Na sessão desta quarta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta (20), o vereador André Kamai (PT) fez um pronunciamento contundente sobre a formação histórica do Brasil e suas desigualdades mais profundas. Ele lembrou que o país “foi ocupado por europeus, mas construído pela força de trabalho sequestrada e escravizada do povo negro e pelas populações indígenas”, apontando que essa base violenta moldou a estrutura social brasileira.
Kamai destacou que a abolição não representou inclusão real. Segundo ele, após o fim formal da escravidão, essas populações foram “postas na rua sem assistência, sem cuidado e sem atenção do Estado”, perpetuando ciclos de pobreza, exclusão e violência que ainda hoje recaem majoritariamente sobre pessoas negras. Para o parlamentar, não é coincidência que “o Congresso seja majoritariamente branco e as cadeias, majoritariamente negras”.
Em sua fala na tribuna, o vereador defendeu com veemência políticas de ação afirmativa, proteção trabalhista e o combate ao racismo religioso, de gênero e institucional, ressaltando que enfrentar o racismo estrutural é tarefa urgente para superar desigualdades históricas. Ele lembrou que a ideia de “mérito individual” não explica a realidade de quem foi sistematicamente impedido de acessar oportunidades.
Ao concluir, Kamai cobrou compromisso direto da Casa com a educação antirracista. “É fundamental que essa Câmara faça um movimento para que a Lei 10.639 seja efetivamente implementada e para que o Estado avance nesse tema”, declarou, reforçando que a transformação só virá com ação política concreta.
