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Especial

Alan Rick, um evangélico na política 

Jornalista que virou deputado se assume como defensor de Bolsonaro, defende a reeleição de Gladson Cameli e admite se pautar pelo conservadorismo, como ser contra o movimento GLBT

Ele abriu caminho na vida pública a partir da tela da TV, como apresentador e apresentador na TV Gazeta, afiliada da Rede Record no Acre. Alan Rick Miranda, além de jornalista, é administrador, pós-graduado em Jornalismo Político, autor de dois livros de poesia publicados e ganhador de alguns prêmios em nível nacional. 

Durante 18 anos foi âncora da TV Gazeta. É filho do empresário aposentado Milton Miranda e da funcionária pública Maria Gorete. Vem a ser irmão da jornalista e porta-voz do Governo do Estado, Mirla Miranda, e da professora Evelyn Miranda. Tem mais dois irmãos por parte de pai, Dayranjes e Mack Derllon Miranda.

Alan é casado com Michele e pai do Pedro, um pequeno guerreiro com 26 dias de nascido e nos últimos dias viveu o drama de ver a esposa entubada pelo Covid em plena gestação de seu primeiro filho, o qual teve que nascer às pressas numa desesperada manobra dos médicos na tentativa de salvar mãe e filho. Tudo deu certo na vida deste evangélico praticante, cuja vitória contra o Covid-19 -  já que a esposa recebeu alta e o pequeno Pedro, seu ilho, nascido fora de tempo, com oito meses, passam bem, graças a Deus – só não foi completa porque perdeu o sogro para a doença.

É sobre política, religião, ideias e outros assuntos que o deputado federal por segundo mandato fala na entrevista a seguir. Veja os principais trechos:

O senhor viveu momentos muito dolorosos nos últimos dias: a doença da esposa grávida, para o Covid, o nascimento prematuro do filho e, por fim, a perda do sogro. O que o manteve sereno em meio à tanta for e tristezas?

Alan Rick -  A confiança em Deus, meu amigo. No meu íntimo tinha a convicção de que Deus estava cuidando da minha esposa e do meu filho bem melhor do eu poderia. Mas também tive medo. Sofri, chorei e orei muito. Duas coisas me deram forças: minha família e as milhares de orações e mensagens de apoio no Acre e de vários lugares do Brasil de amigos e pessoas desconhecidas que se solidarizaram com a situação da Michele e do Pedro.

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Como o senhor recebeu críticas da imprensa de que outras mulheres grávidas com Covid, como sua esposa, acabaram morrendo por falta de poder aquisitivo?

Tenho trabalhado muito para tentar ajudar o Estado a ter melhores condições para atender os pacientes de COVID. Quem acompanha meu trabalho sabe disso. A Secretaria de Saúde, o Governo e as pessoas que muitas vezes nos procuram num ato de desespero sabem que sempre estou pronto a ajudar. Perdi amigos, parentes, Michele perdeu o pai. Tento ser solidário com a dor das pessoas. A jornalista que quis usar a morte de uma querida pastora também grávida para tentar fazer uso político de um fato tão trágico deveria repensar sua carreira. Isso não é jornalismo. É tão perverso e maldoso que nem merece crítica. Quem não respeita a dor das pessoas nem nessas horas precisa nascer de novo.

O senhor assumiria identidade de um deputado, para usar uma linguagem muito atual, terrivelmente evangélico? 

Sou cristão evangélico e tenho minhas convicções que defendo no parlamento. Tenho o apoio de muitos irmãos católicos e de outras denominações religiosas. O que nos une são bandeiras inegociáveis como a defesa da vida e da família. Isso não quer dizer que não respeito o contraditório. Acredito que podemos ganhar as pessoas mais pelo exemplo do que pelas palavras.

Além de pautas de costumes, como a oposição as propostas de união homoafetivas - homem com homem, mulher com mulher -, qual é sua principal bandeira política?

A maior bandeira do cristão ou do conservador é o respeito ao seu direito de preservar suas convicções. Você pode discordar de um amigo evangélico ou católico que é contra o aborto, o kit gay nas escolas ou a liberação das drogas ilícitas. Mas você não pode obrigá-lo a concordar com isso. Esse cidadão precisa ter suas convicções respeitadas. Da mesma forma que sou contrário a qualquer tipo de violência ou ataques a pessoas devido a sua orientação sexual. Jesus nos ensinou a amar e orar pelas pessoas e não odiá-las por ter opiniões divergentes. 

