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Saúde

Com 13 mil atendimentos em um mês, Acre declara situação de emergência por surto de síndrome gripal

Governo afirmou que houve aumento de 120% na taxa de internação por síndrome gripal nas unidades do interior e da capital. Decreto de validade de 90 dias

O governador do Acre, Gladson Cameli, declarou situação de emergência por conta da superlotação das unidades estaduais de saúde causada pelo surto de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) dessa segunda-feira (10).

Conforme o documento, dados das unidades estaduais de saúde apontam que cerca de 13 mil pessoas foram atendidas com suspeita de síndrome gripal, no período de 1º a 31 de dezembro de 2021.

Além disso, foi registrada superlotação por internações de casos de síndrome gripal nas unidades do interior e da capital, com aumento na taxa de internação de até 120%. O governo não informou quantas pessoas foram internadas com os sintomas fortes de gripe nas unidades.

Ainda de acordo com o decreto, o sistema SIVEP-GRIPE tem apresentado instabilidades desde os ataques cibernéticos praticados contra o Ministério da Saúde, o que tem impossibilitado a obtenção de dados atualizados de síndromes gripais e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A situação, segundo o governo, tem ocasionado possível subnotificação.

O decreto de emergência tem validade de 90 dias e pode ser prorrogado. Durante o período, fica autorizada a adoção de medidas administrativas urgentes necessárias para ampliação da cobertura assistencial na saúde pública do estado.

Emergência na capital

Nessa segunda (10), o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, também assinou o decreto de situação de emergência por conta do aumento dos casos síndrome gripal e Covid-19 na capital pelo período de 90 dias. O decreto foi publicado na edição desta terça-feira (11) do Diário Oficial do Estado.

No final do ano passado, a prefeitura confirmou que Rio Branco já enfrenta situação de epidemia do vírus Influenza A. Na época, foi informado que 72 amostras de casos positivos de Influenza A foram encaminhadas para o Instituto Evandro Chagas, em Belém, para identificar qual tipagem do vírus.

Apesar de informar que houve um aumento nos casos de Influenza e de Covid de 25% nas últimas semanas, a secretária de Saúde, Sheila Andrade, não divulgou números atualizados das notificações das doenças. O departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental do município afirmou ao g1 que está levantando os dados.

O surto de gripe fez a Saúde de Rio Branco abrir a Unidade de Referência de Atenção Primária (Urap) Maria Barroso, na Baixada da Sobral, das 7h às 22h, com atendimento para pessoas com síndrome gripal. As equipes estão entregando medicamentos para os pacientes e fazendo teste rápido para Covid-19.

Sem estoque de vacina

Em meio a um surto de síndrome gripal e consequente aumento nos atendimentos em unidades hospitalares, o Programa Nacional de Imunização (PNI) no Acre informou que o estoque de vacina contra a Influenza acabou no estado. A informação foi confirmada ao g1 no dia 30 de dezembro pela coordenadora Renata Quiles.

Sem estoque de vacina, o PNI estadual e a Secretaria Municipal de Rio Branco informaram que fizeram o pedido ao Ministério da Saúde para a antecipação da Campanha contra a Influenza de 2022.

Normalmente, a campanha é realizada a partir do mês de abril, como foi no ano passado, mas o pedido do estado acreano é que inicie, ao menos, em março.

Além disso, o estado solicitou o envio de mais 50 mil doses da vacina contra a gripe para garantir imunização da população. No entanto, segundo a gerente do núcleo do PNI no estado, Renata Quiles, foi informado que o estoque nacional também está esgotado.

Ainda segundo a gerente, o Ministério informou que estuda a possibilidade de antecipar a campanha para o mês de março, mas que ela seria para grupos prioritários e não aberta ao público geral. A composição da vacina, conforme Renata, já é contra a nova variante de Influenza, a H3N2.

Mortes por gripe

Um levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) a pedido do g1 mostra que o estado registrou 18 mortes por influenza nos últimos três anos. Os dados apontam os números de 2019 a 2021, sendo que o primeiro foi que teve maior registro, com 12 óbitos ao todo, seguido de 2020 com quatro e 2021 teve apenas 2.

Na série histórica da Sesacre não é especificado qual tipo de influenza foi a causa das mortes. A cidade com maior registro foi Cruzeiro do Sul, com 12 óbitos nesse período. Os municípios de Feijó, Mâncio Lima, Tarauacá e Xapuri também tiveram registros de mortes.

Também foi em Cruzeiro do Sul o primeiro registro de morte confirmada neste ano. Uma mulher de 28 anos morreu no dia 28 de dezembro no Hospital do Juruá. A informação foi confirmada pela Sesacre e também pela Secretaria Municipal da cidade, no dia 4 de janeiro.

Consequências da falha em sistema de dados

A falha no ConectSUS que deixou os acreanos sem acesso ao cartão de vacinação e gerou a falta de atualização no painel de vacinação do Acre, também tem prejudicado a divulgação do boletim da Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre), que foi suspenso no último final de semana, e pode acabar influenciando no aumento de casos de Covid-19, alerta a infectologista Gabriela Cordeiro de Carvalho.

Após dois dias sem atualizar os dados de Covid-19 no estado, a Sesacre divulgou o boletim dessa segunda-feira (10) com 37 novos casos da doença. O número de infectados saiu de 88.403 para 88.440. Já o número de mortos não teve alteração, permanecendo em 1.852.

A Sesacre, por meio do Centro de Informações Estratégicas Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), informou que a suspensão do boletim no final de semana ocorreu por causa de instabilidade do sistema de notificação ESUS-VE e da dificuldade que a equipe técnica está tendo com a consolidação dos dados de Covid-19, referente aos testes de RT-PCR e Testes Rápidos de antígeno.

Ministério da Saúde rebate

O Ministério da Saúde informou que a integração entre os sistemas locais e a rede nacional de dados foi restabelecida na última sexta-feira (7). Destacou ainda que isso não deveria ter interferido nos dados da vigilância epidemiológica de síndromes agudas respiratórias, incluindo a Covid-19.

“Desde então, as informações inseridas pelos estados e municípios nos sistemas estão retornando gradualmente às plataformas nacionais, possibilitando que os dados de saúde possam ser acessados por todos os usuários. A pasta esclarece que a instabilidade nos sistemas não interferiu na vigilância epidemiológica de síndromes agudas respiratórias, incluindo a Covid-19. O Ministério da Saúde continua realizando o monitoramento no Brasil para tomada de decisões frente ao atual cenário”, destaca.

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