A partir de sexta-feira (28), todo paciente que for fazer cirurgia deve fazer teste para Covid. Diariamente, a unidade faz cerca de 1,5 mil atendimentos
A Fundação Hospital do Acre (Fundhacre) vai reduzir, a partir de fevereiro, em 50% os atendimentos feitos na unidade até que a terceira onda da Covid seja controlada. Segundo a direção da unidade, esta é uma medida necessária para conter o avanço da contaminação entre os servidores e também pacientes.
Atualmente, há pelo menos 12 médicos afastados por questões de saúde. Diariamente, a unidade, que é referência para cirurgias eletivas e urgentes, atende uma média de 1,5 mil pacientes. Em janeiro, devido às baixas na equipe, muitas cirurgias tiveram que ser reagendadas.
Apesar do contratempo, a chefe de planejamento da unidade, Duciana Araújo, diz que os pacientes não devem amargar muitos prejuízos, uma vez que todos os setores permanecem funcionando, mas com readequações.
“Não vamos parar nenhum serviço, mas todos sofrerão redução para que com essa redução a gente consiga inibir esse avanço da contaminação, principalmente dentro do serviço com os profissionais de saúde e a população que, de certa forma, está com vários sintomas. Então, essa é a medida mais importante, mas não a única”, destacou.
A gestora destacou que é importante que os pacientes procurem estar com o esquema vacinal completo antes de ir até a unidade. Destacou ainda que vai ser obrigatório que todos os pacientes, antes de entrarem para algum procedimento cirúrgico, façam o teste para Covid.
“A Fundação Hospitalar não é referência para casos de Covid, nem para síndrome gripal, nossos pacientes precisam estar com saúde. Eles não podem estar gripados e nem com sintomas de Covid para serem atendidos na nossa unidade. Para isso, a partir de amanhã [sexta-feira, 28] passaremos a testar todos os pacientes do mapa cirúrgico para garantir a segurança da equipe do centro cirúrgico”, disse.
Ela pediu a compreensão de todos e disse que a medida é necessária. “A gente pede a compreensão da população, porque é uma medida de segurança, que ainda que seja desconfortável ter que fazer um teste antes do procedimento cirúrgico, é necessária, porque um paciente contaminado, contamina a equipe inteira e aí é uma bola de nova e a gente não consegue frear essa contaminação”, destacou.
Além disso, Duciana enfatizou a importância da vacinação. Segundo ela, mesmo que afastados seguindo o isolamento, os funcionários não apresentaram sintomas graves ao ponto de internação e ela acredita que isso seja o reflexo da vacina.
“Hoje nós podemos afirmar que, com a eficácia da vacina, nossos trabalhadores, nenhum dos contaminados, estão internados. Estão todos com sintomas leves, no máximo, moderados, em casa, se recuperando para voltar às atividades normais do serviço do dia a dia, mas é necessário que a população nos ajude, porque sem o cuidado da população a gente não consegue”, apelou.
A gestora garantiu que apesar da redução as cirurgias urgentes não vão parar. “Vamos diminuir o fluxo de pessoas transitando dentro do serviço, mas vamos manter todos aqueles serviços que são de urgência. Cirurgias urgentes não vão parar, consultas urgentes não vão parar, mas a gente precisa neste momento frear essa contaminação que acontece e a gente só consegue fazer isso com a redução do fluxo de pessoas”, acrescentou.
Reagendamento
Segundo a gestora, as pessoas que já tiveram seu procedimento cancelado em janeiro devem remarcar para fevereiro e assim por diante, ficando assim um atraso de um mês diante do cenário do aumento de casos.
“No mês de fevereiro não teremos agendamentos prévios, todos serão refeitos, então não temos uma agenda de seis meses. Nós fazemos essa agenda mensal justamente para garantir que essa remarcação aconteça o mais rápido possível e não haja prejuízo para essas pessoas. A cada mês, a cada semana, é feita uma avaliação de como está epidemiologicamente dentro do hospital e a gente vai retomando as atividades gradativamente. O reagendamento não vai ser para seis meses, um ano, será para o mês seguinte. Então todas as pessoas de janeiro, vão para fevereiro e assim subsequente até que volte à normalidade e a gente acredita que isso seja breve”, garante.
