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Política

Servidores da Educação cobram que governo do AC cumpra acordo firmado durante greve em 2021

Sindicato diz que governo cumpriu somente dois dos itens do acordo judicial firmado no ano passado para suspender greve. Categoria se reuniu em assembleia geral na última sexta-feira (11) e decidiu retomar a paralisação no estado.

Os trabalhadores da rede pública estadual de Educação cobram que o governo do Acre cumpra com o que foi acertado na Justiça durante greve. A categoria se reuniu em assembleia geral na última sexta-feira (11) e decidiu retomar a paralisação no estado.

Em junho do ano passado, os servidores deram fim a uma greve de mais de um mês após firmarem um acordo e aceitarem o pacote de medidas apresentado pelo governo. A decisão ocorreu durante uma audiência de conciliação com a Secretaria de Educação, Procuradoria-Geral do Estado (PGE-AC) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre.

No entanto, segundo a presidente do sindicato, Rosana Nascimento, do total de itens aceitos no acordo, somente um foi cumprido, que foi o fornecimento de internet e notebook para aos profissionais. A categoria segue na luta por ajustes na tabela do PCCR, correção inflacionária e outros pontos.

“As escolas continuam abandonadas, caindo porta, telhas, e várias outras situações, também não cumpriram os outros pontos. Estamos cumprindo as 72h para deflagração da greve, mas em paralisação, fazendo movimento. Vamos esperar a proposta do governo. Na sexta [11] disseram que estavam com a proposta e que vão fazer uma conversa com o Tribunal de Contas, devido à Lei de Responsabilidade Fiscal, e hoje [segunda, 14] estariam nos entregando”, disse Rosana.

O governo informou que a Secretaria Extraordinária de Assuntos Governamentais (Segov) está em conversa com todas as categorias separadamente. E, para esta segunda, está marcada uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre.

“O governo reforça que não irá agir de forma irresponsável, por isso, está se cercando de todas as medidas para não prejudicar a folha de pagamento”, disse a porta-voz do governador, Mirla Miranda.

Pacote de ações

A categoria aceitou, em junho do ano passado, o pacote de ações e planejamentos apresentado pelo governo estadual para a volta às aulas. Na época, o governo chegou a anunciar que não reconhecia o movimento grevista.

Além das propostas apresentadas no pacote, o Sinteac explicou que o governo se comprometeu com a restruturação das tabelas e correção inflacionária no primeiro semestre de 2022.

Rosana complementou que, com o acordo entre as partes, a multa de R$ 10 mil imposta pela Justiça foi suspensa. O Tribunal de Justiça do Acre aceitou, no dia 24 de maio de 2021, uma tutela de urgência da PGE e mandou suspender a greve.

Medidas

Em uma carta aberta, o governo destacou algumas das propostas apresentadas à categoria, que compõem o pacote medidas já anunciado. Entre elas:

  • Fornecimento de internet e notebook para os profissionais da educação, núcleos, professores, gestores para atividades virtuais;
  • Criação de uma plataforma que conecta professores, alunos e a comunidade escolar com salas de aula virtuais e disponibilização do material;
  • Adequação das escolas com disponibilização de máscaras, álcool em gel e termômetro digital para o retorno das aulas presenciais;
  • Reforma das estruturas físicas das escolas;
  • Regularização da dedicação exclusiva e permanecente;
  • Convocação de novos professores temporários e efetivos;
  • Complementação da jornada de trabalho dos servidores de apoio;
  • Garantia de pagamento de auxílio alimentação no início de 2022, utilizando o recurso do Fundeb;
  • Correção inflacionária no primeiro semestre de 2022, no termos permitidos pela legislação;
  • Instituição de Comissão Mista para propor até o final de 2021 ajustes na tabela do PCCR e na Lei de Gestão Democrática.

Greve

A categoria estava em greve desde o dia 13 de maio de 2021 pela reformulação do PCCR e reajuste no piso salarial. Os servidores chegaram a se reunir em frente ao Palácio Rio Branco para uma vigília em homenagem aos servidores vítimas da Covid-19. Com a paralisação dos trabalhadores, o ano letivo 2021 começou com atraso na maioria das escolas públicas do estado.

educacao 002 webTrabalhadores da rede estadual de Educação ficaram mais de um mês de greve no ano passado — Fotos: Arquivo pessoal

Em Cruzeiro do Sul, os professores percorreram algumas ruas da cidade durante a paralisação. E também fizeram um protesto em frente à Catedral, com faixas de “luto”, caixão e vestidos de preto.

Dia 20 de maio do ano passado, os servidores apresentaram à secretária da pasta, Socorro Neri, as reclamações sobre as condições de trabalho dos servidores do estado. No dia seguinte, o grupo fez um panelaço em frente à PGE para pedir celeridade na emissão do parecer da proposta apresentada pelo governador Gladson Cameli à categoria.

A audiência de conciliação foi marcada pela Justiça após representantes dos grevistas se reunirem com o desembargador Júnior Alberto, que aceitou uma tutela de urgência da PGE e mandou suspender a greve para expor relatórios, motivos e exigências dos servidores.

Um grupo de servidores chegou a acampar em frente ao gabinete da secretária Socorro Neri, dentro da Secretaria Estadual de Educação (SEE). O ato gerou aglomeração nos corredores da secretaria. Os servidores também coletaram assinaturas em um abaixo-assinado para conseguir apoio ao movimento.