Delegado Luis Tonini, responsável pelo caso, diz que ainda é necessário que exames confirmem se corpo é realmente de Francisco Aparecido Oliveira Lima, que estava desaparecido há 15 dias. Corpo foi achado nessa quinta-feira (10), dentro de um igarapé, no município de Epitaciolândia
Um corpo achado dentro do igarapé Ina, na zona rural do município de Epitaciolândia, interior do Acre, pode ser do acreano Francisco Aparecido Oliveira Lima, de 21 anos, que estava desaparecido há 15 dias. O corpo foi achado por pescadores dentro do igarapé, que fica nas proximidades do km 32 da BR 317, sentido Rio Branco.
Abalada, a esposa de Lima, Aparecida Nascimento, disse que pelas fotos que a família recebeu não há dúvidas de que seja o marido. “Pelas fotos que mandaram para a gente, já foi feito o reconhecimento, é ele mesmo, a roupa que ele saiu de casa é a mesma que ele estava quando foi achado.”
A família de Lima estava desesperada em busca de saber o que havia acontecido com o jovem, mais conhecido como Chiquinho. A família afirma que ele havia sido preso no lado boliviano, no último dia 28, passou por três delegacias no país vizinho e um documento confirmava que ele havia sido entregue para a polícia brasileira.
O delegado responsável pelo caso, Luis Tonini, disse que o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal, em Rio Branco, para que sejam feitos exames que comprovem que o corpo é realmente de Lima.
“Vai ser necessário fazer exames médicos com realização de exames de DNA com alguém da família ou até mesmo com a mãe, que está em Rio Branco. Há dúvidas, a princípio, suspeita-se que o corpo seja dele, mas, no estado em que o corpo estava, a mãe relatou alguma coisa de que seria realmente o corpo dele, mas precisamos do resultado do exame.”
O delegado informou ainda que assim que souberam a informação de que um corpo teria sido achado no igarapé, as equipes saíram e pediram reforço dos bombeiros.
“A mãe disse que recebeu a informação de que teria sido achado um corpo e aí a gente saiu em diligências por volta das 17 horas de quinta [10]. O igarapé não é muito fundo, o corpo ficou preso em alguns galhos de árvore. O corpo foi achado do lado brasileiro mesmo, o quilômetro 32 é na BR, na margem. O corpo estava com uma parte da cabeça sem o crânio, não possuía crânio, a marca de violência que tinha nele é justamente essa, desconfigurado em relação à face, acho que ele estava ali a mais ou menos uns três dias, pois ainda não estava em estágio elevado de decomposição.”
Tonini disse ainda que a principal suspeita é que a pessoa achada no igarapé tenha sido morta nas proximidades de onde o corpo foi achado.
“Provavelmente ele deve ter sido morto lá na BR mesmo e, como o igarapé está raso, ele submergiu logo ele foi desovado ali. Têm duas possibilidades, uma de ele ter sido morto ali no local mesmo, ou ter sido apenas desovado ali. As roupas que a mãe dele narrou para um policial apontam que seja desse rapaz”, complementou.
Guerra de facção
O delegado afirmou ainda que a principal linha de investigação é que o crime tenha sido cometido devido à guerra de facções.
“A suspeita do crime é mesmo guerra de facção, se for ele [Lima], ele era suspeito de ser autor de dois homicídios, esses últimos dois que aconteceram em Epitaciolândia, inclusive com reconhecimento facial. No dia em que ele matou o Fadel, na invasão liberdade, ele foi de cara limpa, inclusive eu ia pedir a prisão dele e de outro comparsa. Ele matou duas pessoas ligadas a uma facção e um era, inclusive, uma liderança. O direcionamento desse caso é que seja vingança, não tem como, até a forma como o corpo estava, sem a cabeça, há indícios de guerra de facção”.
Preso na Bolívia
A família afirma que Lima foi abordado por militares bolivianos. A esposa dele informou que eles estavam na Bolívia e quando ele passava por uma rua havia acabado de acontecer um assalto e, por isso, foi abordado.
“Ele foi pego, atendido pelo Corpo de Bombeiros, estava no mototáxi e foi levado para a Corporação e de lá foi para mais dois departamentos. Nós fomos no consulado, fomos no lado brasileiro, no Ministério Público, fomos em todos os lugares que a gente tinha que ir. Falaram que não haviam feito nenhuma passagem de brasileiros para o Brasil, que não constava nada. Depois falaram que entregaram ele para a polícia brasileira.”
O g1 entrou em contato com o consulado do Brasil na Bolívia e foi informado que “na jurisdição do Consulado-Geral em Cochabamba não há registro recente de detenção do referido cidadão brasileiro.”
Os dois moravam em Brasileia, no interior do Acre, mas, segundo Aparecida, estavam no país vizinho em busca de emprego. “Estávamos abrigados na casa de um amigo e quando ele saiu de mototáxi foi abordado e levado pela polícia boliviana. Logo quando ele saiu de casa tinha acontecido um assalto na proximidade de onde ele estava passando e, por isso, foi abordado”, conta a esposa dele.
O delegado Tonini diz que ficou sabendo da possível prisão dele na Bolívia.
“Tem uma informação nesse sentido, inclusive a gente estava até em contato com a promotora porque a mãe foi na promotoria. A maior suspeita é que tenha sido guerra de facções, até porque ela diz que ele foi preso na Bolívia. A promotora está ciente disso, eu indiquei que a mãe dele fosse no consulado. Mas, na delegacia, não recebemos ele.”
Tonini falou que o local em que o corpo foi achado é do lado brasileiro e não na fronteira. “Prendemos um rapaz há uns dias e ele afirmou que o Chiquinho havia ido para a Bolívia escondido, porque ele estava com medo de morrer. Ele afirmou que juntos tinham matado duas pessoas e ele foi para a Bolívia com medo de morrer”, complementou.
A mãe do acreano, Francimare de Oliveira, chegou a fazer um vídeo fazendo um apelo às autoridades bolivianas para que ajudassem a localizar o filho. Ela afirmou que tinha um documento informando que Chiquinho havia sido deportado.
A família também procurou o Ministério Público do Acre (MP-AC), que acompanha o caso. Segundo a promotora Pauliane Mezabarba Sanches, o MP enviou, além das autoridades brasileiras, um ofício para a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal).