Em interrogatório da delegacia, Natanael Silva Oliveira contou detalhes sobre o dia do crime. Ele foi preso no último dia 14 em Rio Branco e autuado por homicídio qualificado
O tatuador Natanael Silva Oliveira, de 28 anos, que foi preso pela morte do adolescente Adriano Barros Cataiana ocorrida no último dia 12 de julho dentro de um ônibus em Rio Branco, confessou o crime e alegou que estava sendo ameaçado de morte. O adolescente foi assassinado com um tiro na cabeça enquanto ia para a escola.
Oliveira foi preso em flagrante dois dias depois por agentes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no Ramal do Cacau, região da Rodovia AC-40, em Rio Branco. Em interrogatório, ele contou detalhes sobre o dia do crime, que foi classificado pela Polícia Civil como homicídio qualificado por traição, emboscada ou mediante dissimulação, considerado hediondo.
Segundo o suspeito, no dia do crime, por volta das 10h30, ele foi ao bairro Jorge Lavocart e sua primeira parada foi em uma “boca de fumo”, onde comprou drogas antes de seguir para a casa de sua irmã. Depois, relatou que ficou esperando o ônibus, mas não no ponto, porque havia tido sua morte decretada por uma facção criminosa por conta de brigas com a mãe de Adriano.
Ele seguiu contando que quando o ônibus chegou, viu que o filho da ex-companheira tinha entrado e, em seguida, também embarcou. O suspeito relatou que se posicionou em uma cadeira atrás da vítima, tirou a arma da bolsa e efetuou um disparo na cabeça do menino.
Em seguida, o suspeito disse que foi até o motorista, mandou que abrisse a porta do ônibus e fugiu por uma área de mata. Ele disse que quando percebeu a presença dos policiais e, temendo pela própria vida, decidiu se entregar.
Segundo o interrogado, a motivação para o assassinato do adolescente foi que ele estava sendo ameaçado tanto pela vítima quando pela família dela.
Na prisão do suspeito, a polícia também apreendeu a arma de fogo que teria sido usada para matar o jovem. Ela é artesanal e segundo os agentes de polícia, comporta um único projétil.
Ainda segundo o processo, que corre na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco, a Justiça solicitou à direção do Complexo Penitenciário da capital que o suspeito fosse colocado em uma cela separa por conta das ameaças que ele estaria sofrendo. Ao g1, o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) confirmou que o preso está se do mantido em cela especial na unidade prisional e que está sendo providenciada a transferência dele para outro presídio do estado.
Mãe da vítima sofria agressões
O tio do adolescente assassinado, Jomar Machado relatou que a mãe dele já havia sido alvo de duas tentativas de homicídio anteriormente, e que o suspeito recentemente havia feito novas ameaças.
Após o crime, o secretário de Segurança Pública do Acre, coronel José Américo Gaia, informou que as investigações preliminares apontavam que o caso tinha ligação com problema conjugal entre a mãe da vítima e o ex-companheiro dela.
De acordo com o relato do tio, o suspeito foi denunciado várias vezes devido às agressões contra sua sobrinha, porém não chegou a ser preso.
“Ele espancou minha sobrinha várias vezes, por duas vezes furou ela que quase matou. Se a Segurança Pública tivesse feito o trabalho direito, ele não tinha feito isso com meu sobrinho. Estávamos tentando proteger minha sobrinha há uns três meses desse rapaz. Ele tinha feito muitas ameaças, nos últimos dias ele mandou uma mensagem aqui para a casa da minha irmã dizendo que ia tocar no que ela mais amava, mas a gente não suspeitava que ele ia fazer uma coisa dessas com o filho dela”, relatou o tio.
Machado disse ainda que o suposto autor estaria alegando que atirou contra o adolescente porque estava sendo ameaçado por ele e rebate a acusação. A família clama por justiça e pede que qualquer informação relevante seja repassada à polícia, para garantir a prisão do responsável pelo crime.
“Meu sobrinho estava há três meses em Rio Branco, veio estudar e estava sentado no ônibus indo para escola, quando ele atirou pelas costas sem o menino nem ver ou saber. Não ameaçava ninguém, era um rapaz muito tranquilo. A gente lamenta o que aconteceu, ele era um rapaz jovem, bem criado, sempre gostou de colônia, gostava de cavalo. Nós só queremos que a justiça seja feita”, concluiu.