Na sessão desta quinta-feira (28), o vereador André Kamai (PT) trouxe à tona um novo capítulo preocupante na gestão da saúde pública de Rio Branco. Enquanto o Governo Federal, por meio do programa Brasil Sorridente, distribui 400 vans odontológicas em todo o país para fortalecer o SUS, a capital acreana ficou de fora da lista de beneficiadas — e não por falta de prioridade, mas por decisão da própria Prefeitura de não aderir ao programa.
Segundo o parlamentar, o Acre receberá cinco unidades totalmente custeadas pela União, destinadas aos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Manoel Urbano, Sena Madureira e Tarauacá. O investimento federal soma R$ 1,9 milhão, sem qualquer custo para os municípios contemplados. “Cada van entregue pelo Governo Federal chega a custo zero para a população. Mas Rio Branco ficou de fora porque a Prefeitura não quis pleitear”, denunciou Kamai.
Em contrapartida, a prefeitura da capital mantém um contrato de locação de dez vans odontológicas que consome cerca de meio milhão de reais por mês dos cofres públicos. Para Kamai, o contraste é escandaloso: “Enquanto outros municípios garantem unidades modernas e gratuitas, Rio Branco insiste em gastar meio milhão mensal com vans alugadas, em um contrato que levanta sérias suspeitas sobre seus reais interesses”.
Outro ponto levantado pelo vereador é a destinação dos profissionais. Muitas unidades básicas de saúde estão sem odontólogos, que acabam deslocados para atender dentro das vans, apenas para cumprir metas do SUS. “O concurso chamou profissionais, mas eles não estão nas unidades de saúde, estão nas vans. Isso é muito estranho. Parece que existe um contrato intocável, que ninguém pode mexer”, criticou.
Kamai concluiu ressaltando que a não adesão de Rio Branco ao programa prejudica diretamente a população que mais precisa de atendimento odontológico gratuito, sobretudo nas periferias e comunidades rurais. “O governo federal abriu as portas. A Prefeitura de Rio Branco preferiu manter um contrato caro e questionável. E a pergunta que fica é: a quem interessa esse contrato milionário?”