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Política

Entre os aliados do Governo, família Sales é a mais prejudicada com exonerações

O grupo político de aliados do Governo mais prejudicados pela decisão do governador Gladson Cameli de demitir pelo menos 340 ocupantes de cargos de confiança – pessoas indicadas para as funções por deputados da base de apoio na Assembleia legislativa – foi o do ex-prefeito Vagner Sales,

uma poderosa família política do MDB do Vale do Juruá, que inclui, além do patriarca, a deputada estadual Antônia e a filha Jéssica Salles, deputada federal. Mesmo com tanta capilaridade eleitoral, os Sales viram pelo menos dez de seus protegidos serem atingidos pela caneta de tinta forte de Gladson Cameli.

Só na Secretaria de infraestrutura (Seinfra), um dos nichos da família Sales na atual administração estadual, as demissões atingiram seis protegidos dos Sales, entre eles ninguém menos que Fagner Rojas Sales, filho de Vagner e Antônia Sales e que vem sendo apontado como pré-candidato do MDB de Cruzeiro do Sul e da própria família Sales à Prefeitura do município, já no ano que vem na sucessão do prefeito Ilderlei Cordeiro. Mesmo com o anúncio dos Sales de que Fagner seria candidato a prefeito, o governador Gladson Cameli disse, reiteradas vezes, que seu candidato a prefeito em Cruzeiro do Sul, onde ele é eleitor, em 2020, será Ilderlei Cordeiro (PP), que deverá ser candidato à reeleição. Ilderlei chegou à Prefeitura com o apoio de Vagner e de todos os Sales, mas rompeu com o grupo por não aceitar a interferência do ex-prefeito nos interesses do município e esta decisão fez com que ele atraísse todo o tipo de ódio da família. Os Sales são conhecidos por saberem armazenar mágoas e destilar vinganças.

A demissão de Fagner Sales deve aumentar ainda mais o fosso existente entre a família do ex-prefeito e o governador Gladson Cameli, que já havia, há três meses, demitido o ex-prefeito Vagner da condição de articulador político do Governo. Cameli exonerou o então secretário baseado em lei aprovada pela Assembleia Legislativa, de autoria do deputado Roberto Duarte (MDB), proibindo pessoas condenadas por improbidade administrativa – o caso de Vagner Sales, por crimes cometidos na época em que foi prefeito de Cruzeiro do Sul, de 2008 a 2016 – o exercício de cargos no Governo. Vagner e a deputada Antônia Sales não deglutiram a exoneração muito bem, por acreditarem que, se quisesse, o governador poderia ter mantido o ex-prefeito no cargo, apesar da nova lei.

Agora, com as demais exonerações na Seinfra, o pote de mágoa dos Sales em relação a Gladson Cameli chegou até a tampa e deve entornar de vez com novas demissões, desta vez no Deracre (Departamento de Estradas e Rodagens). Ali, a pesada caneta de Gladson Cameli atingiu pelo menos mais cinco protegido dos Sales, entre os quais o ex-super-poderoso José aria de Lisboa Silva, secretário municipal nos dois mandatos do então prefeito Vagner Sales na Prefeitura de Cruzeiro do Sul, onde era o tal Lisboa que, entre outras coisas, casava e batiza, uma espécie de juiz e também bedel.

Analistas da política acreana dizem que não foi por acaso que a caneta de Gladson Cameli em relação às exonerações tenha sido tão forte em relação aos Sales. É que, além de problemas com a base aliada na derrubada dos vetos de matérias que o governador não queria aprovadas. Gladson Cameli está especialmente chateado com a deputada Antônia Sales pelas críticas pesadas que ela vem fazendo da tribuna da Assembleia contra a secretária de Saúde, Mônica Feres. Num de seus recentes pronunciamentos, a deputada disse que a secretária de Gladson Cameli se faz de “muda, cega e surda”.

A resposta de Gladson Cameli veio fria com uma lâmina: que os protegidos dos Sales cantem em outra freguesia e não em seu Governo. Novos capítulos desta crise vão se desenrolar na semana que vem.