Governador do Acre se pronunciou em vídeo durante a COP-28, nessa quinta-feira (30), após pedido da PGR. Cameli, que é suspeito de comandar esquema de fraude em licitações recebeu apoio de lideranças políticas locais
Em um vídeo postado nas redes sociais nessa quinta-feira (30), o governador do Acre, Gladson Cameli, que está em Dubai para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), falou sobre o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para seu afastamento imediato do cargo. (Veja vídeo acima)
O pedido faz parte da denúncia oferecida nesta terça-feira pela PGR contra Camelli e outras 12 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão caberá à ministra Nancy Andrighi. Leia mais abaixo.
“Acabei de chegar aqui em Dubai, para a COP. Mas, sobre os questionamentos que aconteceram, os últimos fatos, sobre a questão da Procuradoria-Geral da República, primeiro quero dizer que confio na Justiça, acredito na minha consciência, não tenho dúvida da inocência, e que os fatos o quanto antes serão respondidos, serão provados, a nossa inocência”, disse.
Cameli ressaltou que não há fatos novos no pedido e que responderá a cada momento em que for questionado. Além disso, tranquilizou a população do Acre, pedindo que confiem na Justiça.
“Quero dizer a toda população do estado do Acre, que acredito em Deus, acredito na Justiça, nas pessoas e acredito nas pessoas. Peço que se tranquilizem, vamos continuar nossa agenda aqui com muita firmeza, não vai mudar o foco, como já falei, não há nada de fatos novos. E é um procedimento que a Justiça tem que seguir. Sobre os que querem distorcer a situação, o amanhã será a resposta”, completou o governador.
Se efetivado o afastamento de Cameli, a vice-governadora Mailza Assis assume o comando do estado e se torna a segunda governadora do Acre após 40 anos.
Apoio de parlamentares e partido
Pelas redes sociais, deputados estaduais do Acre e a regional do Partido Progressista manifestaram solidariedade ao governador.
O deputado Nicolau Júnior (PP), irmão da ex-primeira dama do estado, publicou palavras de apoio a Cameli. “Quero manifestar aqui a minha solidariedade e apoio ao meu amigo e governador Gladson Cameli nesse momento. O povo do Acre sabe que temos um governador transparente e tem isso como prioridade. @gladsoncameli, conte comigo!”
Em nota, a Executiva Estadual do Progressistas no Acre prestou solidariedade ao governador.
“A Executiva Estadual do Partido Progressistas do Acre vem a público manifestar sua solidariedade e apoio ao governador Gladson Cameli, reiterando sua confiança na justiça e na idoneidade, compromisso e responsabilidade de seu presidente regional. O governador Gladson Cameli é um homem público e líder político respeitado e eleito legitimamente pelo povo acreano, sendo ao longo de sua trajetória um dos nomes que mais trabalhou e honrou o Partido Progressistas no Acre. Esta Executiva Estadual reitera sua confiança no Poder Judiciário, bem como no Superior Tribunal de Justiça (STJ), consciente de que a verdade é a condutora daqueles que zelam pelo bem comum do nosso país.”
O deputado estadual Arlenilson Costa (PL) destacou a presunção de inocência como um princípio Constitucional.
“Diante do novo pedido da Procuradoria Geral da Republica (PGR) junto ao STJ solicitando o afastamento do Governador Gladson Cameli do cargo político que o próprio povo novamente Ihe conferiu no 1° Turno das eleições 2022, DESTACO que no Estado Democrático Brasileiro, vigora o princípio constitucional da presunção de inocência. Nessa quadra, Gladson tem colaborado em juizo para esclarecer questionamentos e contradita-los conforme também lhe garante a Constituição. Saliento ainda que em ocasiões anteriores e sem fatos novos o STJ negou o afastamento do chefe do executivo. Minha solidariedade ao Governador Gladson que tem sido atacado enquanto trabalha pelo povo”, publicou.
O deputado Eduardo Ribeiro (PSD) também manifestou apoio a Cameli. “Manifesto minha confiança na inocência do governador @gladsoncameli reitero meu total apoio e solidariedade. Ninguém deve ser pré-julgado ou julgado antes de uma decisão final da justiça, confio na inocência do governador Gladson Cameli. Confio na inocência do governador Gladson Cameli me colocou à disposição. E reitero meu total apoio e solidariedade ao governador que no momento está cumprindo agenda no exterior.”
O líder do governo na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Manoel Moraes (PP) usou as redes sociais para comentar o assunto.
“Manifesto meu apoio ao Governador Gladson Cameli, tenho total confiança em sua pessoa, conheço seu trabalho e sei da dedicação e seriedade a qual conduz nosso Estado. Cameli é um homem íntegro, que nos últimos anos tem dedicado sua vida a melhorar a vida dos acreanos. A vontade do povo deve prevalecer, Gladson foi eleito com uma votação histórica, com um alto índice de aceitação, ele é o Governador que mais trabalhou e trabalha pelo Acre. Tenho Convicção de que Gladson se afastará do Governo sim, mas no ano de 2026, para ser eleito como o Senador mais bem votado da história desse Estado. Seguiremos juntos, trabalhando pelo desenvolvimento do Acre. Conte sempre com o meu apoio”, disse.
Denúncia
O pedido de afastamento de Cameli faz parte da denúncia oferecida nesta terça-feira (28) pela PGR contra o chefe do Executivo e outras 12 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão caberá à ministra Nancy Andrighi.
A denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o governador Gladson Cameli aponta que a empresa Murano Construções e empresas subcontratadas – sendo o irmão do governador, Gledson Cameli, um dos sócios dessa empresa – teriam pagado propina ao chefe do executivo estadual em valores que superam os R$ 6,1 milhões, por meio do pagamento de parcelas de um apartamento em um bairro nobre de São Paulo e de um carro de luxo.
“Embora a denúncia trate apenas dos crimes praticados no âmbito do contrato firmado pelo governo estadual do Acre com a empresa Murano, há provas de que o esquema se manteve mesmo após o encerramento da contratação. Foram identificados oito contratos com ilegalidades, e a estimativa é que os prejuízos aos cofres públicos alcancem quase R$ 150 milhões”, diz o Ministério Público Federal (MPF).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STF) que o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), seja imediatamente afastado do cargo.
Ao longo de quase 200 páginas, o MPF apresenta amplo material probatório dos crimes praticados e que tiveram como ponto de partida a fraude licitatória, o que consistiu na adesão da Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano do Estado do Acre a uma ata de registro de preços vencida pela empresa Murano, que tem sede em Brasília (DF), e nunca havia prestado serviços no Estado do Acre.
Em nota, o governador do Acre, Gladson Cameli, disse que confia na Justiça, se mantém à disposição para quaisquer esclarecimentos e continua com sua agenda na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre 30 de novembro e 12 de dezembro.
“Diante das publicações recentes veiculadas na imprensa acreana e nacional acerca de denúncia da Procuradoria-Geral da República, e, consequente, pedido de afastamento do exercício do mandato, o governador Gladson Cameli mantém sua confiança na Justiça, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimento, bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do Estado do Acre.”