Por que essa preocupação com os médicos formados no exterior? Não seria o caso de buscar melhorias no ensino nacional para que os jovens pudessem se firmar nas universidades públicas do país?

Teremos um longo caminho para melhorar as condições da educação no Brasil. Sou o parlamentar que mais defende investimentos para a educação. Uma rápida conversa com o secretário de Estado de Educação vai te mostrar as inúmeras ações do meu mandato na área da Educação Básica, que é o principal gargalo do Brasil. São investimentos em construção e reformas de escolas em todo estado, aquisição de ônibus para o transporte escolar, e na valorização do professor através do FUNDEB. Participei ativamente dos debates na Câmara juntamente com a relatora da matéria, a deputada Professora Dorinha Seabra (DEM/TO), que é do meu partido. Tive boas conversas, em 2017, com o então senador Cristovam Buarque sobre sua proposta, que também defendo, de federalizar a carreira de professor, garantindo um piso decente ao profissional da educação para voltar a atrair nossos jovens ao magistério. Em relação aos brasileiros formados no exterior vivemos duas realidades absolutamente distintas. Cursar medicina no Brasil é para quem tem uma renda familiar muito alta, salvo raras exceções. Primeiro, que a oferta das universidades públicas está muito abaixo da demanda. Em 2020 apenas 63 universidades públicas ofertaram cerca de 4.500 vagas para medicina no Brasil. Essas poucas vagas nas universidades públicas são preenchidas em sua esmagadora maioria por estudantes de classe média ou alta que estudaram em ótimas escolas e fizeram os melhores cursinhos preparatórios. Ao estudante de classe baixa ou pobre, restam os financiamentos estudantis numa faculdade privada ou estudar fora do Brasil. O Acre é o Estado brasileiro com o maior número per capta de estudantes de medicina no exterior. Isso se dá por esses motivos: poucas vagas nas universidades públicas e o altíssimo custo das faculdades privadas. Estudar na Bolívia, Paraguai, Argentina ou Cuba tem sido o caminho de milhares de jovens vocacionados que não tem condições de pagar o custo da medicina no Brasil.

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Poeta, jornalista, parlamentar... se o senhor tivesse que se definir, diria quem de fato é Alan Rick?

Sou um cara simples, gosto de trabalhar, ter comunhão com Deus. Amo estar com minha família e meus amigos. 

O senhor apoia a reeleição do presidente Bolsonaro?

Apoio. Acompanho o trabalho do presidente. Sei que ele quer o melhor para o Brasil. Defende uma pauta de reorganização do Estado e desburocratização da atividade econômica. Também temos alinhamento na pauta cristã. No entanto, discordo frontalmente da maneira como tem conduzido o programa Mais Médicos e a falta de sensibilidade com os médicos brasileiros formados no exterior. 

O senhor acha que ele termina o mandato?

Terminará sim. Não existe cabimento jurídico para nenhum pedido de impeachment.

O senhor continua apoiando o governador Gladson Cameli? É a favor da refeição dele e por quê?

O Gladson é o governador que assumiu um dos maiores desafios para um chefe do Executivo: a condução de um Estado em meio à uma pandemia. O Acre tem uma série de problemas históricos como o isolamento, a falta de indústrias de grande porte, o desemprego, a infraestrutura precária tanto na zona urbana quanto rural. Mas o Gladson tem feito o melhor possível nas condições em que nos encontramos. Tem um bom coração, quer fazer a rodar da economia e girar, mas com a pandemia isso é momentaneamente impossível. Por isso merece ter a oportunidade de concorrer à sua reeleição.

Qual o seu futuro? Vai tentar o terceiro mandato ou buscar voos mais altos, como uma disputa para o Senado?

Quero concluir meu segundo mandato e ter a sensação do dever cumprido. Se ao final sentir que não consegui fazer tudo o que sonhei para o meu Estado e pelo Brasil, colocarei meu nome à disposição da população para que faça sua avaliação. O Senado é uma possibilidade que dependerá de uma boa reflexão, do diálogo com as pessoas e principalmente da vontade de Deus.

O senhor sonha em ser governador do Acre?

Meu sonho e maior objetivo é ajudar meu estado e melhorar a vida das pessoas. Deixo meu futuro nas mãos de Deus.

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