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Política

Artigo: Cruz de alho na cara do vampiro

Mas até quando vocês vão ficar aí com esse espanto de donzelas afrontadas, essas exclamações diárias de que isso é um absurdo!, onde já se viu!, não pode estar acontecendo!, e ó meu Deus!?

Parem com esse mimimi de frouxos, um bando de acovardados que ouviu a besta fera se anunciar como tal e preferiu acreditar, apesar dos grunhidos, que ela se civilizaria. Acharam que com a passagem dos meses ela usaria corretamente a lavanda à mesa. Que ao andar pelo palácio o tosco seria transformado em príncipe pelo simples contato dos pés com o mármore do Niemeyer. Perderam todos, playboys otários.

Mexam, urgente, os seus preguiçosos bundões cívicos e, por mais tarde que já se faça, esfreguem a cruz de alho na cara do vampiro. Partam para cima. Há um morcego na porta principal e, enquanto o Doutor Eiras não manda a camisa de força, ele chupa o sangue geral. Chamem o insetisan mais próximo, ponham a máscara contra gases. A piscina cheia de ratos transbordou e o fedor nauseabundo toma conta de tudo.

Sintam o bafo pútrido no cangote da civilização, as universidades sem rumo, a ciência em pânico e, pelo menos uma vez machos, pelo menos uma última vez heroicos, ajam com objetividade. Botem para fora a lei, o parágrafo único que em seu inciso fundamental decreta a urgência republicana do "alto lá com essa baixaria".

Façam alguma coisa que vingue efetiva, não mais essas cartinhas do tipo "bão balalão senhor capitão, tirai esse peso do meu coração". Cadê o "paraíba" mexido nos brios que atualizará Corisco no grito de "Mais forte são os poderes do povo" - ou vai todo mundo ficar, tipo assim, em choque no Facebook, em muxoxos de horror no Twitter, todos esperando pelas urnas de 2022 e um Dom Sebastião com um corte de cabelo mais razoável?

Acordem, Marias Bonitas, e poupem a todos de mais um blablablá de denúncias óbvias sobre o que grassa de estupidez, ignomínia e ultraje ao pudor. Conjuguem na forma imperativa os bons verbos das ações práticas e deixem de lado essa onda vintage da exclamação. Depois de décadas fora de uso, expurgada em nome do bom gosto gramatical, ela voltou a ser usada como ponto de espanto e engajamento político. Ajudou a ressuscitar o "descalabro!", a tirar da cova dos dicionários o outrora popular "abjeto!". Pode soar veemência. Infelizmente, zero de eficiência.

Saiam de suas tocas, seus intelectuais détraqués, e sem mais nhenhenhen de declarações de repúdio e doutas delicadezas da ordem protestativa. O bicho é doido, esse veneno, fraco. Todas as infâmias, todas as pedras vernaculares que os homens cultos usam para declarar sua repulsa já foram jogadas na cara da besta fera - tudo, no entanto, lhe serve de adubo e viagra político.

Chamem o VAR, lânguidos senhores desta terra em transe, e internem no nosocômio psiquiátrico mais próximo aquele de quem aqui não se pronuncia o nome. As patas do ressentimento já quebraram os vidros dos laboratórios, destruíram as estantes e prometem pisotear as árvores dos veganos. É a nova mistura da pessoa horrível com o atraso e as pitadas de psicopatia. Depois dele até as borboletas amarelas saíram da pauta dos cronistas. Promete piorar. Mexam-se, molengas iluministas.

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