Por meio de um requerimento dos deputados Luís Tchê (PDT), Jenilson Leite (PSB) e Daniel Zen (PT), a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizou na manhã desta sexta-feira (29), uma Sessão Temática em alusão ao Dia da Solidariedade ao Povo Palestino.
A data que é comemorada em 29 de novembro, foi criada pela Resolução nº 32 da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1977. A data também é celebrada no Estado do Acre graças ao Projeto de Lei nº 2.585/2012, de autoria do deputado Luís Tchê.
Neste momento, a militância internacionalista organiza atividades com a intenção de rememorar a tragédia que os palestinos vivem desde 1948, ano em que a ONU aprovou, sem consulta aos habitantes locais, o Plano de Partilha da Palestina. Em tese seriam criados o Estado israelense e o Estado Palestino. Tal não ocorreu. Na verdade, ali se iniciava o martírio dos palestinos.
Sabe-se que um dos conflitos que mais geram tensões e preocupações em todo o mundo é o que envolve judeus e muçulmanos no território de enclave entre Israel e Palestina. Ambos os lados reivindicam o seu próprio espaço de soberania, embora atualmente esse direito seja exercido plenamente apenas pelos israelenses. Com isso, guerras são travadas, grupos considerados terroristas erguem-se, vidas são perdidas e uma paz duradoura encontra-se cada vez mais distante.
Ao fazer a abertura da solenidade, o presidente em exercício do Poder Legislativo, deputado Daniel Zen (PT), ressaltou a importância da sessão. “Estamos hoje realizando está sessão por solidariedade ao próximo. Não é porque os conflitos estão acontecendo bem longe daqui, no outro lado do mundo, que devemos fechar nossos olhos para esta causa”, disse.
Ildo Montezuma, representante do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CEBRAPAZ), disse que o Centro repudia a medida de Donald Trump, que de forma unilateral, instituiu a embaixada estadunidense em Jerusalém.
“Nós repudiamos essa atitude irresponsável, provocativa e desrespeitosa ao Povo Palestino e à ONU, ato que foi copiado de forma caricata pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o que nos envergonha como cidadão brasileiro. Essas provações geraram uma onda de protestos pacíficos reprimidos violentamente por Israel, com centenas de mortes de civis, incluindo crianças, idosos e mulheres. Tais assassinatos, semelhantes a tantos outros já ocorridos, representam verdadeiros crimes contra a humanidade que permanecem impunes”, salientou.
Representando o ex-governador Tião Viana, Virgílio Viana lamentou que o mundo esteja tomado pela ganância e falta de respeito. “Meu pai pediu que eu viesse aqui e deixasse uma mensagem de amor. Sabemos que não há outra cura para esse mundo senão o amor. As pessoas precisam se respeitar acima de tudo. Não haverá paz entre as nações se não existir paz entre as religiões. Espero de verdade que a água do rio Jordão seja capaz de lavar o ódio e a falta de amor que existe entre os povos”, enfatizou.
O Pastor Afonso Gebber, representante do Centro Ecumênico e da Igreja do Evangelho Quadrangular, frisou que o respeito é o anseio do povo Palestino. “Rogo a Deus todos os dias pela paz do povo palestino, precisamos interceder espiritualmente para que a paz possa reinar naquele lugar. Que as Nações Unidas se manifestem e tomem uma decisão o mais rápido possível”, complementou.
Um dos maiores ativistas pela luta dos palestinos no Acre, Abrahim Farhat, o famoso "Lhé", falou da importância das atividades que envolvem o dia 29 de novembro e a luta do povo palestino pela paz.
“Que bom que através de um projeto de lei do deputado Tchê, hoje nós podemos comemorar essa data também no Estado do Acre. Essa data está sendo celebrada em mais de 30 mil cidades no mundo, porque esse é um pedido da ONU. Ao celebrar o dia de hoje, o povo acreano se compromete com a aldeia global. Não estamos sozinhos no mundo, a luta pela paz mundial deve ser constante”, disse.
Nilson Mourão, ex-deputado e antigo ativista da causa palestina, ressaltou que a luta do povo palestino não é apenas pelo reconhecimento de seu Estado, mas para dar cidadania e justiça ao povo. “A causa da Palestina não tem partido político, ideologia, cor, estado ou nação. É uma causa humanista de todas aquelas pessoas independentemente de partido político que compreendem que é uma questão de justiça para aquele povo”, afirmou.
Mourão criticou ainda a decisão do governo brasileiro de abrir um escritório comercial em Jerusalém. “Lamento a posição do governo brasileiro com essa questão. Com essa decisão, ele contraria uma tradição de mais de 70 anos. Nossa posição sobre a causa palestina é clara, aquela região tem que ser dividida em dois estados, o Israelense que já foi consagrado, e o Palestino”, concluiu.