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Estratégia 

Com o propósito de eleger Lula presidente, o planejamento do PT para as eleições nos estados vai priorizar palanques competitivos de aliados a candidaturas próprias para governador. O partido, em geral criticado por impor hegemonia e dividir votos da esquerda, tende a lançar menos candidatos e buscar mais alianças em 2022.

Prioridades 

A estimativa é de que o partido lance nomes em 7 ou 8 estados e apoie nomes do PSOL, PC do B, PSB, Rede e PSD. As discussões, no entanto, estão apenas começando. “Nossa meta é reconstruir e transformar o Brasil com Lula. Por isso, a estratégia é, de preferência, repetir nos palanques estaduais a aliança nacional. Como a prioridade é Lula, os estados estão condicionados à tática nacional”, diz o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.

Pragmatismo 

O objetivo é fazer com que candidatos favoritos nos estados abracem a candidatura de Lula e façam campanha por ele, mesmo filiados a outros partidos. Quando não for possível, o plano B é lançar um petista. Um exemplo é Minas Gerais, onde a preferência no PT é que Alexandre Kalil (PSD) se engaje na campanha de Lula, mas, se a resistência se mantiver, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) já prepara sua campanha.

Números 

Petistas já calculam que, com a tática de formar alianças, o partido terá menos candidatos a governador em 2022 do que em eleições anteriores. Em 2018, o PT lançou 16 nomes e elegeu 4. Em 2014, foram 17 (5 eleitos); em 2010 houve 10 candidatos (5 eleitos); em 2006, 18 (5 eleitos) e, em 2002, 24 candidatos (3 se elegeram).

Parcerias 

Dentro dessa estratégia que envolve a negociação de apoios a candidatos de partidos como o PSD, MDB e PSB nos estados, tendo como contrapartida o apoio dessas legendas ao ex-presidente em sua tentativa em retornar ao Planalto em 2022, no Acre abre-se a possibilidade do senador Sérgio Petecão (PSD) erguer palanque para o ex-presidente Lula, compondo com o ex-senador Jorge Viana (PT), num entendimento amarrado pelas executivas nacionais do PT e do PSD.

Foco 

Sobre essa engenharia, Viana, a principal liderança do PT no Acre, é taxativo: “Não cabe ter uma visão curta, temos que ter humildade e ter os pés no chão. É como uma travessia no deserto, a gente precisa se abastecer para chegar ao outro lado”, diz. “Vamos conversar com todos os setores não alinhados a Bolsonaro”.

Personificação 

Em novo passo de seu projeto presidencial, Ciro Gomes (PDT-CE) buscará afastar os militares de Jair Bolsonaro ao tentar colar nele a pecha de traidor das Forças Armadas. Ele publicou vídeo sobre o tema ontem, segunda-feira (7). O presidenciável diz que Bolsonaro tem um histórico de traição à categoria e compromete a imagem da tropa.

Perfil 

“Traiu as Forças Armadas desde o início de sua malograda carreira militar, com tentativas de rebelião e até ameaça de atos terroristas. E chegou ao seu ápice, agora, ao se tornar presidente”, afirma Ciro. “No cargo, militarizou de forma farsesca o governo, levando milhares de oficiais da ativa para dentro da burocracia civil , comprometendo a imagem da tropa com ações descabidas de governo. O símbolo maior disso é [o general da ativa e ex-ministro da Saúde Eduardo] Pazuello, mas milhares de outros se escondem nos escaninhos da burocracia”, acrescenta.

Interferência 

O pedetista lembra da crise da troca de comando nas Forças e a pressão sobre o Exército para que Pazuello não fosse punido após ter participado de um ato político do presidente. “Talvez não exista, em toda a história recente da República, um presidente que tenha traído com tanto acinte os valores militares. E o pior: tenta cooptar a tropa através dos salários e não investe na vital renovação de equipamentos”, afirma. 

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Terceira via

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenta articular um acordo no PSDB para lançar o senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência da República em outubro do ano que vem. No entanto, há um senão político: a divisão partidária dificulta um entendimento entre os quatro pré-candidatos e estimula a realização de prévias. 

