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Saúde

Com aumento de internações, hospital de campanha em Cruzeiro do Sul volta a contar com 20 leitos de UTI

Hospital já chegou a ter os 20 leitos, mas, após redução de casos desativou 10 e agora foi preciso ampliar por conta do aumento dos casos. Durante a semana, taxa de ocupação ficou em 100%, segundo boletim da Sesacre, mas direção da unidade nega o colapso e diz que os dez novos leitos foram habilitados antes de chegar nessa situação

O número de internações por Covid-19 em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, voltou a aumentar e já são mais de 40 pacientes internados no hospital de campanha da cidade.

Desde o início da semana, o boletim de assistência divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) mostra que a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensa (UTI) no hospital de campanha chegou no limite e está em 100%. Mas o diretor clínico do hospital, Marlon Holanda nega o colapso e diz que, na verdade, há 20 leitos de UTI na unidade, dos quais 12 estão ocupados.

O boletim assistencial, divulgado pela Sesacre diariamente, desde o ano passado apontava a UTI de Cruzeiro do Sul com apenas 10 leitos.

“Foi um aumento assustador nos últimos 10 dias. Para se ter uma ideia, nós tínhamos três pacientes na UTI há dez dias, hoje nós estamos em 12 e provavelmente aumente mais. Na enfermaria, nós tínhamos uma média de 10 ou 9 pacientes e hoje estamos com 29. E o fluxo na PS Covid, que é onde o paciente tem o primeiro atendimento, aumento muito. Hoje está praticamente 1000% a mais que há dez dias atrás”, afirmou o diretor.

Até essa quinta (21), Cruzeiro do Sul registrou um total de 4.365 casos confirmados de Covid-19 e 73 mortes causadas pela doença. A taxa de incidência da doença na cidade é de 490 para cada 10 mil habitantes.

Em entrevista à CBN Rio Branco, nessa quinta-feira (21), o secretário Estadual de Saúde, Alysson Bestene chegou a dizer que a unidade estava ainda com 10 leitos e que já tinha solicitado a ampliação para mais dez.

No boletim de assistência dessa quinta, veio a informação de que a unidade então passou a ter os 20 leitos, mas logo, o documento saiu do ar no site oficial do governo.

Ao G1, nesta sexta (22), o secretário informou que a unidade tem capacidade para 20 leitos, mas como os casos vinham reduzindo na cidade, foram desativados 10 leitos. No entanto, com o novo aumento de internações, a gestão solicitou da direção da unidade que os dez leitos fossem novamente ativados e isso já foi feito de imediato.

Sobre a informação no boletim durante toda a semana de que a unidade contava apenas com os 10 leitos, ele disse que pode ter sido uma demora na atualização dos dados no documento.

“Reduzimos para dez porque estava dando uma média de internação de cinco a seis pacientes e, de repente, nessa última semana epidemiológica aumentou. E, quando aumentou o número de pacientes, a gente já pediu para colocarem mais dez. Nosso pedido foi feito no início da semana, e eles já ativaram, porque já estava instalado, já tem a capacidade, então só remanejam equipe. Inclusive todo pagamento realizado vai ser de acordo com os números de leitos que estão instalados”, disse o secretário.

Deficit de profissionais

O diretor da unidade falou ainda sobre a situação da quantidade de profissionais para trabalhar no hospital. Segundo ele, foi aumentada a capacidade de atendimento, mas não aumentaram as contratações de profissionais. Além disso, os médicos que atuaram na unidade no início da pandemia, já não estão mais trabalhando no local e voltaram para suas cidades.

“No hospital do Juruá nós tivemos que diminuir o número de médicos, porque são os mesmos médicos que hoje trabalham na UTI Covid, no PS Covid, e na clínica médica Covid. Nós tivemos alguns médicos que foram contratados no início da pandemia, os mesmos já não estão mais, vieram médicos recém formados de Rio Branco, mas já retornaram para suas cidades. Então, hoje os médicos precisam ficar se desdobrando para dar conta. Foi construído um novo hospital, o hospital praticamente dobrou a capacidade de leitos, abriram três novos setores e continuamos com os mesmos médicos”, reclamou Holanda.

Sobre essa situação, o secretário disse que conversou com a provedora do hospital para organizar o fluxo de profissionais. Segundo ele, a provedora é a responsável pela contratação de profissionais. ““Inclusive tem o pessoal da assistência da Sesacre que foi lá se reunir com a regional para ver exatamente esses pontos.”

Pacientes do Amazonas

No último dia 15, a UTI do hospital de campanha de Cruzeiro do Sul recebeu dois pacientes do município de Tabatinga, interior do Amazonas. A transferência se deu por conta da falta de oxigênio em unidades de saúde do estado do Amazonas. A capital amazonense vive um colapso com hospitais sem oxigênio, doentes levados a outros estados, cemitérios sem vagas e toque de recolher.

Logo após receber os pacientes, o secretário de saúde chegou a dizer que o estado voltaria a habilitar mais dez leitos de UTI na unidade para ajudar o estado vizinho.

Depois de quatro dias internado na unidade, o idoso Antônio Lima Barbosa, de 64 anos, um dos que foi transferido do Amazonas para Cruzeiro do Sul, não resistiu e morreu na madrugada do dia 19.