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Polícia

No Acre, PF cumpre 11 mandados de busca e apreensão contra financiadores de atos antidemocráticos

No Acre, PF cumpre 11 mandados de busca e apreensão contra financiadores de atos antidemocráticos

Entre os 11 mandados cumpridos pela Polícia Federal do Acre, houve cumprimento de medida em Boca do Acre (AM)

A Polícia Federal no Acre cumpre, nesta quinta-feira (15), 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, em apuração que tramita na Corte acerca dos bloqueios de rodovias após a proclamação do resultado das Eleições Gerais de 2022.

Ao todo são nove medidas cumpridas nos municípios acreanos de Brasiléia, Epitaciolândia e Rio Branco. Além disso, policiais federais do Acre cumprem dois mandados judicial na cidade de Boca do Acre, no Amazonas. Atualmente não há nenhum bloqueio em rodovias federais no Acre, mas um grupo segue acampado em frente ao Comando de Fronteira do Acre (4º BIS), em Rio Branco.

Em todo país, a operação cumpre 81 mandados de busca e apreensão. Além do Acre, as medidas estão sendo cumpridas nos estados do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e no Distrito Federal, em face de pessoas físicas e jurídicas identificadas pelas forças federais e locais de Segurança Pública. A PF não informou o nome dos alvos da ação.

Gabinete de crise

No dia 23 de novembro, o governo do Acre montou um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com relação aos prejuízos causados pelos bloqueios ilegais na BR-364, em Rondônia, que dá acesso ao estado acreano. Atualmente, também não há registro de bloqueios no estado vizinho. O decreto com a criação do grupo foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), com validade de 15 dias.

Na época, o governador do Acre, Gladson Cameli pediu reforço da Força Nacional para evitar os bloqueios.

Os bloqueios feitos por bolsonaristas em trechos da rodovia federal, que é a única estrada que liga o Acre ao restante do país, começaram no dia 30 de outubro, após o resultado das eleições presidenciais.

As manifestações ilegais causaram desabastecimento no mercado acreano. Segundo associações e entidades, chegou a faltar alimentos perecíveis, combustíveis, cerveja e cimento. Nesse período, filas quilométricas se formaram nos postos de combustíveis da capital acreana por conta da falta de combustíveis.

Outro setor afetado na época com a falta de combustível foi o transporte público. Dos 101 veículos que circulam diariamente na zona urbana e rural da capital, apenas 71 ficaram atendendo a população por cerca de três dias para economizar combustível.

Também na época, segundo o diretor-presidente do Saerb, Enoque Pereira, não chegou a faltar água em Rio Branco, mas a empresa foi obrigada a diminuir a vazão nas duas estações de tratamento (ETAs) para atender à população.

Apontados como financiadores dos movimentos no AC

O Ministério Público do Acre (MP-AC), identificou dois financiadores dos atos antidemocráticos que ocorrem em Rio Branco, que seriam os agropecuaristas Jorge José de Moura, mais conhecido como Rei da Soja, e Henrique Luís Cardoso Neto, dois dos maiores agropecuarista do estado, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC).

Ao g1, o presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Veronez, confirmou que os dois são grandes produtores tanto com relação à pecuária, quanto com a agricultura. Jorge, inclusive é conhecido como o “Rei da Soja” no estado.

Em 6 de novembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Militar do Acre fizesse a “imediata desobstrução de todas as vias públicas que, ilicitamente, estivessem com seu trânsito interrompido” por atos antidemocráticos no estado. A Justiça do Acre já havia determinado a desobstrução da área no dia 4 de novembro, mas a PM-AC tinha ido ao local e não retirou o grupo.

Jorge de Moura, conhecido como ‘Rei da Soja’ em todo o estado, aparece, inclusive em um vídeo gravado no dia 1º de novembro em um dos pontos da BR-364 . Ele faz o chamamento para que o grupo vá para a frente do Exército no dia 2 de novembro, data em que os bolsonarista passaram a acampar no 4º Bis.

O segundo apontado como financiador é Henrique Luís Cardoso Neto, que mora em Senador Guiomard, no interior do Acre. Ele já foi candidato a vereador na cidade de Senador Guiomard e apareceu tecendo duras críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes. No dia 7 de novembro, em um site local, após ser citado como financiador dos atos, ele fez declarações a um site local e também criticou a atuação do ministro do STF. No mesmo dia, o procurador do MP-AC, Danilo Lovisaro, enviou a informação ao Supremo, destacando que as falas do pecuarista atacavam a honra do ministro.

Ato em frente ao Exército

O grupo passou a ocupar a rua Colômbia, em frente ao 4º BIS, em Rio Branco, no dia 2 de novembro. Durante o dia eles se revezam e à noite, geralmente, o movimento aumenta. Com uso de microfones, eles pedem intervenção das forças armadas, o que é crime, de acordo com a Constituição, porque atenta o Estado democrático de direito.

É comum a presença de crianças. Tendas foram montadas e o grupo também ocupa um terreno baldio que há no local. Há distribuição de refeições, e o espaço também se tornou ponto de venda de blusas do Brasil. A Polícia Militar chegou a ir no loca, mas não retirou o grupo porque alegou não ocorre obstrução de ruas.