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Política

Prefeito de Rio Branco diz que não vai dar aporte financeiro a empresas de ônibus e que elas devem arcar com prejuízos

A gestão passada chegou a pedir autorização da Câmara de Vereadores para repassar R$ 2,5 milhões a empresas devido aos prejuízos causados pela pandemia. Vereadores rejeitaram prosta e motoristas chegaram a fazer cinco dias de protesto e paralisação por conta de salários atrasados

A crise no transporte público em Rio Branco que se arrastar desde o ano passado foi tema de uma reunião nesta quinta-feira (21) entre o prefeito Tião Bocalom e a Superintendência de Transportes e Trânsito de Rio Branco (RBTrans). Bocalom afirmou que não vai repassar nenhum valor extra para as empresas de ônibus e que elas devem arcar com seus prejuízos.

O posicionamento do novo prefeito da capital se deu após a gestão anterior, de Socorro Neri, chegar a cogitar o pagamento de um aporte financeiro para essas empresas.

prefeito webPrefeito de Rio Branco diz que não vai dar aporte financeiro a empresas de ônibus e que elas devem arcar com prejuízos — Foto: Tálita Sabrina/Rede Amazônica

Em dezembro do ano passado, a prefeita apresentou um projeto na Câmara de Vereadores onde previa o repasse de R$ 2,5 milhões para as empresas de ônibus como suporte devido aos prejuízos causados pela pandemia da Covid-19. A proposta foi rejeitada por duas vezes pelos vereadores e, na época, os motoristas de ônibus chegaram a fazer cinco dias de protesto e paralisação por conta de salários atrasados.

Já no final da gestão, Socorro falou que a problematização do transporte coletivo ia ficar a cargo da próxima gestão. A ex-prefeita disse que fez tudo que estava ao seu alcance para tentar ajudar os motoristas de ônibus, mas projeto não foi aceito pelos vereadores.

“As empresas de ônibus têm uma concessão pública, portanto, a responsabilidade do pagamento dos salários dos funcionários não é, nunca foi e nem será da prefeitura, é das empresas de ônibus. Nós não vamos colocar o dinheiro do suor do nosso povo à disposição de empresários. Eles já tiveram muitos lucros no passado e por que não bancam o prejuízo de agora? O Brasil inteiro, todas as empresas brasileiras estão bancando os prejuízos. Então, não vamos dar dinheiro para essas empresas de jeito nenhum, porque esse dinheiro é do povo e eu não vou queimar o dinheiro do povo”, afirmou Bocalom.

O G1 entrou em contato com presidente do Sindicol, Aluízio Abade, que também administra as empresas São Judas e Via Verde, para saber qual a atual situação dos funcionários, se ainda estão com salários atrasados e como as empresas vão resolver a situação com a informação de que a prefeitura não vai repassar aporte financeiro. Mas, ele informou que prefere não comentar sobre o caso para não atrapalhar as negociações.

Sobre novas greves

Com relação à possibilidade de novas greves e paralisação dos serviços de transporte público, o prefeito afirmou que vai tomar medidas para que a população não seja mais afetada.

Ainda segundo Bocalom, na quarta (20) a equipe da RBTrans se reuniu com representantes de empresas e alguns funcionários e ficou definido que as empresas vão fazer o pagamento de dezembro no início do mês de fevereiro.

Além disso, após determinação do prefeito, no prazo de 30 a 40 dias, a RBTrans vai analisar todos os contratos com as empresas de ônibus e deve dar um diagnóstico completo sobre a situação.

“Então é isso, estamos aqui para intermediar isso, nós não queremos greve, mostramos que greve é só prejuízo para nossa sociedade e, se continuarem insistindo que vão fazer greve, que vai dar confusão, não tem problema, a gente abre o transporte para outras empresas, para vans. O que não vou aceitar de jeito nenhum, como prefeito, é que a população sofra por isso”, afirmou Bocalom.

MP exigiu explicações

Ainda em dezembro, a promotora de Justiça do Direito do Consumidor do Ministério Público do Acre (MP-AC), Alessandra Garcia Marques, disse que expediu alguns ofícios à prefeitura e RBTrans exigindo explicações sobre as ações tomadas para regularizar a situação.

“Inclusive, podem pegar pessoas e colocar para dirigir os ônibus, obviamente. Segunda coisa, infelizmente, haverá responsabilidades até no âmbito de improbidade administrativa e civil pública para quem permitiu que durante dois dias os usuários do transporte coletivo ficassem sem o serviço tão essencial”, afirmou.

Ainda segundo a promotora, investigações e levantamentos feitos pelas equipes da promotoria encontraram diversas irregularidades nos contratos entre as empresas e também no aumento da tarifa. Alessandra criticou o município por não realizar licitação e contratar empresas que ofereçam melhorias e mudanças no transporte coletivo.