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Política

Zico Bronzeado troca a política pela medicina: ex-deputado federal passa a ser médico de pacientes indígenas no Amazonas

Zico Bronzeado troca a política pela medicina: ex-deputado federal passa a ser médico de pacientes indígenas no Amazonas

Ao trocar de atividades, ex-político diz que não se arrepende da escoha e que vai se dedicar para buscar o mesmo respeito da spssoas que o elegeram quando ele tinha 23 anos

O ex-deputado federal Zico Bronzeado embarca neste sábado (2) para Belo Horizonte (MG) onde vai fazer um curso de especialização para, depois de 26 dias de estudos, se embrenhar numa aldeia indígena do Amazonas, num dos distritos sanitários de Manaus, para aplicar seus conhecimentos numa nova área de atuação. O ex-deputado, que também foi vereador pelo município de Brasiléia (AC), está fazendo um caminho inverso: trocando a política pela medicina.

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A presença de profissionais de saúde na política acreana não é de agora. Vem desde os tempos da elevação do território do Acre a Estado. Na primeira eleição do novo Estado, em 1962, dos 15 deputados estaduais eleitos, dois dos constituintes eram da área de saúde, o dentista prático Francisco Taumathurgo, eleito pelo PTB em Cruzeiro do Sul, e o médico Augusto Hidalgo de Lima, do PSD, eleito em Rio Branco. Dos sete deputados federais eleitos, um. Mário Maia, era médico.

A prática de médicos atuando na política no Acre teve seu ápice nos anos 90. Em 1994, por exemplo, três médicos disputaram cargos no Executivo (governo e vice-governadoria) e dos 24 deputados estaduais, três (Armando Salvatierra, Álvaro Romero e Hamiton Rocha) eram médicos que trocaram os consultórios pela Assembleia Legislativa.

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A eleição de três médicos como deputados estaduais correspondeu o que as eleições majoritárias também registraram: o candidato a vice do então candidato do MDB ao Governo, Flaviano Melo, era o médico Ilson Ribeiro. Na chapa de Orleir Cameli, a vencedora, não por acaso, o vice também era um médico, o ginecologista Labib Murad. No primeiro turno daquele pleito, a chapa do PT, que ficou pelo caminho, era composta pelos médicos Tião Viana (candidato a governador) e Eduardo Farias (vice).

Também não seria por acaso que a primeira senadora negra da história do Acre, Laélia Alcantara, que assumiu cadeira no Senado em 1981 com a morte do senador titular Adalberto Sena, era médica. Laélia Alcântara nasceu em Salvador (BA) em 1923. Ela se mudou para Rio de Janeiro para fazer a faculdade de medicina. Depois de formada, foi trabalhar no Acre, em um momento que haviam apenas seis médicos na região, sendo a única mulher entre eles.

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A troca de Zico Bronzeado da política pela medicina se reveste de especial atenção porque ele descende de família pobre e sem laços anteriores com a saúde, a não ser na condição de paciente. Filho da dona de casa Maria Sebastiana, atualmente com 81 anos, e do ex-seringueiro e ex-sindicalista Antônio Rodrigues Bronzeado, falecido em 2001, que foi parceiro de Wilson Pinheiro, Chico Mendes e João Maia nas lutas pela pose da terra na região do Alto Acre, nos anos de 1970, nunca pensou em trilhar os caminhos da medicinas. É o sétimo de 10 irmãos. “Viemos para a cidade quando eu tinha 15 anos de idade, para estudar. Na cidade, trabalhei como servente de pedreiro, balconista e depois fui candidato a vereador em 1992, sendo um dos eleitos. Depois reeleito em 1996 e fui eleito presidente da Câmara em 1998, Naquele ano, fui candidato a deputado federal, mas fiquei na segunda suplência com 5.690 votos, tive mais votos que o deputado João Tota, que foi eleito”, revela.

Zico Bronzeado acha que só não se elegeu deputado federal na primeira tentativa porque, na época, a região do Alto Acre não acreditava que um simples vereador poderia ser eleito deputado federal. “Depois, na eleição seguinte, tomaram um susto com a minha votação”, ...depois tomaram um susto com a votação”, disse.

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A vitória de Zico Bronzeado era uma espécie de vingança e relação a seu ái, João Bronzeado, um sindicalista respeitado que, ao se candidatar, em 1988, acabou derrotado. “Tive que conversar com ele para abrir a vaga para mim, que era mais jovem, tinha disposição e se perde-se tinha tempo de disputar outras eleições. Ele topou e me ajudou a ganhar o primeiro mandato”, disse.

O agora médico Zico Bronzeado diz que saiu da política porque passou a perceber que “os tempos mudaram” e que “nem sempre os que trabalham com zelo, com ética, com espírito público e com boas intenções, conseguem se eleger. Ou você faz parte de um sistema ou est[a fora”, resume.

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Foi aí que o político cedeu lugar ao médico. Valendo-se da facilidade de morar em Brasiléia ao lado de Cobija, na Bolívia, onde há cursos de medicina, ele passou a estudar, em busca de novos sonhos. “Meu maior sonho, além de atuar na atenção básica, é fazr fazer uma especialização em geriatria. Um exemplo: no Alto Acre não há um especialista para atender exclusivamente nossos idosos”, aponta.

No momento em que afivelava as malas para seu primeiro compromisso como médico, ao participar de um seminário em Belo Hoiznte para em seguida ser lotado num distrito indígena do Amazonas para clinicar para pacientes dos povos originários da região Amazônica, o agora médico se diz honrado por ter passado pela política sem nada a macular sua biografia e a memória de seu pai. “Não me arrependo de ter deixado a política. Sei que fiz minha parte e quero agora, como médico, alcançar das pessoas o mesmo respeito que me fizeram vereador aos 23 anos de idade”, disse.