Suspeito dizia que não deixaria vítima treinar em caso de recusa. Segundo a polícia, treinador prometia vaga na diretoria do time para os adolescentes que eram chamados para a casa dele. Prisão ocorreu em Sena Madureira, nesta sexta-feira (28)
O treinador de um time de futebol de Sena Madureira, interior do Acre, de 50 anos, foi preso nesta sexta-feira (28) por suspeita de estupro de vulnerável. Segundo a Polícia Civil, o suspeito comandava um grupo de cerca de 20 adolescentes, com faixa etária acima dos 14 anos.
Na tarde desta sexta, o treinador passou por uma audiência de custódia e a Justiça decidiu mantê-lo preso preventivamente.
A polícia descobriu que as vítimas eram convidadas para irem até a casa do homem após os treinos e sofriam abusos. O crime foi descoberto depois que a irmã de um adolescente de 15 anos desconfiou do comportamento da vítima e procurou o Conselho Tutelar da cidade.
No dia 14 de janeiro deste ano, a família do menino buscou a Delegacia de Sena Madureira para denunciar o caso. A partir da denúncia, a Polícia Civil pediu a prisão preventiva do treinador.
Esse adolescente foi a primeira vítima identificada. Ele contou como os abusos aconteciam e fez exames de corpo de delito que comprovaram o estupro.
“Ele falou o que tinha acontecido, foi feito o exame e o médico atestou ato libidinoso. Hoje o menino tem 15 anos, mas começou a acontecer há um ano. A última vez foi no início do mês”, explicou o delegado responsável pelas investigações, Marcos Frank.
Na delegacia, o suspeito negou os crimes após ser preso. Com a prisão, o delegado espera que mais adolescentes denunciem o suspeito. Na tarde desta sexta, uma segunda vítima foi identificada pela polícia.
“Ele treinava cerca de 20 crianças e quando veio essa denúncia do menor já representei pela prisão preventiva e pretendo ouvir mais pessoas para saber se tem mais vítimas. Identificamos uma vítima e, agora com ele preso, pode ser que outras vítimas criem coragem e apareçam”, destacou Frank.
Ao g1, o advogado de defesa do suspeito, Maycon Moreira, disse que o cliente voltou a negar que tenha abusado dos alunos. Moreira frisou que o processo está no início e, até o momento, não há indícios de autoria e materialidade de forma indubitável que possa acusar o suspeito.
“O que há, supostamente, é a verificação de ter acontecido um ato libidinoso, mas, no processo, olhando, você não consegue vê nada que incrimine ele. Mas, no entanto, o juiz achou por bem, no primeiro momento, manter a prisão preventiva até que haja o desenrolar. O processo mal começou”, argumentou.
Ameaçadas de suspensão
As investigações revelaram que o treinador dizia para as vítimas que se elas não praticassem o ato libidinoso seriam suspensas do time e não participariam mais dos treinos. “Dizia que se não fizessem não iriam treinar. Se fizessem o que ele queria colocaria na diretoria do time”, contou.
O suspeito deve ser ouvido pela polícia e também passará por uma audiência de custódia.
“Esse menino começou a ser abusado em março de 2021 e a última vez foi quando descobrimos o crime, no dia 14. Acontecia os treinos na escola, ele convidava alguns adolescentes para a casa dele. Essa vítima disse que após a reunião ficava sozinho com ele, dizia que queria conversar sozinho com ele”, concluiu o delegado.
Escolinha de futebol
Ainda segundo a defesa, o suspeito tem uma escolinha de futebol que mantêm junto com outras pessoas há mais de 5 anos. A escolinha faz parte de um projeto social do treinador, que cobra mensalidades de R$ 10 a R$ 15 das crianças.
“Só paga quem pode, quem não pode brinca na escolinha normalmente e ele compra material, bolas. Com esse dinheiro também ajuda as famílias carentes do bairro Vitória dando sacolão e outras coisas desse tipo”, afirmou.
Maycon Moreira explicou também que o cliente é réu primário, tem residência fixa e sem passagem pela polícia. Por preencher os requisitos da liberdade provisória, o advogado disse que vai pedir que o treinador responda ao processo em liberdade em prisão domiciliar com o monitoramento eletrônico.
“É isso que vamos pleitar tendo em vista que, no monitoramento eletrônico, a pessoa também está presa, está privada da sua liberdade, a diferença é que estar em casa e não no presídio”, concluiu.