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Política

Justiça federal aceita denúncia contra ex-presidente da Aleac e mais nove por suposto esquema de corrupção

Justiça federal aceita denúncia contra ex-presidente da Aleac e mais nove por suposto esquema de corrupção

Denúncia do MPF aponta Ney Amorim como principal beneficiário do esquema de lavagem de dinheiro por meio de fraude em licitação de contratos de publicidade da Aleac

A Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Ney Amorim, e mais nove pessoas acusadas de participarem de um esquema de lavagem de dinheiro por meio de fraude em licitação de contratos de publicidade. A decisão, do juiz Herley da Luz Brasil, da 2ª Vara Federal Cível e Criminal, foi publicada nessa quinta-feira (6).

O grupo foi denunciado pelos crimes de peculato, fraude em licitações, financiamento ou integração de organização criminosa. A denúncia do MPF aponta Ney Amorim como principal beneficiário do suposto esquema. O g1 entrou em contato com o ex-presidente da Aleac, mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.

A decisão da justiça de aceitar a denúncia contra os investigados ocorre após mais de quatro anos desde que a Polícia Federal deflagrou as operações “Hefesto” e “Hora Extra”, que apuravam possíveis fraudes nos contratos de publicidade da Aleac. Na época, sete pessoas foram presas, entre elas, servidores do Poder Legislativo acreano.

No documento, o magistrado traz de forma detalhada a denúncia do MPF. Além de Amorim, estão entre os denunciados:

  • Adalcimar Nunes de Amorim;
  • Francisco Auricélio Rego;
  • Charlene Maria de Lima, que firmou acordo de delação premiada com o MPF;
  • Ednilson Pereira de Aguiar;
  • Rutembergue Crispim;
  • Robson Diego Vidal, também delator;
  • Wellington Barbosa Pessoa;
  • Thiago de Almeida Alencar; e
  • Emanuelle Brasil Oliveira.

O g1 também não conseguiu contato com os demais citados.

Na delação premiada, a empresária Charlene Lima, segundo consta do documento, confirmou a existência de um esquema de desvio de recursos do contrato de publicidade em proveito da alta cúpula da Aleac.

A denúncia afirma que os recursos foram supostamente desviados por meio de empresas de fachada e contas bancárias de passagem e que chegaram na casa dos mais de R$ 6,7 milhões. Os crimes teriam ocorrido entre os anos de 2012 e 2018.

O documento pontua ainda que a investigação começou a partir de denúncia de tentativa de suborno a servidores da Justiça do Trabalho para encobrir o esquema.

policia federal webOperação Hefesto apurou suposto esquema de fraude em licitações de publicidade na Aleac — Foto: Divulgação/PF-AC

Como funcionava esquema:

Conforme a denúncia, o suposto esquema de desvio de recursos ocorria da seguinte forma:

  • A Aleac fazia o pagamento em favor da empresa C.L Publicidade;
  • em seguida, a empresa de C.L Publicidade repassava parte do recurso a empresas subcontratadas para prestar serviços de publicidade junto à Aleac, entre elas Criativa Publicidade Ltda;
  • depois, a Criativa Publicidade realizava saques em espécie em valores expressivos e repassa ao alto escalão da Aleac.

Qual seria a participação de cada denunciado:

O documento pontua ainda qual seria a participação de cada um dos investigados no suposto esquema.

  • Ney Amorim: teria assinado atos da ‘licitação fraudada’. Segundo o MPF, essa licitação visou a contratação com uma mesma empresa de publicidade, mas com o dobro do valor pago inicialmente, o que possibilitaria o desvio de recursos, sendo o ex-presidente da Aleac o “principal beneficiário” dos saques em espécie .
  • Adalcimar Nunes: ex-Secretário Executivo da Aleac, ele também teria assinado atos da licitação e, segundo MPF, seria o principal operador do esquema, passando a ser, junto à empresária Charlene Lima, a pessoa encarregada da cobrança e recebimento de valores em espécie.
  • Charlene Lima: na condição de empresária responsável pela CL Publicidade esteve de acordo com as solicitações de desvio de recursos dos pagamentos dos contratos de publicidade.
  • Francisco Auricélio da Silva: exerceu o cargo de Secretário Executivo adjunto da Aleac e teria atuado como operador de Ney Amorim, junto com Adalcimar.
  • Rutembergue Crispim: era o subsecretário de Publicidade e Comunicação Social da Aleac e responsável pelo acompanhamento do contrato de publicidade. Nessa condição, assinou justificativa para os aditivos contratuais que aumentaram os valores do contrato. Segundo o MPF, isso teria viabilizado a existência do esquema.
  • Ednilson Pereira Aguiar: seria o operador inicial de Charlene Maria de Lima e quem realizava os saques em espécie por meio da empresa de fachada Criativa Publicidade.
  • Thiago Alencar, assessor parlamentar do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e a esposa, Emanuelle Brasil teriam recebido recursos desviados do contrato de publicidade com a Aleac.