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Amazônia

Governadores chegam até Bolsonaro de pires nas mãos para apagar chamas na Amazônia

Os nove governadores da Amazônia Legal chegaram a Brasília nesta terça-feira para a reunião com o presidente Jair Bolsonaro com os pires nas mãos e problemas seríssimos para resolverem

em suas economias, na saúde pública e no meio ambiente que as queimadas estão provocando em toda a região, em grande parte estimulada pelo total descompromisso do presidente com a maior floresta tropical do mundo, essencial para o equilíbrio climático do planeta.

Com seus estados em chamas, como jamais ocorreu na história da Amazônia, preocupando o Brasil e todo o mundo, os governadores chegam combalidos pela provável perda de mais de R$ 1,5 bilhão do Fundo Amazônia, devido à briga comprada por Bolsonaro com os doadores Noruega e Alemanha, os governadores simplesmente não têm dinheiro para investir no combate aos incêndios crescentes em sua região, provocados pelos aumentos de 287% e 88% ocorridos do desmatamento amazônico, respectivamente nos meses de julho e junho passado.

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), aliado de primeira hora de Bolsonaro, por exemplo, chega a Brasília sem um tostão para combater a crescente devastação florestal do estado natal do sindicalista Chico Mendes, que perdeu nada menos que R$ 160 milhões em recursos que os dois países europeus poderiam alocar nos próximos anos através do Fundo Amazônia.

Pela imprensa, o governador acreano se lamentava neste domingo ao informar que, após decretar Emergência Ambiental no estado na última sexta-feira, só poderá combater as chamas e as fumaças que cobrem a floresta acreana caso o presidente Bolsonaro lhe repasse os recursos. O governo divulgou na semana passada que só este ano o estado prestou mais de 30 mil atendimentos ambulatoriais por doenças de origem respiratória, sendo a maioria de idosos e crianças.

“Eu vou pedir todo o aparato do governo federal. Eu preciso de dinheiro, vou pedir dinheiro, tudo envolve dinheiro na questão da estrutura. Eu já estou antecipando o pagamento do mês de agosto nesta semana e nós não temos condições de arcar com mais despesas”, disse o governador, segundo publicou o site www.ac24horas.com.

Com seu estado ocupando oitavo lugar no ranking crescente das queimadas, com mais de 2,5 mil focos registrados de janeiro até o último final de semana, Gladson Cameli não informou a quantidade de recursos que seu estado vai necessitar para fazer frente ao combate aos focos de incêndio, mas disse esperar bom senso na distribuição dos recursos federais.

Enquanto o governo federal mantinha até esta segunda-feira silêncio quanto ao volume de recursos que poderá dispor para os governadores da Amazônia combaterem seus incêndios, apenas duas semanas depois de Bolsonaro informar à mídia que não tinha mais dinheiro federal para gastar até o final do ano, apenas os R$ 83 milhões anunciados pelo grupo de países do G-7 eram falados na capital federal como ajuda para combater as chamas na Amazônia.

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Acre perde recursos preciosos com o fim do Fundo Amazônia

Pelos dados do Fundo Amazônia, caso a doação restante de R$ 1,5 bilhão da Noruega e da Alemanha, correspondendo a 45% do que já foi doado para o país nos últimos 10 anos, o Acre perderia algo em torno de R$ 160 milhões para continuar desenvolvendo nos próximos anos ações de combate ao desmatamento e de valorização de seu significativo ativo ambiental florestal.

Os recursos do Fundo Amazônia destinados ao estado de Gladson Cameli, são transferidos diretamente para órgãos do governo estadual, do terceiro setor e através de cotas que cabem ao estado nas ações de desenvolvidas pelos órgãos federais para combater o desmatamento nos nove estados da Amazônia Legal. Algumas entidades do terceiro setor também destinam recursos através de cotas para mais de um estado amazônico.

Segundo dados do Fundo, o Acre contou até o mês passado com mais de R$ 192 milhões em ações financiadas, sendo R$ 87 milhões executadas através de órgãos estaduais, R$ 57,9 milhões por órgãos federais e R$ 47,7 milhões através de entidades do terceiro setor. Dos 87 milhões destinados ao governo do estado, R$ 57 milhões foram gastos com projetos de valorização do seu Ativo Ambiental Florestal, R$ 16,8 milhões gastos com a execução do Cadastro Ambiental Rural (CAR) do estado e R$ 13,2 milhões com o combate a incêndios florestais.

Dos R$ 57,9 milhões gastos com ações de órgãos federais no Acre, R$ 23,6 milhões se destinam a ações realizadas no estado pelo Ibama, R$ 12,9 milhões pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), R$ 7,2 milhões pelo Serviço Florestal Brasileiro, R$ 7,1 milhões pelo Conselho Deliberativo do Sistema de Proteção da Amazônia (Consipam), R$ 3,7 milhões pela Embrapa e R$ 3,4 milhões pelo Ministério da Justiça.

Dos R$ 47,7 milhões destinados pelo Fundo Amazônia ao terceiro setor do estado, R$ 8,9 milhões foram para a Comissão Pro-Índio do Acre, R$ 6,6 milhões para a Associação Ashaninka, R$ 5,08 milhões para a Cooperacre, R$ 5 milhões para o SOS Amazônia, R$ 5 milhões para o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), R$ 3,2 milhões para o WWF Brasil, R$ 3,2 milhões e R$ 3,2 milhões para o Projeto Reca.

Outros setores contemplados pelo Fundo foram Instituto Brasileiro de Administração Municipal (R$ 2,3 milhões), Centro de Trabalho Indigenista - CTI (R$ 2,1 milhões), Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (R$ 2,2 milhões), Fundação Banco do Brasil (R$ 1,6 milhão), Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (R$ 1 milhão) e Universidades do Amazonas e Pará, que têm ações também dirigidas ao Acre (R$ 800 mil).

*Editor do site www.expressoamazonia.com.br.

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