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Política

Edvaldo Magalhães diz que comunistas terão candidatos em um terço do Acre

Deputado também avalia o governo de Gladson Cameli e o aponta como uma administração sem rumo

e que nem sequer se compôs em quase oito meses no poder

O deputado estadual Edvaldo Magalhães (PC do B), maior liderança da sigla no Estado, está de volta ao parlamento depois de oito anos de ausência, quando perdeu às eleições para o Senado, em 2010, e ficou sem mandato. Sem mandato, mas não sem voz. Foi para a administração estadual, dirigindo órgãos estratégicos e, em 2018, conseguiu obter num novo mandato de deputado estadual, ao lado de seu companheiro de militância comunista Jenilson Leite, este no segundo mandato de deputado estadual.

De volta às atividades parlamentares com o retorno da Assembleia Legislativa neste segundo semestre, o deputado vem se firmando como um – senão o maior – duro crítico do governo de seu conterrâneo de Cruzeiro do Sul, Gladson Cameli (PP). Se ambos têm o umbigo enterrado nas areias e terras do Juruá e embora tenham dividido, em algum momento da política, uma cabeça de tambaqui e uma cuia de farinha, ambos não falam mais a mesma língua. Edvaldo Magalhães, além de crítico duro na fiscalizações das ações do governo, acha que a administração de Gladson Cameli está sem rumo.

Gladson Cameli não só derrotou a esposa do deputado, Perpétua Almeida, na disputa pelo Senado, em 2014, como foi o principal responsável pela derrocada política da Frente Popular, coligação em que o PC do B era uma espécie de fiel da balança, nas eleições de 2018. Apesar da derrota da coligação a qual o partido integrava, os comunistas não estão abatidos: além da eleição de Edvaldo e Jenilson Leite como deputados, o PC do B também conseguiu enviar de volta ao Congresso Nacional a deputada federal Perpétua Almeida.

Com tamanha capilaridade eleitoral, os comunistas querem ser protagonistas nas eleições municipais do ano que vem, quando devem lançar candidatos próprios em pelo menos um terço dos municípios acreanos. A seguir, os melhores trechos da entrevista exclusiva de Edvaldo Magalhães:  

 O PC do B está pronto para às eleições o ano que vem?

Edvaldo Magalhães - Temos um partido organizado nos 22 municípios, portanto apto a participar das eleições. As novas regras exigirão um esforço maior de todos os partidos, se mudanças não ocorrerem até outubro. Chapas própria para vereador é a nova imposição legal. Nesse momento estamos nessa construção. Embora haja no Congresso Nacional uma articulação para alterar o texto legal, devido à imensa quantidade de municípios do país - mais de cinco mil. Isso cria dificuldades até para as chamadas “grandes” legendas. Pode vir aí a Federação de Partidos, o que possibilitaria uma nova conformação de forças no âmbito das alianças municipais. A federação permitiria que duas ou mais legendas se constituam numa aliança nacional por tempo determinado, uma espécie de coligação mais permanente, por no mínimo três anos. Uma aliança mais programática. Falta apenas uma única votação na Câmara, por maioria simples. Se houver esta alteração, muda a estratégia dos partidos no Estado.

Então o PC do B vai disputar a eleição com candidatos próprios? Onde?

Teremos nos meses de setembro, outubro e novembro as nossas Conferências Municipais, onde o conjunto da militância elegerá de forma direta seus dirigentes e definirá a tática eleitoral de cada município. Devemos participar com candidatos próprio em pelo menos um terço dos municípios e em coligação nos demais.

Ha setores que apontam um certo distanciamento do PC do B da prefeita Socorro Neri. Isso é fato?

O PCdoB integra a base de sustentação da prefeita Socorro Neri na Câmara Municipal e faz parte da administração municipal. Portanto, está próximo e não distante.

Se ela for candidata à reeleição o PCdoB a apoia?

O debate acerca das eleições municipais em Rio Branco ocorrerá em momento mais adiante, por uma decisão da própria prefeita. Decisão acertada! O momento é para se gastar energia com o verão. Aproveitar o máximo do tempo com a gestão.

O senhor toparia ser candidato a prefeito?

Estou retomando minhas atividades no parlamento depois de um intervalo de oito anos fora da Assembleia. Estou gostando muito deste retorno.

Politicamente, como o senhor avalia o governo Gladson Cameli?

Um governo em formação e um governo em disputa. Ainda não se compôs plenamente. É só ler o Diário Oficial, que todos os dias sai gente e entra gente. Em áreas sensíveis como a Saúde ainda está à procura de um “rumo”. Ao tempo em que grupos internos disputam de forma dura, silenciosamente por vezes, os rumos do Governo e a hegemonia política sobre o governador.

Alguns afirmam que o atual governo é um governo envelhecido. Concorda com o fato de que é um governo que já nasceu velho?

É um Governo que envelhece rápido pela simples ausência do novo. Uma equipe de maioria inexperiente, sem uma base de apoio técnico administrativa. Estão aprendendo com o barco andando. A onda de “despetização” afastou a memória da gestão. Isso trava processos e fragiliza o cotidiano. Do ponto de política, o plano de governo e suas prioridades são “generalidades”, sem foco. O que dificulta uma ação mais estratégia no tocante à visão de desenvolvimento. Por fim, um núcleo político disperso, sem unidade e com propósitos díspares. O que os unificou foi “derrotar o PT”, agora falta motivos programáticos que os una. Só a disputa de novos espaços de poder funciona como amálgama, o que os leva à tensionamento permanente.

O que acha do anúncio de que o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre, do Amapá, poderia vir a ser candidato a governador pelo Acre?

Não acredito nesse tipo de arranjo. O Acre terá bons nomes a dispor nas próximas eleições. Não precisará importar candidato.