Homem foi levado nessa quinta-feira (15) por policiais militares para a Upa do Segundo Distrito, em Rio Branco. Caso é acompanhado por equipe de assistência social e direitos humanos do município
O imigrante de 41 anos que abandonou os três filhos de 4, 5 e 7 anos em um motel de Rio Branco foi encontrado nessa quinta-feira (15) pela Polícia Militar no Polo Benfica, no Segundo Distrito da capital acreana. O homem estava desorientado e com marcas de agressões pelo rosto.
A informação foi confirmada ao g1 pela diretora de direitos humanos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), Rila Freze. Segundo ela, o homem, que é de Guiné, foi levado pela polícia para a Unidade de Pronto Atendimento (Upa) do Segundo Distrito. O imigrante aparentava estar sob efeito de drogas.
“Ele estava desorientado, bem abatido e estamos fazendo estudo de caso e acompanhando. Não podemos passar muitas informações, porque não sabemos exatamente o que aconteceu. Aparentemente, ele levou algum murro, porque estava com olho machucado. A gente precisa primeiro averiguar o que está acontecendo, para garantir a segurança dele e também das crianças. Ele está hospitalizado, foi levado para a UPA e de lá os médicos iam tomar as providências necessárias. Temos que deixar claro que ele não é obrigado a ficar no hospital, nem a gente e nem o hospital pode obrigar”, afirmou Rila.
A diretora informou ainda que será encaminhado um relatório sobre o caso ao Ministério Público. “Estamos acompanhando justamente para fazer a garantia de direitos tanto das crianças, quanto dele. E vamos encaminhar o caso às autoridades competentes para tomares as devidas providências. Pelo que soubemos, ele já está no Brasil há um tempo, não é de agora, mas não sabemos em qual estado, se era no Acre.”
Ainda segundo Rila, o caso dos imigrantes chegou ao conhecimento da secretaria antes das crianças serem abandonadas. Uma foto mostra que o homem foi até a Upa do Segundo Distrito com os filhos no mesmo dia e funcionários do local acionaram a SASDH, mas, quando a equipe chegou ao local, ele já tinha saído da unidade com os filhos.
“Esse caso chegou para a gente ainda na terça à noite, uma equipe foi até o hospital para fazer o diálogo com ele, mas já tinha ido embora com as crianças. Fizemos busca ativa por eles ali na região, e aí no outro dia foi que a polícia encontrou as crianças.
‘Caso sensível’
Maria da Luz, que é gestora de políticas públicas e chefe do departamento de proteção e defesa dos Direitos Humanos, disse que está acompanhando o caso, mas que é necessário seguir o fluxograma para que as instituições cumpram seus papéis e o Estado atue, caso seja necessário.
“Na verdade, tem coisas que a gente tem que se reservar, esperar o resultado da escuta da polícia. Estou em contato com o município e já sinalizei que qualquer encaminhamento que seja demanda do Estado seja oficializado para podermos agir. Existe um fluxo que precisa seguir, mas estou acompanhando desde o começo. Algumas informações também precisam ser resguardadas porque se trata de um caso bastante sensível. Já também estou em contato com o jurídico para, caso seja necessário, a gente agir”, destacou.
Crianças não tinham sinais de maus-tratos
Os três irmãos que foram abandonados pelo pai não tinham sinais de maus-tratos, estavam alimentados e pareciam bem cuidados, segundo informou o 3º Conselho Tutelar da capital acreana, que atendeu o caso e encaminhou as crianças para um abrigo.
As crianças foram deixadas pelo pai dentro de um quarto de um motel do Segundo Distrito de Rio Branco na manhã de quarta-feira (14).
A Polícia Militar (PM-AC) foi acionada por funcionários do motel. O imigrante entrou a pé com as crianças, um menino e duas meninas, foi até um quarto, as deixou no local e foi embora. Uma funcionária, que teria visto a situação, ainda tentou questionar o homem, mas ele não falava português e fugiu.
“As crianças são bem tratadas, não vimos hematomas, marcas, elas interagiram e brincaram com a gente. São muito brincalhonas. Entre eles, falam outro idioma que não identifiquei. Já com a gente falaram um pouco português”, explicou o conselheiro Enéas Marques.
Ainda segundo o conselheiro, foi aplicada uma medida de acolhimento e os irmãos levados para um abrigo. Lá, eles têm acesso à toda rede de apoio e proteção de crianças e adolescentes. As crianças não souberam dizer o país de origem, quanto tempo estão no Acre e nem onde moravam.
“Não demonstraram nenhum tipo de maus-tratos, timidez, medo, susto. A criança transparece isso quando sofre algum tipo de agressão. Não temos nada, nem nome de pai e nem mãe”, concluiu.
Polícia Civil investiga
Ainda segundo o 3º Conselho Tutelar de Rio Branco, o caso foi repassado para a Polícia Civil investigar. O Ministério Público Estadual (MP-AC) também foi acionado.
O delegado Alberto Dalacosta, da Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Decav) confirmou nessa quinta (15) que está investigando o abandono das crianças, contudo, não pode repassar nenhuma informação porque, por se tratar de um caso que envolve crianças, as investigações estão sob sigilo. Nesta sexta-feira (16), o g1 não conseguiu contato com a autoridade policial.