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Jamaxi

Jogo bruto 

O Vice-governador Wherles Rocha (PSL) demonstra obstinação em levar adiante denúncias envolvendo suspeitas de irregularidades em órgãos do governo do Estado. Anunciou e promete cumprir durante esta semana que irá acionar os organismos de controle e apresentar novas denúncias contra o governo de Gladson Cameli. Rocha diz que apresentará uma representação aos Ministérios Públicos Federal e Estadual cobrando providências quanto a malversação de recursos públicos. 

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Alvo 

Wherles Rocha quer que seja investigado a compra de 22.000 kits de livros para o Programa de Educação de Jovens e Adultos conhecido como EJA, por parte da Secretaria de Educação e Esporte (SEE). Segundo o número 2 do executivo estadual, neste contrato foram gastos R$ 13,6 milhões para a aquisição de livros didáticos de várias disciplinas sem a mínima necessidade, vez que os compêndios são ofertados a custo zero pelo governo federal.

Mais do mesmo 

Ainda na área da Educação, Rocha avança dizendo que houve um segundo contrato para a compra de 25,5 mil exemplares do livro “entre sol e chuva” para alunos do ensino fundamental, que dispenderam aos cofres do Estado R$ 1,2 milhão.

Pegadinha do “Malandro” 

Pela narrativa do vice-governador, todas as compras foram feitas por meio de carona, ferramenta estabelecida na Lei de Licitações para casos especiais, quando qualquer ente governamental pode usar preços de licitações feitas por gestões de outras federações, observados, é claro, o preço praticado no mercado local. A título de exemplificação, um produto licitado nos confins do Amazonas, não deve ter o mesmo preço praticado no mercado de nossa capital, vez que o custo do transporte para Rio Branco tem menor valor que àquele de um longínquo município amazonense. 

Substância 

Ainda no dizer de Rocha, suas denúncias virão calçadas em documentos. “Esses kits nunca foram usados, chegaram em plena pandemia e o EJA vem mantendo, desde o ano passado, as aulas on line. Os kits estão guardados nas escolas”, explicou. “O Estado não precisaria comprar os livros, bastava requisitar junto ao programa nacional de livro didático, do governo federal. Ele não entende também porque comprar 22.000 kits, quando existem apenas 7.000 alunos matriculados no EJA”, raciocina. 

Toma que o filho é teu! 

Para o vice-governador, alguém tem que ser responsabilizado por um compra tão grande, com livros que não foram usados e com quantidade muito acima do necessário. Rocha quer investigação nos valores pagos e na carona que foi feita com a licitação com empresas de Manaus.

Laços de família 

Outra denúncia que será apresentada pelo Vice-governador remete as obras de reforma e adequação do Palácio das Secretaria, no centro de Rio Branco. Alardeia Rocha que o governo vai gastar quase R$ 6 milhões em uma construção que poderia esperar. “E o mais grave, a empresa vencedora da licitação é de uma pessoa ligada a família do governador. É mais uma obra que os primos de Gladson Cameli, lucram”, dispara.

Explicações 

Presente as denúncias de Rocha, o líder da oposição na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) disse durante a sessão online de ontem, terça-feira (6), que as declarações do vice-governador são graves e carecem de investigação. O parlamentar afirmou também que a crise entre Major Rocha e Gladson Cameli “extrapolam o simples debate e embate político”.

O passado manda lembranças 

“A entrevista do vice-governador foi um disparar de acusações graves que merecem apuração. Abriu-se uma disputa para ver quem primeiro vai bater o recorde da crise entre governador e vice que chegou ao ápice na época de Edmundo Pinto e Romildo Magalhães. A crise se aprofundou tanto que terminou, como terminou. Há uma escalada de endurecimento na relação política que extrapola o simples debate e embate político. O governo se afoga numa crise de reconstrução de uma base na sociedade e na gestão que não se completa, que não se estrutura”, disse o líder oposicionista.

Sinais trocados 

Em outra frente de análise, Edvaldo Magalhães lembrou de uma recente entrevista concedida pelo governador Gladson Cameli (PP) ao jornalista Luís Carlos Moreira Jorge. Ao veterano colunista Gladson anunciou rompimento com Rocha e com o senador Sérgio Petecão, prometendo demitir do governo todos os indicados do senador do PSD. Magalhães lembrou que Gladson havia dito que não politizaria a pandemia com assuntos relacionados às eleições de 2022, mas acabou antecipando o debate.

Pontapé inicial 

Pela leitura do comunista, Gladson “Abriu com essa atitude a disputa eleitoral que ele dizia que não queria tratar este ano, uma contradição. De lá pra cá, mesmo com a Semana Santa no meio, não foi suficiente para arrefecer os ânimos. A semana começou com o crescimento da escalada da crise política”, destacou o deputado do PCdoB.

Olhando de longe 

Ao final, Edvaldo frisou que àqueles que se juntaram para derrotar a Frente Popular em 2018, estão todos dispersos. Há um racha sem precedentes nas forças que elegeram Gladson sob a ótica de alavancar o desenvolvimento social, gerindo bem os recursos disponíveis. Entretanto, nada disso aconteceu, menciona o deputado.

Tempos de Murici... 

“Anuncia [Gladson] a cada dia uma posição e desdiz dois, três dias da posição anunciada. Está desorientado o governo. Se atola cada vez mais na areia movediça da crise política. Os que se juntaram para derrotar a Frente Popular estão espalhados. É grave esse momento que estamos vivendo e fica desesperador quando aqueles que se juntaram para dar garantia da boa gestão, disputam cada um querendo o olho do outro”.


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Inferno de Dante

Como a reproduzir a primeira parte do cenário descrito no poema épico e teológico escrito por Dante Alighieri no século XIV, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acreditam que apenas um lockdown nacional, com duração mínima de duas semanas, é capaz de conter o avanço da Covid-19 no Brasil. Especialistas ouvidos ontem, terça-feira (6), pela rede de televisão fechada CNN reiteraram que só medidas rígidas podem evitar que o mês de abril seja “ainda pior” que março, o mês mais fatal da pandemia até o momento, com 66.868 óbitos registrados. 

Marcas sinistras 

Esse total representa quase o dobro da marca anterior, de julho de 2020, quando 32,9 mil pessoas perderam a vida para a doença. Dados da Associação Brasileira de Empresas do Setor Funerário (Abredif) apontam que a pandemia fez o país ultrapassar a marca de mil óbitos por dia em março e segue com tendência de alta. A entidade projetava que que, sem a Covid-19, esse número só seria atingido em 20 anos, seguindo os padrões de crescimento e a expectativa de vida no país.

Ação necessária 

A pesquisadora e pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, alertou que o Brasil vai bater novos recordes de mortes e casos de Covid-19 em abril. A especialista alertou que somente um lockdown pode reverter essa tendência. “Só com uma restrição total na circulação das pessoas é que vamos conseguir interromper totalmente as infecções”, avaliou. 

Prudência 

A recomendação por um lockdown nacional já havia sido feita pela fundação no Boletim Observatório Covid-19 de 7 a 20 de março. Professor de Infectologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda também acredita que um cenário mais grave se aproxima nas próximas semanas. Ele disse, entretanto, que a gravidade da situação vai depender se “vamos manter as medidas restritivas ou não”.

Questões estruturais 

Já a sanitarista e pesquisadora Bianca Leandro relaciona o cenário caótico da pandemia de Covid-19 com a desigualdade socioeconômica no país. Segundo ela, o aumento de mortes e casos de Covid-19 do Brasil não pode ser analisado apenas com base nas condições da rede de atendimento em saúde e à circulação de pessoas: “Vem acompanhado de outras condições, como o aumento da fome e a dificuldade de acesso a renda”, afirmou. 

Passos de cágado 

Outra maneira de frear a pandemia seria o avanço da vacinação. Até ontem, terça, 6, o país aplicou ao menos 26 milhões de doses —dessas 20,3 milhões são referentes à primeira dose e 5,6 milhões, à segunda, necessária para ser considerado imunizado. Os números correspondem à 9,6% e 2,6% da população, respectivamente.

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