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Amazônia

No AC, associação com 500 mulheres do povo Huni kuin vende artesanato para mais de quatro países

No AC, associação com 500 mulheres do povo Huni kuin vende artesanato para mais de quatro países

Associação das Produtoras de Artesanato das Mulheres Indígenas Kaxinawa de Tarauacá e Jordão (Apaminktaj) foi fundada em 2001 e vai fazer 21 anos em 2022

Ao menos 500 mulheres do povo Huni Kuin garantem parte da renda familiar para ajudar nas aldeias através de uma parceria que já dura 21 anos. A Associação das Produtoras de Artesanato das Mulheres Indígenas Kaxinawa de Tarauacá e Jordão (Apaminktaj) foi fundada em 2001 e criada especificamente para dar suporte e acolhimento a essas mulheres.

artesanato 004 webNo AC, associação de mulheres do povo Huni kuin vende artesanato para dentro e fora do país — Foto: Arquivo pessoal

O povo Huni Kuin, de acordo com a dados da Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre), está alocado em diferentes aldeias nos municípios de Feijó, Tarauacá, Jordão, Marechal Thaumaturgo e Santa Rosa, no interior do Acre. São mais de 7 mil em todo o estado.

As indígenas produzem seus artesanatos em suas próprias comunidades e comercializam as peças em uma loja chamada “Bari da Amazônia”, que fica no Mercado Velho, no Centro de Rio Branco. Além de comercializarem os produtos no Acre, o artesanato é vendido para vários estados do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e até para países como Portugal, Itália, Estados Unidos, Inglaterra e Peru.

A criadora e líder do grupo, Raimunda Mawapey Kaxinawá, conta que é mestiça e que já sentiu na pele o conflito cultural entre o povo branco e indígena. Ela diz que nos dias atuais ainda existe um pouco de conflito, mas que a situação já está mais amenizada.

“Antes a gente oferecia produtos na cidade e os comerciantes diziam que nosso produtos eram difíceis de vender. Agora, com a nossa loja, quem quer vem direto lá e compra os nosso artesanatos”, afirma.

Raimunda afirma que no Dia do Índio, comemorado nesta terça-feira (19), há muito o que se comemorar em relação ao crescimento e fortalecimento da cultura indígena, mas que ainda faltam políticas públicas para que o povo se sinta fortalecido.

Raimunda fala que a ideia da loja ocorreu assim que a associação foi criada para ajudar na venda dos artesanatos. No atual endereço a loja existe há 12 anos.

“Temos uma loja que fica no Centro da capital com a participação de várias mulheres associadas. Elas trabalham na base da miçanga, tecelagem, cestaria e cerâmica. Quando fundamos, eram pelos 500, mas, ativamente, participando das vendas na loja hoje, temos umas 150 mulheres que estão ativas na associação”, diz.

artesanato 002 webValor das peças varia de R$ 35 a R$ 2,5 mil — Foto: Arquivo pessoal

Raimunda fala ainda que o valor das peças é bem variado e que depende do gosto do cliente. “Temos preços de R$ 35 a R$ 2,5 mil. O artesanato de R$ 35 pode ser um brinco, por exemplo, e o de R$ 2,5 mil uma rede de algodão natural, um tapete bem trabalhado”.

Mãos que criam

O povo Kaxinawá ou Huni kuin que se denomina como (gente verdadeira), está localizado em terras das regiões dos Vales do Purus e Juruá. São considerados como um dos mais tradicionais e que mantêm a cultura, artesanato e língua nativa, que pertence à família linguística Pano. Os Huni Kuin também se destacam pela sua diversidade musical.

São 11 terras indígenas Kaninawá em todo o Acre. As indígenas usam matéria-prima que retiram da floresta para produzir seus artesanatos, como argila, sementes, algodão, folhas, frutas e raízes usadas para pigmentos naturais.

Considerado patrimônio cultural, o artesanato reflete um pouco da ancestralidade de etnias como os desenhos corporais indígenas (os chamados kenês) que têm significados e são pintados enquanto os indígenas cantam.

Mestiça

Raimunda conta que é mestiça, de mãe indígena e pai nordestino, e tem em sua história um leque de conflitos entre a cultura branca e a indígena. Ela conta que sua formação da indígena foi importante para ter seu espaço como líder por ser uma das únicas alfabetizada na época e também por falar o idioma português. “Foi necessário e essencial para que a gente conseguisse romper fronteiras”.

Ela afirma ainda que com sua formação conseguiu ajudar seu povo e participar dos primeiros editais de apoio governamentais, participar de capacitações no Sebrae e até representar o Brasil em Nova York na exposição Mulher Artesã Brasileira, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).

artesanato 003 webPeças são feitas por indígenas Huni Huin — Foto: Arquivo pessoal

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