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Política

Coronavírus - Atestado como portador positivo, presidente do PT diz que está com medo de morrer

Membro de uma família de cardíacos, Cesário Braga sabe que está no grupo de risco e fala dos sintomas da doença e de seu temor

“Estou com medo de morrer e, mais do que isso, fico pensando nas outras pessoas que posso ter contaminado sem saber que já carregava o vírus”. A declaração dramática foi feita na tarde desta segunda-feira (23) pelo militante político Cesário Braga, o “Cesarinho”, presidente regional do PT, um dos acreanos portadores do Coronavírus. O Acre teria pulado de 11 para 14 casos confirmados da doença, entre os quais o ex-governador e ex-senador Jorge Viana, que esteve com Cesário Braga em reuniões políticas nos últimos dias,

Isolado em sua residência, Braga falou com a reportagem do Página20.net por meio da plataforma Whatsapp, via Internete, respondendo perguntas inclusive se está com medo da morte. Integrante de uma família com histórico de problemas respiratórios e cardíacos, cujo pai, o primeiro Cesário Braga, um advogado militante no Acre, morreu, nos anos 90, por infarto, “Cesarinho” admite que esta condição aumenta ainda mais seu medo da morte. “Eu tenho problemas cardíacos. Isso me preocupa um pouquinho mais”, admitiu.

Braga afirmou ainda que não sabe precisar quando e onde contraiu o vírus, mas falou sobre o exato instante em que foi comunicado de que seu teste havia dado positivo. “Não foi uma sensação boa. Li e assisti muitas coisas sobre o vírus, principalmente sobre as milhares de mortes na Europa e Ásia. Logo, passa muitas coisas pela cabeça. Você nunca está preparado para receber uma notícia dessas”, afirmou.

O dirigente partidário mora com quatro pessoas – a esposa e os três filhos, os quais, apesar do contato, não apresentaram os sintomas que ele vem sentindo, uma sensação de gripe forte, coriza e dificuldades para respirar. “Não vou saber precisar com quantas pessoas tive contato desde a contaminação. Venho seguindo as orientações do Ministério da Saúde e do Governo do Estado desde que decretaram a quarentena. Desde terça estou recolhido em minha casa sem contato com ninguém”, disse.

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Às pessoas que tiveram contato com o militante partidário, ele fez um singelo pedido de desculpas. “Peço, primeiro, desculpas por ter colocado elas em contato com vírus. Nunca foi nem nunca será meu objetivo colocar a vida dos meus companheiros e companheiras em risco. Em segundo lugar gostaria de pedir que eles permaneçam em quarentena e caso sintam algum sintoma que procurem imediatamente a UPA do segundo distrito”, acrescentou.

Sobre o governador Gladson Cameli e seu secretário de saúde, Alysson Bestene, apesar de adversário político e ideológico ferrenho, “Cesarinho” chegou a lhes fazer elogios. “Acredito que estão fazendo o possível e tomando medidas adequadas. Não avançam mais por que precisam de ajuda do governo federal, que não está vindo! Eles precisavam de mais condições para realizar exames para confirmação de novos casos”, disse, ao não poupar o presidente Jair Bolsonaro.

“O Bolsonaro é um idiota irresponsável, diferente do ministro Mandetta. Nesse momento era para não haver debates sobre ideologias ou coisas do gênero. O foco deveria ser a vida das pessoas acima de qualquer coisa, mas para o presidente tudo é uma disputa eleitoral, ele está mais preocupado com sua reeleição do que com a vida das pessoas”, disse.

Sobre as atitudes do presidente em relação à Medida Provisória restabelecendo as relações patronais no país, com a suspensão de pagamento e de contratos por ate quatro meses, o dirigente disse que isso mostra o comportamento inadequado do presidente. “É um comportamento tão horrível que o próprio presidente viu a besteira que estava fazendo e está vendo como voltar atrás. É uma irresponsabilidade sem tamanho permitir que os trabalhadores fiquem quatro meses sem receber. Deveríamos estar atrás de soluções eficazes para manter o emprego e salário dos trabalhadores nesse momento difícil. Não ficar atrás de construir gambiarras na legislação para atacar os trabalhadores”, disse.

O dirigente, entretanto, tem uma sugestão para ajudar resolver o problema da contaminação. “Como temos poucos casos confirmados, devíamos proceder com uma busca ativa realizando exames em todas as pessoas que estiveram juntos com os quadros diagnosticados como positivo independe de apresentarem ou não os sintomas”, afirmou. “Isso ajudaria a construir barreiras contra contaminação mais sólidas. O isolamento de uma pessoa diagnosticada como positiva para Coronavírus é bem mais intensa do que para alguém que teve contato mas não tem certeza”, disse