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Política

Investigada por nepotismo, prefeita entra com recurso e consegue manter parentes em cargos públicos no Acre

Investigada por nepotismo, prefeita entra com recurso e consegue manter parentes em cargos públicos no Acre

A prefeita Lucinéia Nery entrou com um agravo de instrumento contra a senteça de primeiro grau do Juízo da Vara Única Cível da Comarca de Tarauacá

A prefeita de Tarauacá, Lucinéia Nery, conseguiu reverter a decisão que determinou a exoneração seis parentes dela e do vereador Francisco Feitoza Batista, mais conhecido por Chico Batista, contratados como servidores comissionados na prefeitura da cidade no interior do Acre.

A gestora entrou com um agravo de instrumento contra a sentença de primeiro grau do Juízo da Vara Única Cível da Comarca de Tarauacá. O g1 não conseguiu contato com as defesas da prefeita e do vereador.

Em junho, após quase dois anos que o Ministério Público Estadual (MP-AC) entrou com uma ação civil pública para investigar a suposta prática de nepotismo por parte da prefeita, a Justiça concedeu uma medida liminar e determinou que os seis servidores nomeados em cargos comissionados e funções de confiança da gestão municipal fossem exonerados.

Na ação, o MP-AC destacou que a prática de contratar parentes de gestores públicos para cargos de confiança ou comissionados é vedada pela Constituição Federal, conforme a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme a Justiça, o vereador Francisco Batista é pai da assessora jurídica do gabinete da prefeitura, Sussiane Souza Batista, da secretária de administração, Suane Souza Batista, e ex-marido da assessora especial, Nilda das Chagas Souza. O parlamentar, inclusive, é tio do marido de Lucinéia, o deputado federal Jesus Sérgio. Os demais citados são:

  • Secretário Municipal de Saúde, Mackenz Oliveira dos Santos – genro do ex-presidente da Câmara de Vereadores
  • Secretária Municipal de Educação, Maria Lucicléia Nery – irmã da prefeita
  • Secretária Municipal de Cultura, Maria Portela Souza - prima da prefeita

Em suas alegações, a prefeita argumentou que entrou com recurso para demonstrar que a ‘mera relação de parentesco não seria suficiente para que fosse declarada a nulidade das nomeações’. Além disso, sustentou que apenas um dos citados é parente da prefeita.

Foi citado também que Chico Batista não ocupa mais o cargo de presidente da Câmara de Vereadores de Tarauacá, ‘aspecto que não teria sido mencionado no feito, mas que influenciou diretamente na fundamentação da decisão combatida’, e que a decisão não especificou em quais elementos se pautou para determinar a exoneração.

Análise da Justiça

Ao analisar o recurso, o desembargador Nonato Maia levou em consideração o fato do vereador não ser mais presidente da Câmara, a aproximação do final do mandato da prefeita, que está terminando a segunda gestão, e também o esvaziamento do primeiro escalão da administração municipal, que ‘poderia acarretar prejuízos incalculáveis para a continuidade dos serviços públicos prestados pelo Poder Executivo’.

O magistrado destacou também que a nomeação dos cargos de chefe de gabinete da prefeitura e de secretário municipal são de natureza política, ou seja, no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), não se submete às restrições impostas pela Súmula Vinculante 13.

“Defiro parcialmente o pedido de concessão de tutela de urgência e supendo os efeitos da decisão recorrida no tocante à determinação de exoneração dos agravantes, mantendo-as até o julgamento definitivo do presente recurso”, argumentou.