Médico Rosaldo Aguiar foi assassinado na noite de 27 de outubro de 2018, na casa dele, zona rural de Feijó. Dr. Baba era apaixonado pela medicina e cinema
O trio acusado de matar o médico Rosaldo Aguiar, conhecido como “Dr. Baba”, na cidade de Feijó, interior do Acre, em 2018, foi sentenciado a mais de 80 anos de prisão por latrocínio. A decisão é da Vara Criminal da Comarca de Feijó e cabe recurso.
Baba foi surpreendido pelos criminosos, na noite de 27 de outubro de 2018, dentro da casa dele, na zona rural de Feijó. Ele chegou a ser levado para o hospital da cidade, mas não resistiu ao ferimento. Dr. Baba era conhecido por atender ribeirinhos e indígenas de graça e por ter erguido um letreiro de Hollywood em sua propriedade.
Dias após o crime, Felipe Rodrigues, de 19 anos, Lucas Silva de Oliveira, de 28, e José Renê Avelino foram presos pela morte do médico. Na época, a Polícia Civil divulgou que o trio queria roubar a arma da vítima.
A polícia encontrou as duas armas usadas para atirar no médico e a espingarda da vítima que foi roubada. As armas tinham sido jogadas em um terreno baldio próximo à casa de Avelino durante a fuga dos criminosos.
A defesa de Lucas de Oliveira falou que não foi notificada da decisão, mas que vai recorrer do resultado. O advogado Tobias Levi de Lima disse que o cliente dele não citado pelas testemunhas do crime, apenas pelo delegado do caso.
“Li a decisão, e é totalmente contrária ao que foi apurado no processo. Foram ouvidas testemunhas, meu cliente, o Lucas, se quer foi citado por elas, a não se pelo delegado de polícia que formou o juízo dele a partir das investigações, mas não é testemunhas dos fatos. A sentença, para mim, foi contrária as provas que estão nos autos”, frisou.
O G1 não conseguiu contato com as defesas de Felipe Rodrigues e José Renê Avelino até a última atualização desta reportagem.
Sentença
O caso foi julgado pela juíza de Direito Ana Paula Saboya. Na decisão, a magistrada destacou que não restaram dúvidas de que os acusados praticaram o crime.
“As declarações prestadas pelas testemunhas e pelos réus em fase inquisitorial são bastante coerentes e estão em harmonia com as demais provas nos autos. Assim, são suficientes a confirmar que os acusados, agremiados previamente, arquitetaram a subtração do revólver calibre 38, de propriedade da vítima, sendo que para o sucesso do roubo muniram-se com arma de fogo tipo escopeta”, confirmou.
A Justiça acreana negou ainda o direito dos réus de recorrerem em liberdade. As sentenças são: 26 anos e seis meses, 27 anos e seis meses e 29 anos de reclusão.
A juíza detalhou também que a morte do médico trouxe grande abalo para os moradores de Feijó, uma vez que o profissional era bastante conhecido e querido entre a comunidade.
Trabalho solidário e amor pelo cinema
Nascido no Seringal Santa Luzia, no Rio Tarauacá, o médico era apaixonado pela natureza. O doutor Baba também era conhecido no Acre por atender gratuitamente comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas. Ele alegava que preferia ir até os paciente já que muitos não tinham como se locomover até o hospital.
Além da medicina, o médico era apaixonado por cinema e, com sonho de ser ator, construiu um letreiro de Hollywood em casa.
Ele começou a trabalhar no hospital em 1988 como auxiliar de serviços gerais, depois passou para técnico de enfermagem e, em seguida, ingressou no curso de medicina. Além da paixão pelos filmes, ele disse, em matéria publicada pelo G1 em junho de 2017, que nutria o sonho de ser ator desde 18 anos, quando participou de uma peça de teatro, mas teve que abdicar da carreira na arte para se dedicar à medicina.
“Eu quero mais por uma questão de ponto turístico, o meu Hollywood, e pelo sonho de ser ator. Meu sonho era fazer teatro. Eu queria ser ator e ainda não perdi a esperança, se quiserem me contratar eu estou pronto”, disse, na época.