Infectologista reforça importância da vacinação como prevenção. Novas variantes ainda não foram registradas no Acre
Cerca 145.152 pessoas ainda não tomaram a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 no Acre e os dados são ainda mais preocupantes quando se analisa essa cobertura em crianças entre 3 e 11 anos quando 64.081 tomaram a primeira dose da vacina, ou seja, 42%, um número considerado muito abaixo da meta estabelecida para essa faixa etária, que é de 150.938.
Os números foram divulgados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), que tem reforçado a campanha de vacinação após o estado acreano voltar a registrar casos da doença.
“ Estamos vivendo um momento do surgimento de novas variantes no Brasil e no mundo. É inquestionável o aumento dos casos de Covid -19. É preciso que a população do nosso estado, os pais, as mães e os responsáveis pelas nossas crianças as levem até as unidades de saúde para tomarem as suas vacinas não só para Covid, mas também para Influenza e para deixar a carteira de vacinação em dia”, reforçou o infectologista Alan Areal.
Uma nova variante do coronavírus, chamada de BQ.1 já foi identificada no Brasil. Mesmo sem casos suspeitos ou confirmados no estado, o avanço dessa mutação do vírus já preocupa. De acordo com Alan Areal, o surgimento de novas variantes é independente da questão vacinal. Ele acrescenta que esse é um comportamento típico de vírus, que tem essa capacidade de mutação.
E garante; a alta cobertura em todas as faixas etária é a principal arma para combater casos graves da doença.
“Existe um outro vírus que também causa problemas respiratórios, principalmente em crianças, que é o vírus sincicial respiratório (VSR). Manter a vacinação em dia é a maneira barata, eficaz e, acima de tudo, que evita que essas crianças fiquem doentes. Que elas não ocupem leitos de hospitais neste momento. As novas variantes vão surgindo independente da questão vacinal, é um comportamento dos próprios vírus, mas a pessoa, estando com o seu esquema vacinal completo, as chances de evoluir para uma forma grave da Covid é muito rara, então no máximo a pessoa teria uma Covid leve”, orienta.
Negacionismo e politização
Ao mesmo tempo em que o país enfrentavam a pandemia de Covid-19, se viu crescer o movimento antivacina, considerado uma grave ameaça à saúde pública. O médico destaca ainda que o negacionismo e a politização por parte de autoridades acabaram prejudicando a campanha de vacinação.
““Essa é uma discussão que não cabe mais. Ocorreu um negacionismo muito forte, essa questão da vacina da Covid tomou um rumo muito errado e se politizou muito. Parece que nós, que somos um país referência em vacina, estamos perdendo esse status para o mundo. Não só com relação à Covid, mas outras doenças. Agora, em pleno século 21, a gente está enfrentando dificuldades, sendo que seria triste se nós não tivéssemos essas vacinas, que estão disponíveis”, alerta.
Uso da máscara
Em abril deste ano, o governo do Acre decretou o fim da obrigatoriedade da máscara em locais públicos como fechados. O que, segundo o especialista, foi algo precipitado, uma vez que a luta contra o vírus ainda está ocorrendo. Ele citou o doutor Drauzio Varela, uma referência , a respeito da banalização do uso de máscara e das medidas de orientação do uso da máscara.
“A banalização do uso de máscara, das medidas de orientação ou até mesmo a desobrigação do uso da máscara, foi muito precipitado e a gente está enfrentando esse problema dentro dos hospitais. Continuo na linha de frente desde o começo da pandemia e isso tem contribuído muito para conter a contaminação. A máscara é uma coisa tão simples, tão barata, e que protege não só da Covid, mas também da Influenza”, finaliza.
A campanha de vacinação no Acre começou no dia 19 de janeiro de 2021 e, desde o início, foram administradas 1.657.271 doses da vacina contra Covid19, destas 696.619 foram de 1ª dose; 584.312 de 2ª dose; 19.045 dose adicional, 281.142 de 1º reforço, 76.153 de 2º reforço, segundo a Saúde.