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Política

Na COP 26, governador do AC participa de reuniões e busca investimentos para venda de créditos de carbono

Acre participou de painéis onde foram apresentadas as ações do estado, entre elas, as integradas de combate ao desmatamento e queimadas, como o cadastro ambiental rural e o programa de regularização ambiental

Presente na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), o governador do Acre, Gladson Cameli, participou, nessa sexta-feira (5), das primeiras reuniões na Conferência do Clima, realizada na Escócia, e afirma estar otimista com a possibilidade de investimentos na venda de créditos de carbono.

No painel que o Acre participou foram apresentadas as ações do estado, entre elas, as integradas de combate ao desmatamento e queimadas, como o cadastro ambiental rural e o programa de regularização ambiental.

O governo pretende despertar o interesse internacional para que o estado receba recursos por proteger a floresta pelos chamados créditos de carbono.

“Nossa avaliação é a mais positiva e otimista porque vamos discutir definitivamente como serão usados os recursos do crédito de carbono que será a venda dos estados que se prepararam”, disse o governador.

O estado tem a oportunidade de mostrar durante a COP26 os bons exemplos que já desenvolve, segundo avaliação de especialistas.

“Nós estamos mantendo toda aquela política que vinha sendo adotada pelas gestões passadas, reafirmando o nosso compromisso em proteger o meio ambiente. A prova é tanta que nos próximos dias, que já foi criada, mas colocando na prática, a delegacia para combater o desmatamento e as queimadas ilegais para que a gente possa, com a COP 26, levantar o maior número de recursos com a venda de crédito de carbono e outros incentivos que o mundo quer oferecer para os estados que protegem o meio ambiente”, acrescentou.

As regras para esse mercado é o que justamente está em debate na conferência. Cameli afirma que ao avançar nesse setor também é possível desenvolver outros no estado.

“Para que a gente possa cada vez mais avançar na infraestrutura, no saneamento e também na geração de emprego. Então, estou muito otimista e creio que o momento é esse. Creio que não podemos é misturar saúde e meio ambiente com política. Tudo na sua hora, na sua época, temos que ter muita responsabilidade com esse tema. Como já falei, preservar o meio ambiente é cuidar da vida das pessoas”, concluiu.

Potencial em terra indígena

Com o trabalho voltado para redução do desmatamento, reaproveitando áreas já alteradas, a terra indígena Puyanawa, na cidade de Mâncio Lima, no interior do Acre, apresenta potencial para gerar créditos de carbono. Com uma área de mais de 24 mil hectares, apenas 5,8% desse território foi alterado.

O mercado de carbono funciona da seguinte forma: uma organização que emite os gases paga outra que gera créditos para neutralizá-los. Assim, o carbono emitido é compensado. A cada uma tonelada métrica de CO2 não emitida é gerado um crédito. As regras desse mercado, entretanto, dependem da gestão de cada país.

“Os indígenas protegem a floresta, evitam desmatar e fazer a emissão de gases que contribuem com o aquecimento global, a gente mede quanto que eles deixaram de emitir e essa quantidade que deixaram de emitir a gente transforma em créditos de carbono para empresas e governos que têm passivos, ou seja, emitem muito. Então, hoje é um mercado em franca ascensão e que pode ajudar principalmente comunidades vulneráveis como os indígenas”, explicou o pesquisador da Embrapa, Eufran Ferreira do Amaral.

O comércio de carbono deve movimentar 167 bilhões de dólares por ano em 2030. E o Brasil poderia tirar proveito das florestas e da agricultura para receber uma boa parte desses investimentos.

Estima-se que o Brasil tenha, pelo menos, 30 a 40% desse mercado. Então, o país poderia, em 2030, já negociar de 30 a 70 bilhões de dólares. Na COP26, a expectativa é que seja criada uma regulamentação internacional para o crédito de carbono.

“O estado do Acre, por não ter essa regulamentação internacional, há dez anos criou o seu próprio sistema e hoje ainda é inovador e tem um potencial tamanho para pequenos, médios e grandes produtores captarem recursos para produzirem ainda melhor e continuar conservando as florestas e garantir que o Acre contribua efetivamente para amenizar essa questão das mudanças climáticas”, informou Amaral.

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