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Política

Exoneração de vice-prefeita de secretaria confirma racha político na prefeitura de Rio Branco: ‘A gente não conversou mais’

Marfisa acumulava vice-prefeitura e secretaria municipal de assistência social e direitos humanos desde o início do mandato. Vice-prefeita afirma que Bocalom pediu que ela deixasse secretaria por discordar de posicionamentos do partido dela, o PSD, e agora ela estuda se afastar do cargo de vice

A vice-prefeita de Rio Branco, Marfisa Galvão (PSD), afirmou ao g1 que não conversou com o prefeito Tião Bocalom (Progressistas) desde sua exoneração da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH) de Rio Branco. Segundo Marfisa, Bocalom havia pedido que ela comunicasse sua saída da secretaria, ao que ela recusou. O prefeito, então, decidiu exonerá-la.

Marfisa é filiada ao PSD, assim como o marido, o senador Sérgio Petecão. De acordo com ela, o pedido teria sido feito pelo prefeito por ele discordar de posicionamentos do partido, que tem parlamentares na base do presidente Lula no Congresso Nacional e ministros no governo.

Além de Marfisa, Bocalom também exonerou o diretor de assistência social, Jefferson Barroso de Araújo e o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil (FGB) Pedro Aragão.

“Quatro pessoas saíram do PSD a pedido dele [Bocalom] e permanecem no cargo e vão auxiliar no partido que o prefeito for. Só quem não aceitou foi o Jefferson [Barroso], diretor de assistência, e foi demitido. Para mim, ele não pediu, eu só tinha a opção de sair [da secretaria]. Ele queria que eu pedisse as contas por escrito. Mesmo assim, eu não pedi, e fui levando do jeito que estava. Até chegar ao ponto dele falar que o PSD agora é de esquerda, e que não vai caminhar com ele na campanha, e usou esse argumento para me tirar”, avalia.

O g1 entrou em contato com a assessoria do prefeito Tião Bocalom para saber o posicionamento sobre a relação com a vice e as afirmações feitas por Marfisa, mas não obteve retorno até esta publicação.

marfisa 002Desde o início do mandato de Bocalom, Marfisa acumulou os cargos de vice-prefeita e secretária de assistência social — Foto: Arquivo pessoal

Racha político

A exoneração da secretaria foi o ápice do racha entre o prefeito e a vice. Marfisa diz que, quando soube da exoneração, explicou a Bocalom que entendia a razão, que seria um motivo partidário. Porém, ela queria garantias de que os integrantes de sua equipe não ficassem desamparados e permanecessem na pasta, o que não aconteceu, já que ela se recusou a pedir para deixar o cargo. A partir daí, prefeito e vice não conversaram mais.

“A gente não conversou mais. Nosso último contato foi no dia que ele me desligou da assistência social. Eu acredito que quem foi prejudicado, na verdade, com a situação política, foi quem depende daquele serviço da assistência social”, ressalta.

Marfisa diz ainda que, ao saber de sua exoneração, chegou a considerar a renúncia do cargo de vice-prefeita. Segundo ela, uma única equipe atuava na secretaria e no gabinete da vice-prefeitura. Com o início das exonerações, ela diz ter ficado com uma equipe reduzida, e que essas dificuldades a fizeram ter dúvida se conseguiria manter a atuação na administração do município.

“Eu tirei um atestado de dez dias para fazer um tratamento de saúde e refleti muito. E penso até hoje: se eu tive dificuldade de tocar um trabalho numa secretaria, eu fiquei imaginando como vice-prefeita. Como é que eu conseguiria tocar os anseios da população, que precisa de atenção? Se eu não tivesse uma equipe de secretários que acompanhasse o meu raciocínio e uma porta aberta na prefeitura pra gente resolver os anseios da população, eu não iria conseguir exercer a função. Então, nesse sentido, eu pensei em pedir uma licença, mas não fiz nada ainda oficialmente”, conta.

Exoneração

Bocalom publicou no dia 24 de abril, no Diário Oficial do Estado (DOE), a exoneração da secretária de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), Marfisa Galvão, que também é vice-prefeita da capital.

A exoneração aconteceu após dois anos e quatro meses da nomeação de Galvão, sancionada por meio do Decreto nº 003, de 1º de janeiro de 2021, publicado na edição de nº 12.953, de 06 de janeiro do mesmo ano.

Para seu lugar, Bocalom designou Suellen Araújo da Silva, que dentre as competências, ficará responsável por “ordenar despesas, autorizar empenhos, efetuar pagamentos relativos aos programas, subprogramas, projetos e atividades da SASDH, bem como firmar e executar contratos, convênios e termos de cooperação no âmbito das ações inerentes a essa Secretaria, sem prejuízo de suas funções e responsabilidades legais”.

Um dia depois, o prefeito também demitiu o diretor de assistência social, Jefferson Barroso de Araújo e o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil (FGB) Pedro Aragão.

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