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Saúde

Mais da metade dos municípios do Acre não possui hospital geral, aponta estudo do CFM

Mais da metade dos municípios do Acre não possui hospital geral, aponta estudo do CFM

Estado acreano conta ainda com mais de 1,4 mil leitos de internação. Contudo, quatro não possuem nenhum e somente Rio Branco tem Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dados são do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), coordenado pelo Ministério da Saúde

Pelo menos 12 municípios do Acre não possuem Hospital Geral e quatro não possuem leitos. Estes dados compõem um mapeamento intitulado “Radiografia da Saúde nas Fronteiras do Brasil”, divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) nesta terça-feira (20).

Ainda segundo o levantamento, que é feito com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), coordenado pelo Ministério da Saúde, houve um aumento de 18% no número de médicos em relação a 2014, 73% no número de enfermeiros e 29% no de cirurgiões-dentistas em todo o estado.

O relatório mostra também sobre a quantidade de leitos de internação do Sistema Único de Saúde (SUS). Juntos, os municípios possuem 1.445 leitos de internação. Entre 2014 e 2023, oito cidades permaneceram com o mesmo quantitativo, sendo que quatro não possuem nenhum. Somente Rio Branco conta com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelo sistema público.

Foi registrado ainda um aumento na quantidade de cirurgias eletivas. Em 2022, 10.990 cirurgias foram realizadas na região. O número representa 35% a mais que o registrado em 2013. No entanto, entre 2013 e 2022, 20 dos 22 municípios reduziram em mais de 1 milhão o número de consultas.

Dados nacionais

Quatro em cada dez municípios brasileiros que estão na zona de fronteira com outros países não possuem nenhum leito de internação disponível no SUS. Além disso, 92% das 588 cidades fronteiriças não contam com leitos em UTIs. Nessas cidades, também é baixa a oferta de estabelecimentos e de profissionais de saúde na rede pública.

As informações compõem a moldura dos debates que transcorrerão durante o IV Fórum de Médicos de Fronteira, que acontece em Macapá (AP) no dia 20 de junho, e está sendo organizado pelo CFM. O encontro tem como foco discutir a assistência em saúde nessa região, especialmente entre os povos indígenas e ribeirinhos.

Entre os destaques, está a participação de representantes dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ministério dos Povos Indígenas, Exército Brasileiro e Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP).

“São localidades distantes dos centros urbanos e muitas vezes de difícil acesso. Nelas vivem uma população que também precisa ter acesso a diagnósticos e tratamentos. Por isso, a oferta de serviços públicos de qualidade tem sido um desafio”, disse o presidente do CFM, José Hiran Gallo.

O balanço apresentado mostra que 11 estados brasileiros fazem fronteira com outros países: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia Roraima e Santa Catarina. Neles, 588 municípios são considerados fronteiriços. Desse total, 45% não possui hospital geral.

Profissionais da saúde

Os números apurados pelo CFM revelam ainda que os 588 municípios concentram 16.664 médicos cadastrados no CNES. Nos últimos 10 anos, o número de médicos aumentou em 52%. No entanto, ao contrário da maioria dos municípios, em 83 deles houve redução no total de médicos neste período.

A região também possui atualmente 17.214 enfermeiros cadastrados. Desde 2014, o número de enfermeiros nestas cidades aumentou em 92%, porém em 39 municípios houve redução no total deste profissional.

Já os cirurgiões-dentistas somaram 4.228 cadastros no CNES. Apesar do aumento de 22% no número de dentistas que atuam na região ao longo dos últimos 10 anos, em 132 municípios houve redução desse contingente.