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Saúde

Conheça o protocolo que previne a infecção pelo vírus HIV, disponível gratuitamente na rede pública do Estado

Conheça o protocolo que previne a infecção pelo vírus HIV, disponível gratuitamente na rede pública do Estado

“As IST não estão escritas no rosto de ninguém”. O alerta é do advogado Geovanni Cavalcante, de 34 anos, uma entre as 315 pessoas que utilizam a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) no Serviço de Assistência Especializada (SAE/Acre). Apesar do nome complicado, o protocolo é muito simples e tem como objetivo prevenir a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), algo que o advogado leva muito a sério, um ato de amor próprio, como ele mesmo diz.

Sem muitas informações a respeito no passado, ele soube da possibilidade do acompanhamento preventivo em 2021. Desde então, faz o acompanhamento disponibilizado pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), por meio do SAE/Acre, e utiliza sua voz para ampliar o acesso à informação acerca do assunto.

“A PrEP é para todos. Para quem se ama, quem se cuida… é uma forma de prevenção a mais que deve ser usada também com a camisinha, então eu faço esse acompanhamento a cada três meses como prevê o programa, onde a gente faz os testes rápidos e tem todo esse cuidado com exames, para que a gente possa ver como está a saúde, enfim aqui há todo o cuidado com os pacientes”, explica Geovanni.

Uma das muitas formas de se prevenir o HIV, a PrEP consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

A enfermeira do SAE, Gorete Soares, é uma das profissionais que atende os pacientes que buscam a PrEP. Ela reforça que a profilaxia é indicada para todas as pessoas que querem prevenir o HIV, o que se torna ainda mais importante no período que antecede o Carnaval, quando as pessoas estão mais abertas a experiências que podem expô-las a situações de risco.

“A gente atende todos os pacientes por livre demanda. Nós avaliamos os pacientes que buscam a PrEP, fazemos o teste rápido, que é essencial, porque é preciso primeiro descartar que a pessoa esteja contaminada. Se estiver tudo ok, dispensamos a medicação já na primeira consulta e damos continuidade com a equipe multiprofissional do SAE”, explica Gorete.

A enfermeira acrescenta: “Todas as pessoas que têm mais de dois companheiros sexuais que não usam preservativo, que desconhecem a sorologia dessas pessoas, podem tomar medicação, pois está disponível para qualquer pessoa. E hoje o HIV é um problema de saúde que está crescendo cada vez mais, e a PrEP é uma medicação que vem para ajudar a prevenir o HIV. É mais uma forma de prevenção. Não descarta o uso do preservativo, mas inclui teste rápido e a medicação. São formas de prevenção disponíveis no SUS e estão aí para qualquer pessoa usar de graça, e tem aqui no nosso serviço”, explica Gorete Soares.

A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) também disponibiliza o teste rápido de HIV nas unidades de saúde. No entanto, o SAE também está de portas abertas para receber quem precisa do serviço. A unidade fica localizada dentro da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) e atende de segunda à sexta, em horário comercial.

Como a PrEP funciona?

Conforme informações do Ministério da Saúde, a PrEP é a combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina) que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo. Existem duas modalidades de PrEP indicadas: a PrEP diária e a PrEP sob demanda.

PrEP diária: consiste na tomada diária dos comprimidos, de forma contínua, indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV.

PrEP sob demanda: consiste na tomada da PrEP somente quando a pessoa tiver uma possível exposição de risco ao HIV. Deve ser utilizada com a tomada de 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, + 1 comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose.

A PrEP sob demanda é indicada para pessoas que tenham habitualmente relação sexual com frequência menor do que duas vezes por semana e que consigam planejar quando a relação sexual irá ocorrer. Além disso, as evidências científicas garantem a segurança e eficácia da PrEP sob demanda somente para algumas populações.

São elas: homens cisgêneros heterossexuais, bissexuais, gays e outros homens cisgêneros que fazem sexo com homens (HSH), pessoas não binárias designadas como do sexo masculino ao nascer, e travestis e mulheres transexuais – que não estejam em uso de hormônios à base de estradiol.

Em quanto tempo a PrEP começa a fazer efeito?

A eficácia e a segurança da PrEP já foram demonstradas em diversos estudos clínicos e subpopulações, tendo sua efetividade evidenciada em estudos de demonstração.

Dados de estudos clínicos e de farmacocinética sugerem que altos níveis de concentração celular dos fármacos ocorrem na mucosa anal, a partir de sete dias de uso contínuo de um comprimido diário (com adesão mínima de quatro comprimidos por semana) e no tecido carvicovaginal, a partir de, aproximadamente, 20 dias de uso continuo de um comprimido diário, sem perda de doses.

Quem pode usar a PrEP?

– A PrEP é indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade para o HIV.

Algumas situações que podem indicar o uso da PrEP:

– Frequentemente deixa de usar camisinha em suas relações sexuais (anais ou vaginais);

– Faz uso repetido de PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV);

– Apresenta histórico de episódios de Infecções Sexualmente Transmissíveis;

– Contextos de relações sexuais em troca de dinheiro, objetos de valor, drogas, moradia, etc.

– Chemsex: prática sexual sob a influência de drogas psicoativas (metanfetaminas, Gama-hidroxibutirato (GHB), MDMA, cocaína, poppers) com a finalidade de melhorar e facilitar as experiências sexuais.

PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV)
Em caso de urgência, há também a PEP que, assim como a PrEP, é ofertada pelo SUS. Diferente da PrEP, a PEP é uma medida de prevenção para ser utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, existindo também profilaxia específica para o vírus da hepatite B e para outras ISTs.

“A PEP é usada até 72 horas após a exposição de risco, após relação sexual desprevenida. É uma urgência, você procura o serviço, ou o SAI, que funciona de segunda a sexta no horário de ambulatório; ou o Pronto-Socorro, que também disponibiliza essas medicações. Até 72 horas, de preferência nas primeiras 24 horas, é maior a eficácia dela. A pessoa procura, faz um teste rápido também para descartar que está contaminado e pode fazer a medicação durante 28 dias e depois acompanha com o teste rápido”, pondera a enfermeira Gorete Soares, do SAE/Acre.

A PEP consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, tais como:

– Violência sexual;

– Relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com seu rompimento);

– Acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).

A PEP é uma tecnologia inserida no conjunto de estratégias da Prevenção Combinada, cujo principal objetivo é ampliar as formas de intervenção para atender às necessidades de cada pessoa ou, ainda, as possibilidades de inserir o método preventivo na sua vida. Essas medidas visam evitar novas infecções, seja pelo HIV ou pela hepatite B e outras IST.

Como funciona a PEP para o HIV?

Como profilaxia para o risco de infecção pelo HIV, a PEP tem por base o uso de medicamentos antirretrovirais com o objetivo de reduzir o risco de infecção em situações de exposição ao vírus.

Trata-se de uma urgência médica e deve ser iniciada o mais rápido possível – preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo em até 72 horas. A profilaxia deve ser realizada por 28 dias e a pessoa tem que ser acompanhada pela equipe de saúde, inclusive após esse período, realizando os exames necessários.

Existe a recomendação de que toda pessoa com exposição sexual de risco ao HIV seja avaliada para um eventual episódio de infecção aguda pelos vírus das hepatites A, B e C.

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