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Economia

‘Solução ruim, ineficiente e dificulta crescimento’, diz Ilan Goldfajn sobre IOF

Ex-presidente do BC disse que não falta dinheiro para Bolsa Família

O ex-presidente do Banco Central e atual integrante do FMI (Fundo Monetário Internacional), Ilan Goldfajn, criticou o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por parte do governo federal. Segundo ele, a medida é um “solução ruim, ineficiente e que dificulta crescimento”. O economista presidiu o BC entre 2016 e 2019, no governo Michel Temer. 

“Tivemos um esforço enorme nos últimos anos de tentar reduzir os juros ao consumidor, os juros do crédito. Esse é um processo longo, e agora estamos começando a ter um revés. E ele vem porque nós não conseguimos controlar o crédito, temos várias despesas, temos várias despesas eleitorais e, para isso, a gente acaba precisando elevar os impostos como está sendo feito com o IOF. A solução é ruim, é ineficiente, vai dificultar o crescimento”, disse em entrevista à Globonews nesta sexta-feira (17).

O presidente Jair Bolsonaro publicou um decreto hoje que aumenta a alíquota do IOF para pessoas físicas e empresas. O objetivo é elevar a arredação em R$ 2,14 bilhões para custear o Auxílio Brasil, o programa que reformula e amplia o Bolsa Família planejado pelo governo.  Veja como fica mais caro o crédito.

O especialista ressaltou que há dinheiro para o aumento do Bolsa Família, mas para isso é necessário  “arrumar a casa”. Segundo o secretário de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, a solução do IOF resolve a questão em 2021 , mas para os próximos anos é preciso aprovar a reforma do Imposto de Renda.

“Não falta dinheiro para Bolsa Família. A quantidade de dinheiro [necessária] para o Bolsa Família é pequena dentro do Orçamento. Precisamos saber fazer as escolhas. Pense na quantidade de impostos [que temos] na carga tributária que todos nós pagamos, não é pouco. Precisamos, estruturalmente, arrumar a casa. Não adianta fazer várias despesas em ano eleitoral e depois faltar dinheiro para as coisas básicas”, ressaltou Goldfajn.

O economista comparou a solução encontrada pela equipe econômica com a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que incide sobre transações financeiras. As duas tendem a se espalhar pela economia, aumentar a inflação e pressionar o câmbio. 

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