Rio Branco registrou ainda outros dois homicídios entre a tarde e noite do último sábado (12). Durante ataque em baile, Giovana dos Santos de Lima foi morta e mais de 10 pessoas ficaram feridas
A Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) se manifestou nesta segunda-feira (14) sobre as mortes violentas e o ataque em um baile funk registrados no fim de semana em Rio Branco. O diretor operacional da Sejusp, delegado Marcos Frank, afirmou que a pasta não descarta uma ligação entre os crimes e a rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, que terminou com cinco mortos no último dia 26 de julho.
“É possível que possa ter alguma ligação, no entanto, como já afirmei, não existe nada de concreto que leve a concluir nesse sentido”, disse.
Três pessoas foram assassinadas em Rio Branco entre a tarde e noite do último sábado (12). Uma das mortes ocorreu durante um ataque a um baile funk realizado no espaço de eventos Parque das Acácias, na Estrada da Floresta, bairro Floresta Sul. Giovana dos Santos de Lima, de 20 anos, morreu no local após ser atingida com dois tiros e mais de 10 pessoas ficaram feridas.
Criminosos invadiram a área pela parte de trás e pela frente e atiraram em várias pessoas. As vítimas, maioria jovens, participavam do ‘Baile de Rua Premium’. Vídeos, gravados por populares, que circularam nas redes sociais, mostram as pessoas correndo de dentro do clube e jovens caídos no chão feridos, incluindo na entrada.
A equipe da perícia encontrou sete cápsulas de calibre ponto 40 e 14 cápsulas de calibre nove milímetros no chão do clube.
Sobre o ataque, o delegado Marcos Frank disse que o organizador da festa tinha o licenciamento e atendeu as exigências de funcionamento. Sobre a suspeita de que o evento era organizado por uma facção criminosa, o diretor destacou que as investigações vão esclarecer os fatos.
“Se de fato foi, as investigações estão em andamento e devem chegar a uma conclusão no decorrer dos dias”, resumiu.
Homicídios
A capital Rio Branco foi palco de vários ataques criminosos no sábado (12). Dois homens foram assassinados a tiros nos bairros Boa União, região da Baixada da Sobral, e Baixada da Habitasa. Ninguém foi preso.
A primeira vítima foi Gabriel Ferreira Fernandes, de 19 anos, morto com, pelo menos, seis tiros na Rua Três de Agosto, na Baixada da Sobral, quando soltava pipa com amigos. Um homem chegou em uma motocicleta, tentou atropelar Gabriel, sacou uma arma e atirou. Um rapaz que estava próximo também ficou ferido.
Durante à noite, Michel Oliveira da Silva, de 27 anos, teve a casa invadida na Rua Peru, bairro Baixada da Habitasa. Ele estava com um amigo em casa quando foi chamado em frente de casa.
Ao sair para ver quem era, Michel da Silva e o amigo foram baleados pelos criminosos. Segundo a perícia, o rapaz foi assassinado com sete tiros e ficou caído no quintal. Os suspeitos fugiram.
O diretor operacional da Sejusp destacou que a Polícia Militar foi orientada a reforçar as rondas e o serviço ostensivo e a Polícia Civil segue focada nas investigações para dar uma resposta logo aos crimes.
“Tivemos alguns acontecimentos no fim de semana que merecem nossa atenção, os esforços têm sido orientados no sentido de combater o crime organizado. Como diretriz, desde as primeiras horas dos acontecimentos foi estabelecido que a Polícia Militar intensificaria o policiamento ostensivo e a Polícia Civil segue fazendo sua atribuição constitucional, que é de apurar as infrações penais. As investigações estão em andamento, pretendemos chegar à elucidação dos crimes e apresentar os resultados ainda no decorrer dos dias. Ações e o planejamento têm sido no sentido de promover a paz social”, concluiu.
Rebelião
A rebelião na unidade de segurança terminou apenas na quinta (27) após mais 24 horas. Com pausa, a negociação com os presos que mantinham um policial penal refém, durou cerca de 16 horas. Cinco presos, que seriam de uma facção rival aos rebelados, foram mortos no conflito. Destes, três tiveram a cabeça arrancada.
Um policial penal foi atingido ainda com um tiro de raspão no olho e um preso levou um tiro no braço. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) iniciou uma investigação para descobrir todas as causas da situação. A pasta trata o caso como uma tentativa de fuga no presídio.
Dois inquéritos foram abertos pela Polícia Civil para investigar como foi a dinâmica da rebelião dentro do presídio de segurança máxima.
Há duas possibilidades de motivação: a que a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) divulgou oficialmente é de houve uma tentativa de fuga de 13 presos, que foram contidos e, por conta disso, teria mantido reféns para garantir as negociações
Há também uma versão de que a facção criminosa que orquestrou a rebelião queria apenas entrar no pavilhão da grupo criminoso rival e matar os integrantes para demonstrar poder na guerra por territórios.
Toda a dinâmica e motivação devem ser esclarecidas nos inquéritos abertos pela Polícia Civil. O primeiro vai ser conduzido pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP) e o outro conduzido pelo Departamento Técnico-Científico, onde será possível traçar como iniciou a rebelião dentro da unidade.
Os inquéritos têm 30 dias para serem concluídos.