Em nova visita a Cruzeiro do Sul, o vice-governador Wherles Rocha reafirmou que não retira uma vírgula das denúncias
feitas ainda na campanha eleitoral de 2016 na qual o grupo político do ex-prefeito Vagner Sales é acusado de tentar comprar candidatos a vereadores que disputavam a prefeitura na chapa do então candidato a prefeito do município pelo PSDB, Henrique Afonso. Na ocasião, o então deputado federal Major Rocha, na condição de presidente estadual da sigla, denunciou a manobra à Justiça Eleitoral a partir de uma gravação de áudio feita por um candidato a vereador na qual o ex-prefeito Vagner Sales lhe oferece dinheiro e um futuro cargo para que ele desistisse da disputa. O caso deu origem a um processo que levou à cassação do prefeito Ilderlei Cordeiro, na época aliado de Sales e beneficiado com a desistência do candidato, da qual o executivo está recorrendo na Justiça. Sales está com os direitos políticos por causa deste processo.
Wherles Rocha disse que o prefeito Ilderlei Cordeiro é um amigo pelo qual tem estima, mas reafirmou que mantém as acusações que fez contra Vagner Sales por compreender que este método de fazer política é ilegal. “Como cidadão e dirigente partidário, que respeita seu partido, eu fiz o que precisava ser feito: comuniquei a ilegalidade às autoridades”, disse Rocha, em entrevista exclusiva ao Juruá Em Tempo, em Cruzeiro do Sul, nesta quinta-feira (18). “Foi uma situação que nos incomodou muito. Nós tínhamos uma chapa completa de candidatos a vereadores e de repente esta chapa desapareceu. Recebi uma informação de que havia uma gravação com esta proposta indecorosa e agi na época e agora mesmo mantenho o que disse por entender que aquela não era a melhor forma de fazer política”, acrescentou.
O vice-governador disse que mantém as acusações por entender que é preciso haver ética na política. “Não podemos admitir que práticas como aquela aconteçam. Não tenho nenhum constrangimento em falar disso – até porque eu me sinto autorizado a falar sobre isso porque fui o autor da denúncia contra o ex-presidente Lula. Também trabalhei e me empenhei muito pela eleição do Aécio Neves, mas quando veio à tona aquela situação (gravações em que o ex-candidato a presidente pedia R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista), em nenhum momento eu fiquei em cima do muro e defendi sua expulsão do Partido”, disse.
O processo contra Aécio Neves será decidido no voto, no diretório nacional do PSDB, no próximo dia 22. Rocha também mantém a acusação contra o atual deputado. “Nós não podemos ter ao nosso lado aquelas pessoas que praticam ilegalidades e se forem do nosso partido, têm que ser perdoadas. Eu não penso assim. O certo é o certo e o errado é o errado e eu não estou na política para passar a mão na cabeça de ninguém, mesmo que sejam do meu próprio Partido”, disse. “Denunciei o Aécio Neves por aquela situação e o denunciei ainda na tribuna da Câmara por algumas manobras e acho que temos que nos manter nessa linha e o que é errado tem que ser denunciado. É isso e acabou”, afirmou.