. Tenho uma agenda intensa hoje e vou até o final”, confirmou.

Para o governador, as denúncias estão ligadas a inimigos políticos, já que sua aceitação para as próximas eleições está alta.

“Qual é o erro? Não quero ser governador, por ser governador e não ter Deus no meu coração. Não quero poder pelo poder, quero poder estar aqui olhando frente a frente. E aí vou cancelar minha agenda? Vou nada. Eu vou enfrentar”, disse.

Operação Ptolomeu

Segundo a investigação da PF do Acre, o grupo, formado por empresários e por agentes públicos ligados à gestão estadual, aparelhou a estrutura do governo para cometer crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, desviando recursos públicos e ocultando a destinação dos valores.

A PF não especificou quais são as suspeitas que recaem sobre o governador, nem especificou quais são os crimes imputados a cada um dos investigados.

A CGU apurou que as empresas envolvidas têm diversos contratos com o governo acreano. Parte deles envolve convênios federais e repasses relacionados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Não foram especificados quais contratos são considerados suspeitos.

Durante a investigação, foram identificadas diversas transações financeiras suspeitas em contas correntes, pagamentos de boletos de cartão de crédito, transações de imóveis de alto valor e aquisições de veículos de luxo por valores mais baixos do que os de mercado. Também foi verificado que o grupo frequentemente movimentava grande quantidade de dinheiro em espécie, inclusive com uso do aparato de segurança pública do estado.

Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o bloqueio de cerca de R$ 7 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de carros de luxo comprados com os recursos desviados do governo. Também foi determinado pelo STJ que os investigados sejam proibidos de acessar órgãos públicos e de fazer contato entre si.

banner mk xl