Ex-diretor da Odebrecht diz que foi "coagido" pelos procuradores da força-tarefa de Curitiba a "construir um relato"
Um dos delatores do caso do sítio de Atibaia disse em depoimento à Justiça de São Paulo que foi “coagido” pelos procuradores da força-tarefa de Curitiba a “construir um relato”.
Se trata do ex-superintendente da Odebrecht Carlos Armando Paschoal. Ele foi condenado a 2 anos de prisão, em regime aberto, por lavagem de dinheiro no processo que gerou a segunda condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na 13ª Vara de Curitiba, a 12 anos e 11 meses de prisão.
Enquanto prestava depoimento no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) como testemunha de outro processo, sobre improbidade administrativa contra o ex-secretário-executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações do governo Michel Temer (MDB), Elton Santa Fé Zacarias, o ex-diretor foi questionado pelo advogado Igor Tamasauskas sobre o acordo de delação firmado com o Ministério Público federal (MPF) e por que, na colaboração, ele confessou “atos próprios, crimes próprios, ou improbidades próprias”
A resposta do ex-diretor pareceu um desabafo: “Sem nenhuma ironia. Desculpa, doutor. Precisava perguntar isso para os procuradores lá da Lava Jato”, disse completando:
“No caso do sítio, que não tenho absolutamente nada, por exemplo, fui quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido. E eu, na verdade, lá no caso, identifiquei o engenheiro para fazer a obra do sítio. Tive que construir um relato.”
O advogado pede para Paschal explicar o que quis dizer com “construir um relato”, tendo como resposta que seria o mesmo que “fazer um relatório”, explicando em seguida que seria algo como escrever: “olha, aconteceu isso, isso, isso e isso; e eu indiquei o engenheiro para fazer as obras”. As informações são do portal UOL, onde é possível assistir esse trecho do depoimento do ex-diretor da Odebrecht.
O portal de notícias diz que buscou contato com a defesa de Paschoal ao longo de toda a tarde desta segunda-feira (15), mas não teve retorno. A reportagem também enviou o trecho onde o ex-diretor fala que foi coagido à força-tarefa da Lava Jato e obteve como resposta que “a voluntariedade na celebração do acordo foi aferida na sua homologação perante o Supremo Tribunal Federal”.