Casos de Covid no estado
O Acre registrou 938 novos casos de Covid-19 nessa quarta-feira (26), de acordo com o boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre). Assim, o número de infectados no estado saiu de 95.594 para 96.532. Três mortes foram registradas, então, o número de vítimas fatais aumentou para 1.860. Só Rio Branco concentra 44.775 casos confirmados.
Ao todo, 82 exames estão à espera de análise do Laboratório Central de Saúde Pública do Acre (Lacen). O número de altas é de 86.745.
No último sábado (22) o estado teve a triste marca de 1.529 casos novos em 24 horas e registrou um novo recorde. A explicação para o aumento é a chegada da variante Ômicron no estado.
Em todo o estado há 57 pessoas internadas, sendo 53 com teste positivo. A taxa de ocupação da UTI nas unidades de saúde é de 50%. Dos 20 leitos existentes, dez estão ocupados. São 10 leitos de UTI em Rio Branco e 10 em Cruzeiro do Sul.
Com o aumento no número de casos, as unidades de saúde voltaram a ficar lotadas em Rio Branco. A busca por testes em farmácias também aumentou.
Os médicos que atendem na rede básica de saúde de Rio Branco suspenderam de forma temporária a greve da categoria que já durava mais de um mês. A decisão ocorre devido a terceira onda de Covid que atinge o estado acreano com elevação de casos da doença.
Ômicron no AC
A Ômicron já responde por quase todos os resultados positivos de Covid no estado do Acre. É o que mostra um boletim de vigilância epidemiológica divulgado pela Rede Corona-ômica, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
O estudo analisou 25 amostras positivas para Covid-19 do estado acreano entre 1º de novembro de 2021 e 6 de janeiro de 2022, e os dados indicam que no mês de janeiro a variante já representa 100% dos testes positivos de coronavírus no Acre.
Em janeiro foram analisados sete casos positivos de Covid-19, sendo que um deles deu que se tratava da Ômicron. Em dezembro, do total de 16 casos analisados, dois deram positivo para a variante. Já no mês de janeiro, os dois casos analisados de Covid indicaram que era a Ômicron.
Apesar dos dados da pesquisa, a Sesacre e a Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco afirmam que ainda não há confirmação oficial de casos de Ômicron no estado e na capital.
Governo decreta emergência
Durante uma coletiva de apresentação do cenário epidemiológico do Acre, o governador Gladson Cameli disse que vai decretar situação de emergência devido ao aumento dos casos de Covid-19, no início do mês de janeiro.
Além disso, o governador junto com a secretária de Saúde, Paula Mariano, alertaram para a importância da vacinação como medida de proteção contra a doença e mantiveram todo estado na bandeira amarela. O Acre está na faixa de atenção desde o dia 24 de dezembro do ano passado, conforme nota divulgada pelo Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19.
Acre permanece na faixa amarela
Mesmo com o aumento no número de casos da doença Acre permanece na faixa amarela. O governador do Acre, Gladson Cameli, pediu o apoio da população para que os casos perem de aumentar em tod que
“Espero não ter que tomar medidas iguais as passadas que tomamos. Não estou preocupado com eleição. Minha preocupação é com o próximo. Preciso do apoio da sociedade, nos ajude a orientar as pessoas, a convencer aquele que ainda não está convencido que a vacina vai proteger a vida dele. Meu filho tem 8 anos e quando chegar a hora dele, vai tomar a vacina. Agora, é hora de deixarmos algumas prioridades e cuidar da própria vida. Só da minha equipe de segurança baixaram cinco. Então, não é brincadeira. Vamos manter na faixa amarela. Vamos focar nas pessoas em proteger a vida das pessoas”, disse Cameli.