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Polícia

Policiais que atiraram e mataram enfermeira em surto seguem presos após audiência de custódia

Policiais que atiraram e mataram enfermeira em surto seguem presos após audiência de custódia

Ministério Público pediu prisão preventiva e Justiça aceitou pedido. Policiais seguem presos no Batalhão Ambiental

A Justiça decretou a prisão preventiva dos policiais militares que atiraram e mataram a enfermeira Géssica Melo de Oliveira, de 32 anos, no último sábado (2). A vítima morreu após ser baleada em Senador Guiomard, no interior do Acre, durante uma perseguição policial na BR-317.

Segundo o Tribunal de Justiça, na audiência de custódia nesta segunda-feira (4), o Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) pediu a conversão da prisão em flagrante em preventiva, o que foi aceito pela Justiça. Os dois policiais seguem presos no Batalhão Ambiental, em Rio Branco.

O MP também instaurou, de ofício, um procedimento investigatório criminal para apurar possível crime de homicídio doloso que teria sido praticado por policiais militares. Conforme o MP-AC, a investigação ocorre independentemente da apuração anunciada pela Corregedoria da Polícia Militar do Acre e pela Polícia Civil.

O g1 entrou em contato com o advogado dos dois, Matheus Moura, que informou que ainda analisa possibilidade de recurso. “Estamos analisando qual o próximo passo defensivo.”

Nas diligências iniciais, o promotor de justiça Vanderlei Batista Cerqueira solicitou que fossem enviadas com urgência cópias do auto de prisão em flagrante, do inquérito policial e do boletim de ocorrência. O procedimento investigatório criminal deve ser concluído em 90 dias. As imagens da perseguição que o g1 teve acesso também serão analisadas.

O que diz a polícia

Ainda no domingo (3), a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-AC) lançou uma nota sobre o caso e o governo do estado uma segunda. Na primeira, afirmou que “durante a ocorrência, foi possível visualizar parte de um braço empunhando uma arma de fogo. Neste momento, diante do risco iminente à integridade física da equipe policial, foram efetuados cinco disparos em direção ao veículo”, diz a nota.

Após a morte, a polícia achou uma pistola 9 milímetros jogada próximo do local do acidente. A arma é de uso restrito das forças armadas.

Já em uma segunda nota, o governo do Acre confirmou que dois policiais estavam detidos no batalhão da PM aguardando a audiência de custódia que deve ocorrer ainda nesta segunda-feira (4).

“Garantimos ainda uma investigação imparcial e célere, de modo que a sociedade tenha uma resposta o quanto antes.”O Grupo Especial de Fronteira (Gefron) afirma que Géssica estava armada, fazia manobras perigosas que colocavam em risco a vida de outras pessoas e, por isso, atiraram no carro para pará-la. Ainda de acordo com o grupo, a perseguição ocorreu após ela furar um bloqueio policial em Capixaba, cidade vizinha.

Após a morte, a polícia achou uma pistola 9 milímetros jogada próximo do local do acidente. A arma é de uso restrito das forças armadas.

O que diz a família

A família contesta a versão apresentada e diz que a enfermeira não tinha arma de fogo. Ainda segundo os parentes, Géssica sofria de depressão, teve um surto no sábado (2), pegou o carro e saiu dirigindo em direção ao interior do estado.

O g1 conversou com o irmão dela, José Nilton de Oliveira, que disse que ela nunca manuseou uma arma e que a cena do crime foi forjada para incriminá-la.

“Isso é mentira de pessoas que ceifaram a vida da minha irmã. Estava passando por um processo de depressão, pegou o carro e saiu, dizem que estava em alta velocidade. A polícia tinha outros meios de parar ela, se queriam atirar, porque não atiraram no pneu do carro? Fizeram isso com minha irmã, uma covardia e ainda querem forjar com arma. Isso nos deixa mais indignados”, disse.
Ainda segundo o parente, Géssica foi diagnosticada há alguns meses com depressão, mas não fazia tratamento recentemente. Cerca de 25 dias antes, Oliveira relembra que a irmã teve uma recaída e teve um surto semelhante.

O g1 também conversou com uma amiga, que preferiu não ser identificada. Ela contou que a enfermeira foi deixada no hospital pelos próprios policiais e chegou como vítima de acidente de trânsito. As perfurações de bala, segundo ela, foram notadas no hospital.

“Quando ela deu entrada no hospital, não foi passado para os médicos plantonistas que ela tinha sido vítima de bala, foi dito que tinha sido vítima de acidente de trânsito. Durante a reanimação, constataram perfurações”, afirmou.

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