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Polícia

Comerciantes que retém cartões bancários de indíos no interior do Acre são presos por extorsões e outros crimes

Em Manuel Urbano, foram identificados pelo menos três criminosos acusados desta prática e a PF deflagrou uma operação chaamda “Huni Kuin”

A retenção de cartões bancários por parte de comerciantes inescrupulosos, que vendem mercadorias fiado mediante a retenção do documento e passam eles próprios, de posses das senhas, a movimentarem as contas das pessoas submetidas a estes abusos, geralmente gente pobre como seringueiros e índios - uma prática comum principalmente no interior do Estado, está sendo investigada no Acre pela Polícia Federal. A Superintendência regional do órgão deflagrou, na manhã desta quarta-feira 03/03, na região do Alto Purus, a operação “Huni Kuin”.

A ação dos agentes federais visa coibir a prática ilegal de retenção de cartões de benefícios sociais e previdenciários de indígenas da etnia Kulina e Kaxinawás, das aldeias da região. Os agentes federais cumpriram mandados de prisão contra os autores dos crimes. A Operação tem o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Em Manuel Urbano, a  Polícia Federal quatro mandados judiciais, sendo um de prisão preventiva e três de busca e apreensão. Durante as investigações, que começaram em agosto de 2019, foram identificados três comerciantes na cidade de Manoel Urbano/AC, suspeitos de retenção ilegal de cartões. A finalidade da retenção é a obtenção de vantagens indevidas em prejuízo dos indígenas, mediante cobrança de valores exorbitantes por produtos fornecidos, além de monopólio sobre os valores que se tornavam inacessíveis a seus titulares.

Os envolvidos responderão pelos crimes de estelionato previdenciário, art. 171, § 3º, do Código Penal, extorsão, art. 158 do Código Penal, e apropriação indébita, art. 168 do Código Penal, com penas de até 10 anos e meio de reclusão. Além desses crimes, o homem que foi preso ainda responderá por extorsão, art. 158 do Código Penal, que pode ensejar reclusão de até mais dez anos.

A Polícia Federal reforça que a atual pandemia não afetou as investigações e ações da instituição nos crimes de sua atribuição, mas que as diligências policiais foram cumpridas em total observância às normas sanitárias de prevenção ao COVID-19, sobretudo o uso de equipamentos de proteção individual para resguardar a saúde dos policiais e dos investigados.

A investigação conduzida pela Polícia Federal no Acre foi denominada de “Huni Kuin” – o termo significa “gente verdadeira” na língua portuguesa e é a maior população indígena do Acre, os Huni Kuin se estabeleceram principalmente ao longo do rio Purus, alto do Juruá e no Vale do Javari, que também são conhecidos como kaxinawás que é um dos povos indígenas  mais explorados pelos comerciantes.

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