Problema adicional 

Também existe um obstáculo pessoal, a oposição da família de Tasso a uma campanha que seria desgastante para a saúde do senador. Apesar disso, FHC acredita que Tasso asso seria a melhor opção para o partido em 2022. 

Nova postura 

Durante anos, o ex-presidente enfraqueceu o PSDB ao investir no projeto presidencial do apresentador de TV Luciano Huck, ideia que se revelou o que sempre foi: uma aventura. Huck parece mais interessado em tomar o lugar de Fausto Silva aos domingos na TV Globo do que em se arriscar numa eleição. Daí se mede a sua consistência política.

Nervos em frangalhos 

Huck se assustou com a volta de Lula ao jogo eleitoral devido à decisão do ministro do STF Edson Fachin que restabeleceu os direitos eleitorais do petista. A reviravolta enfraqueceu a aposta na antipolítica feita por FHC ao incensar Huck. FHC acredita que Tasso possa ser um candidato que reposicione o PSDB mais ao centro na política brasileira, afastando o partido do caminho de direita que trilhou nos últimos anos.

Leitura 

Para o ex-presidente FHC, o governador de São Paulo, João Doria, terá dificuldade para viabilizar a sua candidatura ao Palácio do Planalto. Doria sofre os desgastes do embate com Bolsonaro por causa das medidas restritivas, como quarentena e fechamento parcial do comércio. Apesar de ter sido responsável por trazer a CoronaVac ao Brasil, imunizante que pressionou Bolsonaro a sair do discurso antivacina, o tucano enfrenta dificuldades até para eventual reeleição.

Retranca 

Na visão de FHC, seria mais importante Doria concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes para tentar segurar a base política mais importante do tucanato. Os tucanos governam o estado de São Paulo há 26 anos. Outro presidenciável tucano, o governador Eduardo Leite (RS), também deveria se concentrar na tentativa de reeleição. Seria mais importante para os planos de médio e longo prazo do PSDB manter dois governos importantes, acredita FHC.

Reserva 

O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio é mais um que se coloca como opção do PSDB para concorrer à Presidência, mas FHC avalia que Tasso teria um perfil mais nacional e menos beligerante. Seria ideal para uma campanha polarizada entre Bolsonaro e Lula.

Engrenagem amaciada

Em decisão recente, a Executiva Nacional do PSDB montou um modelo de prévias que dá mais poderes aos caciques partidários do que à base do partido, contrariando desejo de Doria. Esse modelo reforça a intenção de buscar uma candidatura por acordo. Tasso seria o nome com mais capacidade de unir Doria, Leite e Virgílio. As prévias do PSDB estão previstas para novembro, mas há debate sobre um eventual adiamento.

Voltando ao começo 

O recente encontro entre FHC e Lula revela que o tucano está mais propenso a voltar a valorizar a classe política, num movimento diferente dos últimos anos nos quais flertou com a Lava Jato e Huck.

Palanque 

Com uma participação importante na CPI da Pandemia, o senador Tasso Jereissati obteve uma vitrine importante. Moderado, Tasso poderia ser um candidato de união do partido e defensor de um programa de centro, pensa FHC. Tasso se opôs aos governos Temer e Bolsonaro, o que lhe dá credenciais oposicionistas melhores do que Doria e Leite, que ficaram com Bolsonaro no segundo turno de 2018 e se afastaram do presidente somente na pandemia.

Remember 

Em 1993, um ano antes de FHC viabilizar sua candidatura à Presidência, houve conversas para lançar uma chapa Lula-Tasso. Hoje, essa aliança é praticamente impossível, mas um apoio tucano a Lula no segundo turno foi defendido abertamente por FHC. O petista também disse que votaria no tucano contra o atual presidente.

Unidos no infortúnio 

A oposição a Bolsonaro reaproximou Lula e FHC. Além do encontro no início de maio, os dois assinaram na semana passada uma nota conjunta contra propostas do ministro Paulo Guedes para o Mercosul. Foi mais um sinal de que, num segundo turno, seria possível ver Lula e FHC no mesmo palanque eleitoral, algo inédito desde 1978. Na ditadura militar, o petista apoiou o tucano, que concorreu na época ao Senado pelo MDB.

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