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Amazônia

Tribo Ashaninka já arrecadou mais de R$ 200 mil para ajudar comunidades no AC durante a pandemia

Projeto “Ashaninka Pelos Povos da Floresta” quer arrecadar R$ 1 milhão. Documentário que retrata vida de crianças na aldeia foi liberado grátis após grupo alcançar 10% do esperado

A campanha lançada pelo povo Ashaninka, da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre, já conseguiu arrecadar mais de R$ 200 mil até este sábado (11). O objetivo é ajudar famílias indígenas e não-indígenas que vivem na região durante a pandemia do novo coronavírus.

O projeto, que recebeu o nome de “Ashaninka Pelos Povos da Floresta”, tem como meta arrecadar o valor de R$ 1 milhão para ajudar 1,8 mil famílias. Até esse sábado, mais de 1,3 mil pessoas fizeram doações para a campanha, que ganhou repercussão nacional e até internacional.

Através da ação, vão ser distribuídos kits de cesta básica, mas também equipamentos e produtos, como ferramentas de plantio e materiais de pesca para que os moradores da floresta fortaleçam a produção local.

O objetivo é que eles possam manter uma vida sustentável. Além disso, o projeto quer evitar exposição das famílias ao vírus em viagens à cidade de Marechal Thaumaturgo para fazer possíveis compras.

Com pouco mais de 18,8 mil habitantes, a cidade de Marechal Thaumaturgo registra 202 casos confirmados de Covid-19, segundo dados do último boletim da Secretaria de Estado de Saúde divulgado neste sábado (11). Um pessoa morreu vítima da doença.

Uma live com líderes indígenas do povo Ashaninka organizada pela Associação Apiwtxa e Instituto Yorenka Tasorentsi e mediada pelo ator Marcos Palmeiras arrecadou mais de R$ 37 mil. Participaram do encontro on-line os líderes indígenas e irmãos Francisco, Moisés, Benki e Wewito Piyãko.

Os povos indígenas que vivem em Marechal Thaumaturgo são os Kuntanawa, Huni Kuin, também conhecidos como Kashinawa; Jaminawa, Ashaninka e os Apolima-Arara. Além das terras indígenas, o município também abriga a Reserva Extrativista do Alto Juruá e parte do Parque Nacional da Serra do Divisor.

documentario webDocumentário que retrata rotina de crianças na aldeia foi liberado para acesso grátis após grupo alcançar 10% da meta de arrecadação — Foto: Reprodução

Mobilizar o mundo

Benki Piyãko, fundador do instituto Yorenka Tasorentsi e um dos organizadores do projeto, disse que o objetivo da ação é ajudar a região com a prevenção da floresta, cuidado dos povos e da cultura. O intuito é mobilizar o mundo nessa na luta contra a pandemia que está chegando nas comunidades.

“Uma das grandes preocupações que eu tenho como liderança é de ver esses povos indígenas com essa doença matando as nossas bibliotecas últimas que existem, que são as pessoas mais velhas nos nossos territórios. Estamos perdendo esses líderes mais antigos do nosso povo”, lamenta.

Documentário liberado

Na última quinta-feira (9), quando a campanha alcançou a marca dos R$ 100 mil doados, foi liberado de forma gratuita o filme “No tempo do verão”, dirigido por Wewito Piyãko. O link para ter acesso ao documentário está no Instagram oficial dos povos Ashaninkas.

O documentário é do mesmo diretor do filme “Antonio e Piti”, que retrata a história do povo ashaninka em Marechal Thaumaturgo e que foi exibido no Festival de Cinema Margaret Mead, em Nova York em novembro do ano passado.

Com duração de 21 minutos, “No tempo do verão” retrata um fim de semana em que as crianças Ashaninkas deixam a escola e partem, rio acima, para acampar com os pais e aprender a vida no rio e na mata. O filme, projeto “Vídeo nas Aldeias”, está disponível em três idiomas, sendo eles português, espanhol e inglês.

Mais de 430 casos de Covid-19

Um mapa lançado pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC) mostra como estão os casos de infecção pelo novo coronavírus nas terras indígenas e cidades do estado.

Foram contabilizados 434 casos confirmados de Covid-19 entre os povos indígenas. Além disso, são registradas 18 mortes de indígenas no Acre.

Entre os casos, 146 são de índios que vivem em terras indígenas, sendo a maioria no Alto Rio Purus, onde foram registrados 41 casos entre povos Huni Kui ou Kaxinawas, como também são conhecidos. Outros 288 casos são de indígenas que estão na cidade, onde a maioria foi registrada em Santa Rosa do Purus, com 116 indígenas contaminados.

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