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Polícia

Polícia descarta violência sexual em caso de bebê com Síndrome de Down que chegou morto em UPA no AC

Laudo do IML descartou que bebê tenha sido vítima tanto de morte violenta como de abuso sexual. Família desde o início negou suspeitas da médica plantonista que atendeu criança em UPA

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) descartou que o bebê Renan Emanuel, de apenas cinco meses, tenha sido vítima de morte violenta ou de abuso sexual. Ele, que tinha síndrome de Down, deu entrada na UPA da Cidade do Povo, em Rio Branco, no último dia 8 após sofrer parada cardíaca e não resistiu.

Conforme polícia, ao examinar o bebê na UPA, a médica plantonista constatou uma dilatação no canal anal, possivelmente fruto de abuso sexual e acionou a Polícia Militar. O caso então passou a ser investigado pela Polícia Civil. Desde o início, a família negou o crime.

O diretor do Instituto Médico Legal, Ítalo Vieira, informou ao G1 que o resultado do laudo saiu nessa quinta-feira (29) e que deve ser encaminhado nesta sexta (30) para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) que investiga o caso.

“O laudo aponta que a criança tinha síndrome de Down associada a uma cardiopatia grave e foi constatado que o óbito foi por conta disso. Fora isso, não foi verificada nenhuma lesão, nenhum vestígio que possa sugerir violência sexual ou algum trauma suficiente para causar a morte, ou seja, a morte foi produzida pela cardiopatia congênita mesmo da criança. Mesmo diante da necropsia que já trazia a convicção de que não havia indícios de crime, foi solicitado exame laboratorial, que comprovou essa suspeita”, afirmou o diretor.

A morte violenta já havia sido descartada pelo IML e, por isso, inquérito que apura caso saiu da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e passou para a Depca.

A delegada responsável, Juliana de Angelis, disse que ainda não foi informada do resultado do laudo e que, portanto, não poderia comentar sobre os próximos passos do inquérito.

Família diz que vai acionar a Justiça

Desde que o caso veio à tona, a família da criança negou que ela tivesse sofrido qualquer tipo de violência. Ao receber a notícia de que o laudo descartou crime, a tia de Renan, a dona de casa Fabiana Calado, disse que é um alívio para a família e que devem procurar a Justiça.

Muito emocionada, ela contou que chegaram a receber ameaças de morte depois da divulgação das suspeitas da médica e que foram dias muito difíceis. Além da dor pela perda do bebê, que era tão amado, as acusações trouxeram ainda mais sofrimento.

A criança morava com a mãe, uma adolescente de 14 anos, e a avó na cidade de Plácido de Castro, no interior do Acre, e elas estavam na capital acreana para consultas médicas. Em Rio Branco, eles estavam hospedados na casa de uma tia, no Conjunto Habitacional Cidade do Povo.

“Nós não estávamos mentindo, era verdade. Estou muito emocionada, nós fomos acusados de uma coisa que não fizemos. Minha mãe, minha irmã e eu estamos sofrendo tanto, nós sabíamos que não tinha acontecido nada, não tínhamos feito nada para ele. É um alívio receber essa notícia, sofremos muito, pessoas falando da gente, nos acusando, chegaram a falar que quando saísse o laudo e se fosse verdade, eles iriam fazer justiça com as mãos. Agora vamos procurar a Justiça, porque falaram uma coisa que não tinha certeza”, disse.

Fabiana lembrou que foi ela quem levou o sobrinho nos braços correndo até a UPA e que ele chegou ainda respirando.

“Quando cheguei lá [na UPA], entrei na sala e eles disseram ‘tira ela daqui’, e eu queria apenas ver ele. Ninguém respeitou a nossa dor, todo mundo falando besteira, nós estamos até hoje sofrendo muito com tudo isso.”

Médica ficou em prantos, diz gerente

O gerente geral da UPA da Cidade do Povo, Calixto Ferreira chegou a contar que a médica que atendeu a criança ficou muito abalada depois de perceber o suposto abuso e entrou em prantos. A reportagem não conseguiu falar com a médica.

“A médica já estava saindo do plantão dela quando aconteceu essa situação. Os profissionais da nossa unidade fizeram o que estava ao alcance deles e quando a criança entrou em óbito, foram fazer os procedimentos de rotina e a médica foi examinar e quando chegou nas partes íntimas, ela percebeu que algo tinha acontecido, não estava normal. Aí, foi quando ela acionou a polícia. Conversei com a médica, uma profissional de excelente qualidade, dedicada, ela fez o que pode. Inclusive estava muito abalada emocionalmente, porque ela está querendo ser mãe. Ela estava em prantos, isso abalou muito ela”, contou o gerente.

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