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Polícia

Policial militar que entrou na Justiça para conseguir remédio de R$ 32 mil morre vítima do câncer no Acre

Policial militar que entrou na Justiça para conseguir remédio de R$ 32 mil morre vítima do câncer no Acre

Kennedy Domingos tinha câncer na nasofaringe e morreu na Fundhacre na noite dessa sexta-feira (5)

Após quatro anos lutando contra um câncer na nasofaringe, o policial militar Kennedy Domingos, de 38 anos, morreu vítima da doença na noite dessa sexta-feira (5) na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), em Rio Branco. Em março, Kennedy entrou na Justiça para obrigar o Estado a fornecer uma medicação que custava quase R$ 32 mil para usar no tratamento.

Em maio, o PM conversou com a Rede Amazônica Acre e ainda aguardava o remédio. Ele falou, na época, que temia não estar vivo para receber a medicação. “A doença vem se agravando, não espera. Provavelmente, esteja crescendo muito rápido e eu não tenho tempo para esperar. Não tenho tempo, não sei quanto tempo vou conseguir aguentar, vivo para receber essa medicação”, disse.

Ainda em maio, uma decisão interlocutória da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Rio Branco determinou que o Acre fornecesse por três meses o remédio, no prazo de 15 dias, para o militar sob pena de multa de R$ 500 por dia.

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) aguardava ser notificada para tomar a medidas cabíveis.

Ao g1, neste sábado (6), a família confirmou que o PM chegou a tomar a medicação, mas com ajuda de uma vaquinha. O remédio foi comprado após amigos e conhecidos doarem recursos para a compra.

Segundo os familiares, a Saúde também chegou a fornecer R$ 45 mil para compra do remédio, contudo, o militar não chegou a usar o dinheiro. “Ele se internou muito mal, os médicos acharam melhor não usar essa medicação. Então, ela não foi pedida, tinha que fazer o pedido de São Paulo, de um laboratório e não deu certo. Foi um contratempo atrás do outro”, destacou uma das tias do militar, que pediu para não se identificar.

Kennedy Domingos estava internado na Fundhacre há cerca de uma semana e estava muito debilitado. O corpo é velado na Capela São Francisco. Ainda não há informações sobre o enterro.

policial 002 webKennedy Domingos passava o dia deitado por causa de um câncer na nasofaringe — Fotos: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Doença

O militar descobriu a doença em 2018, quando a mãe dele, Francilene Domingos, de 56 anos, iniciou o tratamento também contra um câncer de mama com metástase óssea no fígado e pulmão.

Domingos era acreano, mas atuou como policial militar durante 11 anos na polícia de Boca do Acre, no Amazonas. Pai do Arthur, de 4 anos, e marido da Kelly Almeida, o militar deixou o trabalho de lado para tentar vencer a doença, que iniciou com um caroço no pescoço.

Sem uma máquina de radioterapia disponível no estado acreano, o militar fez nove sessões de quimioterapia e 39 de radioterapia durante cinco meses em Porto Velho (RO).

O tratamento funcionou e houve uma regressão da doença na época. O militar retornou para o Acre e conseguiu ter uma vida um pouco mais normal. Em outubro de 2021, a doença apareceu novamente.

Na época, os médicos informaram que uma das chances de ele se recuperar era fazer um tratamento com uma medicação chamada nivolumabe a cada 14 dias. Contudo, o Serviço Único de Saúde (SUS) não disponibiliza o remédio e cada aplicação custa quase R$ 32 mil.

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