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Amazônia

Bolsonaro ataca terras indígenas em vez de combater incêndios na Amazônia

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu nesta terça-feira com os nove governadores da Amazônia Legal para adotar medidas urgentes de combate aos incêndios que consomem a cada dia pedaços expressivos da grande floresta tropical brasileira, mas acabou não decidindo nada de concreto.

E os governadores saíram do Palácio do Planalto e retornaram a seus estados de mãos vazias, sem terem os recursos que necessitam para combater o avanço cruel do fogo e da fumaça, que cada vez mais adoecem a população e prejudicam a produção e a preciosa biodiversidade amazônica.

Em vez de traçar estratégias e definir com os governadores um plano emergencial de ação conjunta para combater as queimadas nos próximos dias e semanas, o presidente Bolsonaro se restringiu a criticar o presidente francês, Emmanuel Macron, que ofereceu R$ 83 milhões dos países do G-7 para combater os incêndios, e a falar mal dos índios, dizendo que eles têm muitas terras, o que atrasa o desenvolvimento da região.

Na reunião com os governadores, Bolsonaro colocou em segundo plano a série de queimadas pelo país afora e priorizou em sua fala fazer críticas à existência de terras indígenas na Amazônia. Confundindo o Acre com Rondônia e dizendo ser o Amazonas o estado mais importante da região, constrangendo os governadores dos demais estados, Bolsonaro começou questionando cada governante sobre o percentual de reservas indígenas em seus estados, chamando de “irresponsabilidade” a política de demarcação adotada por governos anteriores.

Prometendo fechar até esta quinta-feira um pacote de medidas, com sugestões dos governadores presentes, para a região amazônica, o presidente não explicou detalhes de tal pacote, mas deixou a entender que ele deve contemplar questões relacionadas à demarcação de terras indígenas, que por pouco não foram responsabilizadas sozinhas pelos grandes aumentos do desmatamento e das queimadas, incentivas pelo próprio Bolsonaro ao defender, desde que tomou posse na presidência a expansão do agronegócio e da mineração na região. O pacote será apresentado posteriormente aos governadores.

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Demarcações inviabilizam o país no campo econômico

“A Amazônia foi usada politicamente desde o (presidente Fernando) Collor para cá”, disse. “Aos que me antecederam, foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado, usando o índio ao inviabilizar esses estados”, ressaltou. Ele também afirmou que muitas reservas indígenas têm “aspecto estratégico”, que há índios que não falam português. E ressaltou que uma das intenções das demarcações é inviabilizar o país no campo econômico.

“Com todo o respeito aos que me antecederam, foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado no tocante a isso, usando o índio como massa de manobra. Essa questão ambiental tem de ser conduzida com racionalidade, não com esta quase selvageria, como foi feita nos outros governos”, assinalou o presidente.

Para fechar as críticas, Bolsonaro afirmou que o Ministério da Justiça tem hoje mais de 400 novos pedidos de demarcação de terras indígenas, disse que a política ambiental “não foi usada de forma racional” e citou exemplos de solicitações, que, segundo ele, não devem ser concedidas. “A nossa decisão até o momento é não demarcar. Já extrapolou essa verdadeira psicose no tocante a demarcação de terras”, disse. “Hoje, 40% de Roraima está tomado por terra indígena. Por que tanta terra indígena foi demarcada?”, questionou.

O presidente Bolsonaro foi questionado e criticado por alguns dos governadores presentes no Planalto por não aceitar os R$ 83 milhões doados pelos países do G-7, os mais ricos do mundo, para combater os incêndios na Amazônia. Mais cedo, ao falar à imprensa, Bolsonaro ressaltou que estaria disposto a rever sua decisão de não aceitar os recursos do G-7 caso o presidente francês Emmanuel Macron pedisse desculpas pelas ofensas que fez a ele ao chamá-lo de mentiroso.

Os governadores também manifestaram interesse de negociar diretamente com os países do G-7 e de outras nações as ajudas em favor do combate às queimadas na Amazônia.

*Editor do site www.expressoamazonia.com.br

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