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Economia

Cientista diz que futuro da Amazônia é a bioeconomia

O cientista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados de São Paulo (IEA), da Universidade de São Paulo (USP), anuncia uma série de novidades em tecnologia capaz de desenvolver a Amazônia

de forma sustentável, sem necessidade de mais desmatamento, que explodiu em 278% a mais em julho deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Segundo Nobre, os recursos naturais da grande floresta tropical são atualmente subaproveitados e será através das novas tecnologias que a Amazônia pode ganhar um molde econômico sustentável, tendo pela primeira vez a possibilidade de criar uma bioeconomia a partir da gigantesca biodiversidade da floresta que é considerada essencial para o equilíbrio climático do planeta.

Através do projeto “Amazônia 4.0”, o cientista revela, em entrevista à revista Época, que pretende criar ainda este ano quatro laboratórios móveis de produção e capacitação das comunidades amazônicas, transformando a floresta em um centro tecnológico e de empreendedorismo sustentável. “A maior parte dos produtos vindos da floresta não são processados na região. Queremos criar uma economia local com base nas novas tecnologias”, assinala o cientista.

Nesses laboratórios móveis, de acordo com o pesquisador, cientistas, engenheiros e especialistas em tecnologia capacitarão de 30 a 100 moradores da comunidade amazônica a aplicarem modelos econômicos sustentáveis para a exploração de recursos locais, com as aulas acontecendo em tendas ou plataformas flutuantes, durante um período de quatro meses. Com isso, a meta do cientista é realizar seis cursos por ano.

Laboratórios vão tratar de diferentes culturas da região

Os laboratórios vão tratar de diferentes culturas exploradas na região amazônica, tais como cupuaçu, cacau, bacuri e açaí, fruta que já ganhou o mercado mundial e já gera uma receita anual de R$ 1 bilhão, com sua lucratividade no Pará já sendo de quatro a seis vezes maior do que a gerada pelo plantio de soja, com o qual o atual governo Bolsonaro pretende expandir o agronegócio na Amazônia, junto com a pecuária e a mineração, devastando ainda mais a grande floresta.

“Com tecnologia, temos o potencial de explorar os recursos naturais de maneira sustentável, sem precisar de grandes áreas de exploração. E ainda podemos aumentar a produtividade”, acrescenta Carlos Nobre, que está desenvolvendo, junto com outros pesquisadores do IEA, um modelo de laboratório que fará uso de blockchain (cadeia de blocos) para criar um banco digital chamado de Amazônia BioBank visando mapear os genomas das espécies locais e desenvolver novos produtos para novos negócios dos empreendedores locais.

O cientista Carlos Nobre anunciou, ainda, que deve ser criada, até 2022, a Escola de Negócios da Floresta Tropical, que pretende ser a primeira escola virtual de negócios sustentáveis da floresta do mundo. O currículo terá como objetivo expandir o modelo aplicado pelos laboratórios, ensinando práticas como a diversificação das ofertas de produtos locais e das fontes de renda, a promoção de produtos de valor agregado e o cuidado para evitar a superexploração insustentável.

Segundo informa o pesquisador da Universidade de São Paulo, o Brasil ainda não investe o suficiente em biotecnologia, que precisa começar a ser aplicada na floresta, pois o grande diferencial econômico do Brasil diante do mundo é a gigantesca biodiversidade existente na Amazônia, oferecendo inúmeros ativos ambientais em favor do bem estar da humanidade. “Temos que começar aplicar tecnologia na floresta, porque o nosso diferencial econômico é a biodiversidade”, conclui Nobre.

(*) Editor do site www.expressoamazonia.com.br.

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