Depois que integrantes de uma família foram diagnosticados com doença de chagas, na comunidade
Triunfo, em Marechal Thaumaturgo, interior do Acre, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac), técnicos da Vigilância em Saúde, e Secretaria Municipal de Saúde foram ao local para tentar identificar novos pacientes e saber como as pessoas contraíram a doença. Na visita, mais seis casos positivos foram confirmados.
Os profissionais em saúde coletaram material para a sorologia em 67 pessoas e enviaram para o Laboratório de Saúde do Estado (Lacen), que confirmou o diagnóstico positivo nos seis pacientes. De acordo com o coordenador da Vigilância em Saúde do Estado, Hélio Cameli, as pessoas que tiveram o diagnóstico positivo já estão em tratamento.
“Uma equipe da Secretaria de Saúde do Município foi à comunidade e foi feito o mesmo procedimento das primeiras famílias que foram diagnosticadas com a doença. Levaram os pacientes para a sede do município e, em seguida, vão ser encaminhados para Cruzeiro do Sul”, disse Cameli.
Dois dos pacientes chegaram a Cruzeiro do Sul ainda nesta quinta-feira (4) e estão internados no Hospital de Referência do Juruá.
“Eles vão passar por uma avaliação da infectologista e da cardiologista para fazer o tratamento. Fisicamente eles estão bem, só que relatam que sentem dores e cansaço”, informou o coordenador.
Os outros pacientes devem ser transferidos de Marechal Thaumaturgo nos próximos dias. De acordo com Cameli, a Vigilância Epidemiológica do município ainda deve visitar a casa de um deles para coletar amostra para exames em outros familiares que também tiveram sintomas, mas ainda não passaram por uma avaliação.
Na visita à comunidade, os técnicos encontram o barbeiro, besouro que transmite a doença de chagas, tanto no interior de algumas casas de pessoas estão com a doença, quanto em palheiras nas proximidades das residências.
“Orientamos a população sobre como se prevenir do barbeiro, porque ele não vai deixar de existir. Pedimos que deixem o entorno de suas casas limpo, sempre construir suas residências um pouco distante da mata e que, quando encontrar algum barbeiro, que possam encaminhar para a gente”, alertou.
O açaí
Segundo a Vigilância em Saúde, a contaminação das pessoas pode ter ocorrido tanto por ingestão, por meio de alimentos como o açaí, quanto pela picada do barbeiro. Uma paciente relatou para a equipe que realmente foi picada por um besouro que também é encontrado nos cachos de açaí quando são retirados da floresta.
“Também orientamos sobre os cuidados que as pessoas devem ter na hora de preparar o açaí. Não é preciso deixar de tomar, mas precisa ter muita atenção com a higiene para evitar a contaminação”, orientou o coordenador.
Com os novos diagnósticos, já são 13 casos de doenças de chagas confirmados na comunidade. No começo de junho, um casal e cinco filhos ficaram mais de duas semanas internados no Hospital do Juruá.
Todos tiveram sintomas da doença, mas o pai e a uma criança tiveram laudos inconclusivos e nos outros os exames foram positivos. Ainda em junho, mais um casal também já tinha sido diagnosticado com doença de chagas na Comunidade Triunfo.