A atual política ambiental brasileira é de destruição de conquistas, dos recursos naturais e de comunidades tradicionais.
Desde janeiro, foram destruídos 3.445 quilômetros da Floresta Amazônica, um aumento de 39% em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso vêm morte de lideranças e o fim de instituições e ações de combate ao desmatamento, como o programa federal Fundo Amazônia.
“O que está em jogo são conquistas da luta pela diversidade do povo brasileiro”, assim descreve o deputado federal Nilton Tatto (PT/SP). Nesta sexta-feira, 2, o Partido dos Trabalhadores do Acre realizou o seminário As Mudanças nas Política Sócio Ambientais no Brasil, na Universidade Federal do Acre.
Tatto apontou um panorâma perigoso para a sociedade brasileira, mas alertou para importância de continuar com a luta. “Todo dia você tem uma medida que ataca frontalmente aquilo que é cara para nós em uma agenda de país”, afirmou. Recentemente, foi aprovada a Medida Provisória 867, propondo estender até o final de 2020 a adesão de produtores rurais ao código florestal. Ou seja, você poderá desmatar até 2020, e só então se regularizar dentro das regras do código florestal.
O parlamentar lembra ainda que o governo Bolsonaro já liberou mais de R$ 1 bilhão em incentivo fiscal para a cadeia do agrotóxico (ou defensivos agrícolas) nestes sete meses de governo. E levanta a questão: "Imagina se uma parte deste incentivo fosse para a na agroecologia, para levar esse produto, com escala, para as periferias das cidades".
São inúmeras as ações que demonstram o risco de perder o controle sobre o desmatamento e ações ilegais dentro da Amazônia. Um dos principais programas de incentivo a ações sustentáveis e conservação da floresta, o Fundo Amazônia, foi totalmente paralisado, fazendo com que um investimento de mais de R$ 3 bilhões possa ser perdido pelo país.
A omissão do governo federal perante ao crime ambiental também está em curso. Um levantamento feito pelo jornal estadunidense The New York Times aponta que multas, advertências e apreensão ou destruição de equipamentos ilegais em áreas protegidas caíram 20% nos seis primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2018.
O caminho para a destruição está aberto, existe uma organização do governo para alimentar isto cada vez mais e Tatto afirma que é imprescindível equilibrar a luta ambiental da luta pela desigualdade social. Seus anos de experiência nesta área trazem a reflexão que as duas áreas estão totalmente ligadas: "Parto do princípio de que não podemos separar a luta da sustentabilidade e ecológica da luta contra a desigualdade”.
O vereador de Rio Branco, Rodrigo Forneck (PT/AC), também esteve presente ao debate e falou da importância de unir as diferentes agendas que estão sendo atacadas pelo movimento político do governo federal. “O ponto de partida é não nos conformamos com o momento atual. Cada uma das agendas sociais tem retrocessos e precisamos unir os diferentes grupos para enfrentar com mais força esses ataques", declarou.