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Saúde

SP pode ter surto caso não atinja índices de vacinação, alerta SMS

SP pode ter surto caso não atinja índices de vacinação, alerta SMS

Dos 25 casos investigados no estado, 22 estão na capital; bebê confirmado teve transmissão local

Na última semana, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SES) confirmou um caso e informou que investigava outros 25 possíveis diagnósticos de sarampo. Em todo o estado, apenas 75% das crianças, público-alvo das campanhas, haviam sido imunizadas em 2021 para a doença - a meta era 95%.

O caso do bebê ainda não vacinado e chamado autóctone, quando a contaminação é local, está localizado no litoral. Dos suspeitos, no entanto, 22 estão na capital. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 83% das crianças receberam a primeira dose da vacina, o que abre brecha para vírus circular.

“Temos pessoas suscetíveis na cidade. E se, por ventura, o vírus encontrar essa brecha, há um risco de surto. Por isso a importância da vacinação”, explica Melissa Palmieri, médica da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE), da SMS.

Para diminuir essas brechas, a cidade concentra seus esforços desde o último dia 4 de abril em uma campanha que vai buscar crianças de seis meses a cinco anos; profissionais da saúde ou adultos que nasceram a partir de 1960 e não receberam a dose do imunizante.

Melissa alerta que no Brasil, as pessoas tendem a procurar mais pela vacinação quando um surto se aproxima. A cidade bateu a meta de cobertura em crianças apenas em 2014, 2015 e 2019, quando houve uma explosão de casos.

“É o que eu chamo de ‘bombeiro’. As pessoas correm para os postos quando está ‘pegando fogo’. Com as vacinas, no entanto, é preciso ter um comportamento preventivo. Ela é o seguro que a gente faz para evitar hospitalizações, mas as pessoas acabam se deixando mover apenas pela percepção de risco e medo. Podemos ver isso com a vacina para covid-19, muitos não tomam a dose de reforço porque já tomaram as duas primeiras ou tiveram a doença. É um conceito equivocado”, afirma ela, citando também a onda de desinformação sobre vacinas que tomou conta das redes sociais durante a pandemia.

“Infelizmente vimos pessoas que não são da área falando inverdades, fake news, sobre as vacinas, o que pode impactar no comportamento das pessoas. Elas disseminam medo por interesses políticos, religiosos, financeiros ou outros, e a população passa a questionar o que nem deveria ser mais questionado, como a segurança e a efetividade das vacinas”, pontua.

A infectologista Cristiana Meireles, pediatra e coordenadora médica na Beep Saúde, também responsabiliza a desinformação e a falsa sensação de segurança como responsáveis pela baixa procura.

“Os motivos que levam à baixa cobertura vacinal são vários, incluindo fake news, falsa sensação de que a doença não existe mais, dificuldade de acesso às salas de vacinação (horário comercial, distância), falta de informação sobre o calendário vacinal, etc”, diz.

“O sarampo é uma doença infecciosa altamente contagiosa, havendo o risco de o vírus atingir uma grande parcela da população suscetível (não vacinada) caso as taxas de cobertura vacinal se mantenham em níveis tão baixos. Em crianças pequenas e adultos imunossuprimidos, principalmente, é possível uma evolução desfavorável com risco de sequelas graves e morte”, afirma.

Segundo Melissa, o município está fazendo busca ativa das crianças não vacinadas assim como fez na vacinação contra covid-19, e espera bater a meta de cobertura da imunização. Familiares e pessoas que tiveram contato com o caso confirmado estão passando por um procedimento de acompanhamento e rastreio, para detecção de eventuais novos casos.

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