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Saúde

Demora na liberação de exames gera número irreal de mortes por Covid-19 no Acre

Burocracia faz com que número de mortes por Covid-19 não seja real. Secretário de saúde, Alysson Bestene diz que espera por divulgação dos exames é um dos fatores que contribui para demora na divulgação

O aumento de casos de Covid-19 no Acre, consequentemente resulta em uma alta expressiva dos números de mortes em decorrência de complicações da doença. Entretanto, a demora na liberação de exames ou até mesmo a morte por outras comoborbidades geram dados que não correspondem com o número real de pessoas que perderam a vida para a doença.

Comparando os dois últimos boletins desta semana, de terça (26) e quarta-feira (27), por exemplo, é possível notar que das mortes divulgadas por familiares e as divulgados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) não batem. De cinco mortes nestes dois dias, apenas uma estava no boletim.

No boletim diário da Sesacre do dia 26, foram registradas duas mortes, uma delas de um morador de Epitaciolândia, no interior do Acre, e outra de uma mulher de Rio Branco, de 44 anos. No Dia 27, de um morador de Epitaciolândia, de 47 anos, e uma moradora da capital acreana, de 68 anos.

Das quatro mortes registradas nestes dois dias, apenas Antônio Pereira de Aquino, de 46 anos, que morreu vítima da doença na noite de terça no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into), apareceu no boletim de quarta. Ele era de Epitaciolândia.

Burocracia

O secretário de Saúde, Alysson Bestene, explica o porquê da demora e afirma que pelo menos três fatores podem influenciar na espera para que o boletim apresente os óbitos, que geralmente não correspondem as mortes do dia por causa da burocracia.

“Os óbitos vão variar porque são ações, como por exemplo, os óbitos acontecem no dia, logo após o boletim ser atualizado, então acaba tendo óbito que não entra”, explica sobre primeiro fator.

Além disso, o secretário pontua que outras duas situações podem implicar nos dados diferentes da realidade.

“Tem a análise de confirmação pelo exame. Ou o paciente, por exemplo, fica mais tempo na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e já negativou e não foi um óbito por Covid [apenas por complicação da doença], então tudo isso tem que fazer avaliação, fazer teste para poder contabilizar ou não”, acrescenta.

O exame para Covid-19, segundo o secretário, leva entre 5 a 7 dias para ter o resultado, e caso um paciente morra neste período, ele só entra no boletim após sair o resultado.

Nos casos de pessoas que tiveram a doença e já estão curadas, o secretário afirma que é necessário ter o teste para apontar a causa da morte. Nesse caso, Bestene diz que leva também de um a dois dias.

“Se ele já negativou, dependendo de como foi avaliado e do tempo, ele entra no boletim, mas, quando ele é agravado por outra comorbidade, já liberou da Covid, esse paciente vai ser avaliado para ver se o que levou ao óbito foi a outra comorbidade. Aí, por exemplo, geralmente tem 24 horas, 48 horas para entrar no boletim”, pontua.

Geralmente varia entre uma semana e até duas para que um óbito saia no boletim, acrescenta o secretário.

Mortes que ainda não saíram no boletim

Entre alguns óbitos registrados nesta semana, e acompanhados pelo G1 e que ainda não saíram no boletim está a do casal de aposentados Morcina Maria Barroso da Costa, de 68 anos, e José Barbosa da Costa, de 71.

No início da tarde de segunda-feira (25), Morcina não resistiu e morreu vítima da doença. Mais de 24 horas depois, na noite de terça (26), José Barbosa também faleceu em decorrência da Covid-19. Eles foram diagnosticados com Covid-19 no dia 15 e internados dias depois no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre.

Além do casal, também na cidade de Cruzeiro do Sul, morreu o médico oftalmologista Laurence Huamani Alvarez, de 51 anos, na terça. Ele teve Covid e morreu por complicações da doença. Por causa de uma trombose ele chegou a ter uma perna amputada.

O desportista acreano João Alberto, 57 anos, morreu na noite dessa terça vítima de complicações causadas pelo novo coronavírus. O preparador físico, que era hipertenso, havia recebido o diagnóstico para doença no início do mês e estava entubado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), desde o dia 13 deste mês.

Até a quarta-feira (27), 856 pessoas morreram em consequência da Covid-19. Mais de 46,7 mil casos da doença foram registrados no estado, de acordo com o boletim diário da Sesacre.

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