Número de homicídios no Acre saiu de 205 para 241, entre 2021 e 2022. Dados são do Atlas da Violência 2024 produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)
O número de homicídios no Acre teve um aumento de quase 16% entre 2021 e 2022, segundo o Atlas da Violência 2024 produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgado nessa terça-feira (18). Em 2021, o estado acreano registrou 205 mortes e no ano seguinte 241.
Mesmo com esse aumento, o estado acreano registrou a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes na região Norte em 2022: 26,4.
O estado da região com a maior taxa foi o Amazonas, com 42,5. Segundo o Atlas da Violência 2024, no Norte existe a atuação de pelo menos dez organizações criminosas internacionais nas áreas de fronteira, que atuam em conjunto com os grupos brasileiros e em outras vezes disputam rotas e territórios.
“O Acre, que já teve a maior taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes da região Norte no ano de 2017 (61,5), apresentou o menor resultado em 2022 (26,7), uma redução de expressivos 56,6% no período, voltando aos patamares observados no estado entre 2012 e 2015”, diz o estudo.
Em nota, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) destacou que tem um plano estratégico de atuação integrada, que envolve todas as forças de segurança, a Força Nacional, a Polícia Federal e a Rodoviária Federal. Esse plano inclui ainda ações em todos os municípios de fronteiras, com operações integradas das polícias Militar e Civil.
“Também temos a Operação Protetor das Divisas e Fronteiras, que é uma cooperação com o governo federal. Isso traz um reflexo para as ações, como constamos com a redução no número de homicídios nos últimos anos”, destaca.
Guerra de facções
Em 2019, o g1 mostrou como a guerra entre facções fez com que os acreanos assistissem ao aumento desenfreado da violência no estado. A disputa entre grupos criminosos explodiu no fim de 2015, quando foram registrados os primeiros ataques em Rio Branco.
Em meados de 2016, houve uma intensificação da guerra com o racha entre duas facções criminosas, criando um ambiente de tensão nos presídios e promovendo confrontos em diversos estados. O boom das mortes violentas no estado foi no ano de 2017, quando ocorreram 530 mortes violentas. Se comparado a 2014, esse número subiu 159,8%.
O estudo destaca que, a partir de 2018, foram tomadas várias ações que ajudaram a estabilizar a guerra entre os grupos criminosos e também a redução nas mortes. Entre elas estão:
- a implantação de fato do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves em Rio Branco;
- a criação de uma delegacia voltada para investigar somente os crimes de homicídio - DHPP;
- a separação dos presos por facção dentro das cadeias do estado;
- a criação do Programa Acre pela Vida;
- a criação do Observatório de Análise Criminal no Ministério Público (MP);
- a integração dos setores de inteligência da Polícia Civil e do Gaeco/MP – aumentando significativamente o número de denunciados por organização criminosa;
- a realização de cooperação técnica com o governo boliviano e com os estados do Amazonas e Rondônia, que possibilitaram a atuação integrada na faixa de fronteira e troca de informações sobre a atuação do narcotráfico na região.
Outros resultados do Acre no Atlas:
- Acre teve a quarta maior taxa de homicídios de mulheres por 100 mil habitantes da região Norte no período avaliado: 5,1;
- Houve um aumento de 14,3% no número de homicídios de mulheres negras entre 2021 (26 mortes) e 2022 (16 mortes);
- A taxa de homicídios de indígenas no Acre é de 30,3, maior que a média nacional;
- Número de homicídios por arma de fogo aumentou 19,5% entre 2021 e 2022: total subiu de 118 para 141.